A dor é uma
bênção que Deus
envia aos seus
eleitos. Não vos
aflijais,
portanto, quando
sofrerdes, mas,
pelo contrário,
bendizei a Deus
todo-poderoso,
que vos marcou
com a dor neste
mundo, para a
glória no céu (O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
capítulo IX,
item 7).
Não há vida que
possa ser
contada sem
sofrimento. No
entanto, muitas
histórias de
vida indicam
como enfrentar e
interpretar o
sofrimento,
declarando que
existe uma
saída, que não é
“um lugar”, mas
um despertar
interior para a
ativação de uma
virtude
substancial: a
paciência, que
nos ensina a
capacidade de
suportar.
Sim, o tempo da
paciência é
muito valioso.
Ciente de que
não há penas
eternas, o tempo
da paciência é
transitório,
embora, muitas
vezes, não possa
ser medido pelo
relógio ou pelo
calendário. Não
é um tempo
festivo, mas um
tempo comprido.
Um tempo
exigente de
coragem,
entendida pelo
velho Platão
como a virtude
da
“auto-salvação”.
Entretanto, de
maneira
equivocada,
quando
experimentamos a
dor, no geral, o
que fazemos?
Depositamos
sobre ela a
atitude da
revolta,
desânimo e
ingressamos no
desespero...
Desse modo,
ajuntamos
sofrimento ao
sofrimento e
isso se torna
insuportável.
Ao que sofre é
pedido
paciência. “Não
vos aflijais”,
solicita o
Espírito amigo,
pois a paciência
é uma virtude
subordinada à
fortaleza, que
habilita o
sofredor a
suportar a prova
para aprender a
atravessá-la,
caso exerça a
lição do Cristo:
“ao dia basta a
sua própria
aflição”. Ou
seja, a cada dor
basta a sua dor.
Não é preciso
acrescentar mais
nada. Um passo a
cada dia para
sempre avançar.
Mas quem nos
cega o
entendimento em
relação ao
sofrimento? A
falta de fé.
Poderosa é a fé
para combater o
desânimo ou a
cólera nas
épocas difíceis.
Poderosa é a fé
para nos
ensinar,
enquanto durar a
penosa
travessia, a
singela
resignação, que
“é o
consentimento do
coração”, dita
por Lázaro, no
Evangelho do
Cristo. Poderosa
é a fé para nos
conduzir à prece
que nos dará
consolação.
Normalmente, as
provações pelas
quais passamos,
e sempre de
acordo com
nossas
capacidades
pessoais, são
também testes
valiosos que
verificam se
realmente
estamos
identificados à
prática sincera
de melhora, pois
peregrinos na
Terra, ou se
estamos aflitos
em razão do
apego aos bens
terrenos. “Não
vos canseis pelo
ouro”, pediu
Jesus. Isso só
nos causará o
mal sofrer,
inútil ao
progresso do
Espírito.
“A dor é uma
bênção que Deus
envia aos seus
eleitos”. O
Espírito amigo
se refere aqui
ao “eleito”.
Portanto, ele
lança o bálsamo
àqueles que
procuram
praticar o bem,
além de evitar o
mal, pois
confiam
plenamente no
aviso de Jesus:
“meu Reino não é
deste mundo”.
“Bem-aventurados
os pobres, os
aflitos, os que
choram, porque
deles é o Reino
dos Céus!”
consola-nos
Jesus no início
do seu magnífico
Sermão. Desse
modo, o homem
que espera em
Deus, “vê nos
sofrimentos o
resgate de suas
faltas, o meio
de se purificar
da corrupção”,
explica Cairbar
Schutel.
E se a esperança
é o lenitivo dos
aflitos, a fé, a
força que ativa
a coragem para a
superação da
dor, a paciência
é o escudo que
protegerá aquele
que sofre dos
efeitos nocivos
da cólera ou da
ingrata revolta,
dando-lhe
mansidão para a
luta de cada
dia. Além disso,
fazer a difícil
travessia é dar
um passo novo no
desenvolvimento
da humanização,
é disciplinar o
“homem velho”
para que o justo
testemunho da
prova não se
perca no
caminho...
Para nossa paz
interior,
compreendamos
que o caminho
que nos levará à
felicidade
absoluta obedece
à “longa via do
ser” e, em
muitas
circunstâncias,
reivindicará, de
nossa parte, uma
ação resignada,
pois não há
atalhos. Então,
confiemos e
cultivemos a
preciosa
paciência.
Fontes:
Kardec, Allan.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo.
Tradução de J.
Herculano Pires.
14 ed., São
Paulo: FEESP,
1998. Capítulo
IX, Itens 7 e 8.
Schutel,
Cairbar.
Parábolas e
Ensinos de Jesus.
21. ed.,
Matão/SP: O
Clarim, 2006, p.
158.