ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Paulo César me pergunta:
“Se o homem viveu antes,
por que não se lembra de
suas existências
anteriores?”
Não temos durante a
existência corpórea
lembrança do que fomos e
do que fizemos nas
anteriores existências,
mas possuímos disso a
intuição, sendo as
nossas tendências
instintivas uma
reminiscência do
passado.
Não fossem a nossa
consciência e a vontade
que experimentamos de
não reincidir nas faltas
já cometidas, seria
difícil resistir a tais
pendores. A aptidão para
essa ou aquela
profissão, a maior ou
menor facilidade nessa
ou naquela disciplina,
as inclinações
interiores – eis
elementos que não teriam
justificativa alguma se
não existisse a
reencarnação.
Com efeito, se a alma
fosse realmente criada
junto com o corpo da
criança, as pessoas
deveriam revelar igual
talento e idênticas
predileções, mas não é
isso que vemos.
No esquecimento das
existências anteriores,
sobretudo quando foram
amarguradas, há algo de
providencial e que
atesta a bondade e a
sabedoria do Criador.
Tal como se dá com os
sentenciados a longas
penas, todos nós
desejamos apagar da
memória os delitos
cometidos e felizes
ficamos quando a
sociedade não os conhece
ou os relega ao
esquecimento. A razão
desse desejo é fácil de
explicar.
Dá-se o mesmo com
relação à volta do
Espírito a uma nova
existência corpórea.
Freqüentemente – ensina
o Espiritismo –
renascemos no mesmo meio
em que já vivemos e
estabelecemos de novo
relações com as mesmas
pessoas, a fim de
reparar o mal que lhes
tenhamos feito. Se
reconhecêssemos nelas
criaturas a quem
odiamos, talvez o ódio
despertasse outra vez em
nosso íntimo, e, ainda
que tal não ocorresse,
sentir-nos-íamos
humilhados na presença
daquelas a quem
houvéssemos prejudicado
ou ofendido.
Evidentemente, o
esquecimento do passado
– que constitui uma
regra nos processos
reencarnatórios – não se
estende à vida
espiritual, em que
recobramos a memória das
peripécias passadas de
acordo com a necessidade
de que isso se dê, o que
revela mais uma vez a
bondade do Pai para com
seus filhos.