João Xavier de
Almeida:
“Entre Kardec e
Roustaing,
postas em
confronto a vida
e obra de cada
um, o simples
bom-senso não
permite sequer
hesitar”
Nascido em berço católico, nosso irmão João Pedro Fogaça Xavier de Almeida, original de Angola, venceu a desaprovação da familia e suas próprias convicções para se tornar espírita e trabalhar pelo Espiritismo. Ele que sonhou tanto com a independência de seu país por mais de 20 anos, se viu dissuadido pela espiritualidade, também através dos sonhos, a deixar sua terra natal e buscar novos caminhos. E foi nesse caminho novo chamado Portugal, onde vive há mais de 30 anos, que ele se encontrou com o verdadeiro Espiritismo, fato que modificou sua vida, como ele
próprio
afirma: “O
Espiritismo
trouxe-me
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serenidade e
nova
confiança
para
apreciar as
coisas, do
ponto de
vista quer
da minha
vida
particular
quer da vida
em geral, as
quais me
ensinam
serem
regidas por
dinamismos
sábios que
as
encaminham
irreversivelmente
para a total
harmonia e
plenitude”.
|
Trabalhador
assíduo da
Doutrina,
colaborou na
fundação de
Centros
Espíritas em
Lisboa,
uxiliando também
durante muitos
anos nos
trabalhos
espíritas na
região
metropolitana do
Porto.
Hoje, membro da
Comunhão
Espírita Cristã
de Rio Tinto,
distrito do
Porto, o
dedicado irmão é
peça importante
no
desenvolvimento
e divulgação do
Movimento
Espírita
Português.
Foi assim, com a
mesma boa
vontade e
dedicação
demonstrados ao
longo dos anos
pelo seu
trabalho, que
ele aceitou
falar aos
leitores de
O Consolador.
Numa
demonstração de
conhecimento e
humildade, expõe
seu ponto de
vista e fala
sobre aspectos
importantes e
polêmicos da
Doutrina,
dando-nos uma
grande
contribuição
para o nosso
bendito
aprendizado.
O CONSOLADOR:
João, onde você
nasceu?
– Em Malanje,
Angola,
ex-colônia
portuguesa
situada na
África
ocidental.
O CONSOLADOR:
Onde mora
atualmente?
– Na Vila Nova
de Gaia,
distrito do
Porto,
Portugal.
O CONSOLADOR:
Quando e por que
você se mudou
para Portugal?
– Deixei Angola
definitivamente
em 28 de outubro
de 1976, um ano
após a sua
independência,
pela qual,
aliás, ansiei
durante mais de
vinte anos, com
a intenção de lá
continuar sempre
a viver. Em
sonhos, na noite
de 4 para 5
daquele mês, fui
espiritualmente
dissuadido
disso.
O CONSOLADOR:
Qual é sua
formação
escolar?
– Cursei o
antigo Curso
Complementar dos
Liceus (onze
anos de
escolaridade.
O CONSOLADOR:
Que cargos ou
funções já
exerceu no
movimento
espírita?
– Trabalhador do
Grupo Espírita
Estrela do Mar
(em
Linda-a-Velha,
Lisboa),
co-fundador do
Cenáculo
Espírita Isabel
de Aragão (em
Queluz, Lisboa)
e do Grupo
Espírita Batuíra
(em Algés,
Lisboa). Membro
do Conselho
Diretivo da
Federação
Espírita
Portuguesa como
tesoureiro, de
1984 a 1990;
como
vice-presidente,
de 1991 a 1992,
e como
presidente de
1993 a 1998. Fui
também 2°
Secretário da
Comissão
Executiva do CEI
– Conselho
Espírita
Internacional,
de 1998 a 2001.
O CONSOLADOR: No
momento, qual é
sua atividade?
– Tendo
trabalhado, como
palestrante,
passista,
doutrinador,
atendedor, em
várias
instituições
espíritas, nas
áreas
metropolitanas
do Porto (1977 a
1982), de
Lisboa (1982 a
2002) e de novo,
desde 2002, no
Porto, onde atuo
atualmente na
Comunhão
Espírita Cristã,
de Rio Tinto,
distrito do
Porto.
O CONSOLADOR:
Quando você teve
seu primeiro
contacto com o
Espiritismo?
– A minha
primeira
aproximação ao
Espiritismo,
digamos assim,
tive-a com a
idade de 28
anos, em 1960,
através do
Racionalismo
Cristão, ou
Espiritismo
Científico
Cristão, sua
designação
inicial. Através
deste, sucedeu
meu primeiro
contacto com uma
médium muito
dotada e com sua
mediunidade,
coisas que até
aí desconhecia
totalmente. Em
1964-65, durante
uma estadia de
dez meses em
Portugal,
conheci o
Espiritismo
propriamente
dito, que ainda
não sabia
distinguir do
Racionalismo
Cristão. Com o
aprofundamento
do estudo, e com
a primeira
visita (que
ajudei a
organizar) de
Divaldo Franco a
Angola, em 1971,
comprometi-me
clara e
definitivamente
com o
Espiritismo e
seu incipiente
movimento em
Angola, e mais
tarde em
Portugal.
O CONSOLADOR:
Houve algum fato
ou circunstância
especial que
haja propiciado
esse contacto?
– Sim.
Curiosidade
originada por
relatos e
interrogações
duma familiar.
O CONSOLADOR:
Qual foi a
reação de sua
família?
– Reservada, ou
mesmo de
desaprovação.
Meu irmão mais
velho –
diferença de dez
anos - era
sacerdote
católico; minha
mãe era
profundamente
católica, assim
como a maioria
dos meus oito
irmãos e irmãs.
E eu próprio
fora, até 1959,
ativo militante
de instituições
católicas, como
as Conferências
Vicentinas e o
escutismo
católico.
O CONSOLADOR:
Dos três
aspectos do
Espiritismo -
ciência,
filosofia,
religião - qual
o que mais o
atrai?
– Considero-os
estreitamente
interligados,
indissociáveis
entre si.
Todavia, se
“obrigado” a
escolher um,
escolheria o
religioso, até
porque, no
conceito
espírita, ele
não prescinde
dos outros dois.
Isolada da
ciência e da
filosofia, a
vertente
religiosa do
Espiritismo
arriscaria
degradar-se em
superstição e em
dogmatismo
irracional. “O
Espiritismo
faz-me sentir
uma peça, entre
muitíssimas
outras, na
unidade dum
Universo
maravilhoso que,
ora doce ora
austeramente
(segundo a
percepção que
ainda nos
caracteriza), a
todos nós
constringe
amorosamente
para
aperfeiçoarmos a
consciência de
tudo isso.”
O CONSOLADOR:
Que autores
espíritas mais
lhe agradam?
– Kardec, Léon
Denis, Emmanuel
e André Luiz.
O CONSOLADOR:
Que livros
espíritas você
considera
indispensáveis
ao confrade
iniciante?
– O Livro dos
Espíritos, O
Evangelho
segundo o
Espiritismo e A
Caminho da Luz,
de Emmanuel.
O CONSOLADOR:
Se fosse passar
alguns anos num
lugar remoto,
com acesso
restrito à
atividade
espírita, que
livros
pertinentes à
doutrina você
levaria?
– O chamado
“Pentateuco” da
Codificação, os
quatro livros
evangélicos de
Emmanuel (Fonte
Viva, Pão Nosso,
Vinha de Luz e
Caminho, Verdade
e Vida) e os que
pudesse de André
Luiz, de Divaldo
Franco e de
Yvonne A.
Pereira.
O CONSOLADOR:
As divergências
doutrinárias no
meio espírita
reduzem-se a
poucos assuntos.
Um deles diz
respeito ao
chamado
Espiritismo
laico. Para
você, o
Espiritismo é
uma religião?
– Alicerçado em
Kardec,
considero o
Espiritismo
RELIGIÃO, na
mais pura
acepção do
termo:
religação da
criatura com seu
Criador. Mas não
o considero
uma religião
(em oposição ou
concorrência com
as outras).
O Espiritismo,
contrariamente
ao comum das
religiões,
reconhece a
utilidade e
necessidade de
todas elas na
trajetória
evolutiva do
Homem, e por
isso
respeita-as. A
Doutrina
Espírita,
enquanto
religião,
definindo-se
como uma
doutrina de
fé raciocinada,
apóia (e é por
eles apoiada) os
seus aspectos de
ciência e
filosofia, cuja
metodologia lhe
integra a
estrutura. É a
única a admitir
que “quando a
ciência prove
que está errado
um ponto da
doutrina
espírita,
deixemos esse
ponto e sigamos
com a ciência”.
O conceito
espírita de
religião (julgo
que pela
primeira vez na
História do
Ocidente)
concilia
perfeitamente
fé e razão,
tidas
anteriormente (e
muitas vezes,
ainda hoje) como
opostas e
inconciliáveis.
O CONSOLADOR:
Outro assunto
que suscita
debates
acalorados, pelo
menos no Brasil,
diz respeito à
obra de J. B.
Roustaing. Qual
a sua apreciação
dessa obra?
– Li “Os Quatro
Evangelhos” de
Roustaing há
mais de vinte
anos. O
desenvolvimento
da sua tese
principal
(“corpo fluídico
de Jesus”)
apresenta
manifestas
incoerências. A
obra, apesar de
ostentar o
subtítulo
ambicioso de
“Revelação da
Revelação”,
parece-me distar
muito do tom
sóbrio,
objetivo, muito
racional, dos
textos da
codificação
espírita,
impregnada de
alto sentido
didático-pedagógico,
supervisionada
pelo Espírito de
Verdade. Em
Roustaing, é
diferente:
fiquei com a
impressão de que
lhe subjaz
amiúde não a
intenção de
orientar e
instruir, mas,
antes, a de
forçar uma
suposta
compatibilidade
entre a doutrina
espírita e a
inflexibilidade
autoritária do
dogmatismo
romano.
Entre Kardec e
Roustaing,
postas em
confronto a vida
e a obra de cada
um, o simples
bom-senso não
permite sequer
hesitar. Por
outro lado, a
teoria do
suposto corpo
fluídico de
Jesus foi
dissecada por
Allan Kardec em
A Gênese
(Cap. XV, nºs 64
a 67), ficando
bem demonstrada
a sua
irrelevância, em
contraste com a
tese muito bem
defendida da
corporeidade
física do divino
Amigo.
Allan Kardec,
cidadão de
impecável porte
moral e cívico,
luzente
referência do
seu tempo nos
meios acadêmicos
da Cidade-luz,
tem um
impressionante
curriculum
missionário de
séculos. Para
não irmos mais
longe, na sua
existência como
João Huss
(1369-1415)
servira já com
distinção à
Causa do Cristo,
como lúcido
precursor da
Reforma
Protestante. E
Roustaing?...
De notar nesta
questão (entre a
corporeidade
física e a
fluídica de
Jesus), como em
todas, que o
Codificador
explana os
conceitos
objetiva e
serenamente, sem
beliscar a
dignidade do
opositor. Em
contraponto com
essa probidade
exemplar, já
temos visto
combater
Roustaing com
fogosidade e
paixão
impróprias da
Doutrina que
esposamos.
“Urge
intensificar-se
a renovação
íntima não só
dos
responsáveis espíritas como também de todos
os condutores espirituais da Humanidade”
O CONSOLADOR:
O terceiro
assunto em que a
prática espírita
às vezes diverge
está relacionado
com os chamados
passes
padronizados,
propostos na
obra de Edgard
Armond. Embora
saibamos que o
procedimento
mais comum seja
a imposição de
mãos, tal como
recomenda José
Herculano Pires,
qual a sua
opinião sobre o
assunto?
– Segundo o modo
como entendo a
prática da
Doutrina
Espírita,
prefiro a
sobriedade do
tipo de passe
recomendado por
J. Herculano
Pires. Joaquim
Alves, o saudoso
e modelar
espírita
brasileiro
(conhecido por
Jô, autor
artístico das
capas de alguns
livros de Chico
Xavier), advogou
e introduziu em
Portugal esse
mesmo tipo de
passe, que
tanto favorece o
potencial de
concentração
mental – esta
sim, fundamental
- de quem o
aplica, quando
em 1980 passou
vários meses em
Rio Tinto
(distrito do
Porto),
orientando a
recém-fundada
Comunhão
Espírita Cristã,
local.
Esta opinião não
desabona de modo
algum o passe
“padronizado” de
Edgard Armond e
suas variantes,
também muito em
uso no Portugal
espírita. Não
tenho intenção
nem credenciais
para lhes
contestar o
mérito,
parecendo-me
contudo, em
relação ao
primeiro, menos
próximo daquilo
que seria o
autêntico “passe
espírita”.
O CONSOLADOR:
Como vê a
discussão em
torno do aborto?
No seu modo de
ver as coisas,
os espíritas
deveriam ser
mais ousados na
defesa da vida,
como tem feito a
Igreja?
– Relativamente
ao aborto, a
doutrina
espírita é
objetiva e muito
clara, bem acima
de qualquer
pretensa
contestação. Já
a posição do
movimento
espírita
português,
quando da
campanha para o
referendo de
fevereiro/2007
sobre a
despenalização
do aborto, foi
por vezes bem
infeliz,
tristemente
próxima das
apaixonadas e
intolerantes
posições da
Igreja (honra se
faça à nobre
excepção de
várias
intervenções
católicas, como
a do teólogo
Frei Bento
Domingues, num
diário de grande
circulação em
Portugal).
Aos espíritas,
orientados pelo
seguro e
profundo ponto
de vista da
Codificação
sobre a matéria
em causa, cabe
divulgá-lo e
explicá-lo
sensatamente,
com o mesmo
equilíbrio e
circunspecção;
mas nunca
apaixonadamente,
nem nos moldes
do
fundamentalismo
eclesiástico,
nem esquecendo
que infelizmente
se trata duma
prática ainda
muito freqüente
na sociedade
portuguesa,
agravada muitas
vezes pelas
precárias
condições
sanitárias e
sociais da
clandestinidade.
Sabendo-se que o
aborto abala
fortemente a
sensibilidade
feminina de quem
o praticou,
mesmo que por
opção
deliberada, e
que muitas
cidadãs, por
essa razão,
eventualmente
procuram, junto
de publicações
ou instituições
espíritas,
alívio para a
cruel pressão
anímica que não
esperavam, seria
desumano e
anticristão
revolver-lhes a
ferida com a
severidade de
termos e de tom
acusatório, em
vez de
confortar,
esclarecer e
incentivar à
renovação.
Ninguém se
atreveria a
dizer que Jesus
defendeu o
adultério. No
entanto,
solícito e
compassivo, o
Bom Pastor
“despenalizou” a
mulher adúltera:
não só não a
condenou como
também
sabiamente
dissuadiu disso
os acusadores;
e, mais ainda,
confortou a
acusada e
incentivou-a à
renovação, tal
como já
incentivara os
acusadores à
reflexão e
renovação,
fazendo-os
dispersar
cabisbaixos.
O CONSOLADOR:
A eutanásia é
uma prática que
não tem o apoio
da doutrina
espírita. Kardec
e outros
autores, como
Joanna de
Ângelis, já se
posicionaram
sobre esse tema.
Ultimamente,
porém, surgiu a
idéia da
ortotanásia,
defendida até
por médicos
espíritas. Qual
a sua opinião?
– A ortotanásia
distingue-se
nitidamente da
eutanásia, quer
passiva quer
ativa. Na
perspectiva
jurídica, os
especialistas
apontam-lhe
bastante
complexidade; e
na perspectiva
ética
verifica-se o
mesmo, embora a
idéia vá
colhendo adesões
entre espíritas.
Como estou longe
de possuir
autoridade na
matéria, julgo
prudente
manter-nos na
expectativa de
novos dados,
assim como de
ler e estudar
mais sobre o
assunto.
O CONSOLADOR:
O senhor tem
contacto com o
movimento
espírita
brasileiro?
Considera-o
atuante, ou
falta nele algo
que favoreça uma
melhor
divulgação da
doutrina?
– O meu
conhecimento do
movimento
espírita
brasileiro está
longe de ser tão
vasto como eu
gostaria, no meu
próprio
interesse. Tem
no entanto
alguma
expressão, pois
desde 1989 até
2003 visitei
quase anualmente
o Brasil, onde
freqüentei
vários eventos
espíritas
nacionais ou
internacionais,
estes promovidos
pelo CEI. Além
disso recebo há
anos,
regularmente,
duas publicações
mensais
brasileiras:
“Folha Espírita”
e “Revista
Internacional de
Espiritismo”;
assino, ainda, a
revista
trimestral
“Presença
Espírita” e leio
ocasionalmente
outras
publicações
brasileiras,
impressas e
eletrônicas.
Claro que o
grande país
irmão encara
dificuldades e
problemas,
talvez mesmo
graves, no seu
movimento
espírita.
Contudo, o pouco
que deste
conheço
suscita-me
grande apreço e
admiração no
tocante à
organização,
conhecimento,
estudo e
pesquisa,
quantidade e
qualidade de
valores
individuais,
vasta e rica
documentação
histórica,
profundo sentido
evangélico,
vitalidade,
intervenção,
criatividade…
Sem exagero,
vejo no Brasil a
potente
locomotiva do
Espiritismo
mundial, que
realmente é, mas
com simplicidade
e toda a
naturalidade,
quase sem dar
conta de que o
é.
De modo nenhum
concordo com a
colocação que
acusa o
movimento
espírita
português de
sujeição e
subalternidade
ao seu congênere
brasileiro.
Acontece é que
temos ainda
muito que
crescer,
aprender e agir,
para alcançarmos
(na proporção
relativa) a
capacidade
atuante e
interventiva que
o Espiritismo já
adquiriu na
sociedade
brasileira,
projetando-se
muito além das
suas fronteiras.
Cabe-nos a
sensatez de
usufruirmos
reconhecidos a
experiência
riquíssima,
providencial,
que nos é
facultada pelo
movimento
espírita do
fraterno gigante
sul-americano,
bafejado, em
acréscimo, pelas
mais risonhas
perspectivas
futuras.
O CONSOLADOR:
A preparação do
advento do mundo
de regeneração
em nosso planeta
já deu, como
sabemos, seus
primeriros
passos. Daqui a
quantos anos
você acredita
que a Terra
deixará de ser
um mundo de
expiação e de
provas, passando
plenamente à
condição de
mundo de
regeneração, em
que, segundo
Santo Agostinho,
a palavra amor
estará escrita
em todas as
frontes e uma
equidade
perfeita
regulará as
relações
sociais?
– Sim, creio
sinceramente ir
avançado o
amadurecimento
para a etapa
“mundo de
regeneração”,
visto que
abundam os
projetos em
curso,
nitidamente
inspirados pela
Providência
Divina, de
solidariedade e
fraternidade
entre os homens
e entre as
nações, sob
variadíssimas
formas. Creio
também que a
vaga solidária e
fraterna de
filantropia, que
percorre o mundo
e o comove, terá
de alastrar e
mobilizar muito
mais
consciências
ainda hesitantes
em desapegar-se
do “homem
velho”. Elas
finalmente se
decidirão sob o
impacto violento
de prováveis
grandes
derrocadas
físicas e
sociais que
abalarão a
Humanidade,
patenteando-lhe
a oca vaidade
dos valores
falsos que
teimamos em
cultivar.
Como simples
conjectura, sem
apoio de rigor
lógico, diria
que o fenecer
deste século
poderá cantar
hosanas ao
franco alvorecer
da Terra
Prometida, o
novo planeta
regenerador.
O CONSOLADOR: Em
face dos
problemas que a
sociedade
terrena está
enfrentando,
qual deve ser a
prioridade
máxima dos que
dirigem
atualmente o
movimento
espírita?
– Tal prioridade
resumir-se-ia
numa palavra:
renovação.
Urge
intensificar-se
a renovação
íntima não só
dos responsáveis
espíritas como
também de todos
os condutores
espirituais da
Humanidade; em
definitivo
despertarem eles
próprios, todos,
para os valores
eternos do
espírito (não os
proclamarem
apenas durante
as escassas
horas semanais
dos seus
respectivos atos
de culto);
despojarem-se de
vez de todos os
tiques do homem
velho (que jazem
ocultos ou
patentes na
nossa mente),
deixando atuar a
pureza do homem
novo que o
Cristo nos veio
propor
à consciência.
Isso elevará a
tônica
vibratória de
uma grande parte
da sociedade
humana,
generalizando o
conhecimento de
si mesmo, da
Verdade que
liberta. E só
assim
alcançaremos uma
vibração íntima
compatível com a
freqüência
vibratória do
“novo Céu e da
nova Terra”
preconizados no
Apocalipse. De
outra forma,
careceremos de
sintonia para lá
termos lugar. |