Em carta você pergunta,
Minha irmã Zina Belém,
O que se pensa do aborto
Na vida do Grande Além.
Desejaria falar
Em verbo claro e
graúdo!...
Só sei dizer que onde
moro
Aborto complica tudo.
Muitos prometem dar
corpo
A credores e a colegas.
Nascem, crescem... Mas
depois,
Caminham vivendo às
cegas.
Espíritos recusados
Na fúria louca em que
estão
Promovem desequilíbrio,
Conflito, perturbação.
E a Lei que tudo corrige
Perante o aborto ilegal
Entrega o problema à dor
Extraindo o bem do mal.
Pode crer: mancha de
culpa
Na roupa do pensamento,
Somente desaparece
Com o sabão do
sofrimento.
Olhe a tragédia de
Ertúzia
Prometeu corpo a
Joaquim,
Fugiu do trato, mas hoje
Sofre doenças sem fim.
Téo praticou muito
aborto,
Em pobres moças da roça,
Depois entrou na bebida,
Caindo de fossa em
fossa.
Dona Helena do Lagedo
Fez os abortos que quis,
Morreu e tornou à Terra
Doente, triste e
infeliz.
Lili fez muitos
abortos...
Desencarnou em Portela..
Quer nascer... Pede
socorro,
Mas o povo corre dela.
Outra arrasava os
pequenos
A jorros de água
fervente,
E Tuta que, alucinada,
Só vê crianças à frente.
Belinha nasceu no mundo
Para dar corpo ao
Libório,
Depois de expulsá-lo a
ferros,
Rumou para o sanatório.
Por aborto, lá se foi
Aninha do Desidério...
Da parteira Dona Cissa
Passou para o
necrotério.
Tina expulsou quatro
vezes,
O espírito de João Róssi,
Logo após, caiu de cama,
Morreu de câncer
precoce.
Teotônia fez vinte
abortos
Em várias moças da
Estaca...
Morreu e voltou ao mundo
Trazendo a cabeça fraca.
Amargosa provação
A de Ninhanha Ventura,
Seis abortos, seis
problemas,
Obsessão e loucura.
Muito espírito conheço
Que sonhava paz e amor,
Que não podendo ser
filho
Tornou-se perseguidor.
Cada qual é responsável
No amor que aceita ou
que alcança;
Compromisso a cada um,
Mas que se poupe a
criança.
Maternidade é tarefa,
Luminoso compromisso,
Um filho é bênção de
Deus,
Não proteste, pense
nisso.
Quando o aborto é
indispensável
Tem a justa explicação,
Mas fora desse caminho
Aborto é perturbação.
Minha irmã, fuja do
aborto,
Se um filho é a bênção
que levas...
Aborto desnecessário
É sempre cousa das
trevas.
Do livro
Retratos da Vida,
cap. 13, ditado pelo
Espírito de Cornélio
Pires, psicografado pelo
médium Francisco Cândido
Xavier.