B. Diz Allan Kardec que
há no Espiritismo duas
partes. Quais são elas e
o que representam?
Uma é a parte
experimental, que se
relaciona com o
fenômeno. A outra é a
doutrina filosófica. Há
pessoas que nada viram
e, no entanto, crêem
apenas pelo estudo que
fizeram da parte
filosófica. Para elas, o
fenômeno das
manifestações é
acessório. O fundo é a
doutrina, a ciência, a
que melhor resolve uma
multidão de problemas
antes considerados
insolúveis. (Obra
citada, capítulo I,
Segundo Diálogo, pág.
119.)
C. Costuma-se dizer,
naturalmente: filosofia
de Platão, doutrina de
Marx, concepção de
Hegel. Podemos também
chamar o Espiritismo de
doutrina kardecista
ou kardecismo?
Há entre o Espiritismo e
outros sistemas
filosóficos uma
diferença capital: estes
são todos obra de homens
mais ou menos
esclarecidos, ao passo
que o Espiritismo é obra
dos Espíritos, na qual
Kardec não tem o mérito
da invenção de um único
princípio. Podemos,
pois, dizer: a filosofia
de Platão, de Descartes,
de Leibnitz, mas nunca
se poderá dizer: a
doutrina de Allan
Kardec, o que torna
impróprio o vocábulo
kardecismo e
inadequada a expressão
doutrina
kardecista. (Obra
citada, capítulo I,
Segundo Diálogo, págs.
119 e 120.)
D. Se Allan Kardec
afirma que o Espiritismo
respeita as convicções
sinceras e não procura
forçar ninguém a crer na
Doutrina Espírita, por
que sua preocupação em
combater o materialismo?
Ao combater o
materialismo, Kardec não
ataca pessoas, mas uma
doutrina que, quando
generalizada,
constitui-se numa chaga
social. Com efeito, a
negação do futuro, a
simples dúvida sobre
outra vida, são os
maiores estimulantes do
egoísmo, origem da
maioria dos males da
Humanidade. Com o
materialismo, a
caridade, a fraternidade
e a moral ficam sem base
alguma, sem nenhuma
razão de ser, donde a
máxima altamente
perniciosa para o futuro
de todos: “Cada um por
si durante a vida
terrena, porque com ela
tudo se acaba”. (Obra
citada, capítulo I,
Terceiro Diálogo, págs.
126 e 127.)
Texto para leitura
78. Nos mundos
superiores ao nosso
planeta, a lembrança do
passado nada tem de
penosa; eis por que seus
habitantes se recordam
da sua existência
precedente, como nós nos
recordamos hoje do que
fizemos ontem. (Cap. I,
Segundo Diálogo, pág.
117.)
79. Os elementos de
convicção não são os
mesmos para todos; o que
convence a uns, não
produz impressão alguma
em outros; assim sendo,
é preciso um pouco de
tudo. É, porém, um
engano crer que as
experiências físicas
sejam o único meio de
convencer. (Cap. I,
Segundo Diálogo, pág.
118.)
80. A Sociedade
Parisiense de Estudos
Espíritas era uma
sociedade científica,
como tantas outras, que
se ocupava de aprofundar
os diferentes pontos da
ciência espírita e
procurava esclarecer-se;
era o centro para o qual
convergiam ensinos
colhidos em todas as
partes do mundo e onde
se elaboravam e
coordenavam questões
relacionadas com o
progresso da Ciência.
(Cap. I, Segundo
Diálogo, pág. 120.)
81. A Sociedade não
convidava ninguém para
assistir às suas
sessões. Como não fazia
demonstrações com o fim
de satisfazer
curiosidades, ela
afastava com cuidado os
curiosos. (Cap. I,
Segundo Diálogo, pág.
121.)
82. Se o Espiritismo é
uma quimera, ele cairá
por si mesmo; se o
perseguem é porque o
temem, e só uma coisa
séria pode causar temor.
Se, ao contrário, é uma
realidade, então está em
a Natureza, e ninguém
com um traço de pena
pode revogar uma lei
natural. (Cap. I,
Segundo Diálogo, pág.
121.)
83. O Espiritismo não
tem sua fonte entre os
homens; ele é obra dos
Espíritos, que não podem
ser queimados nem
encarcerados. Se
chegassem a destruir
todos os livros
espíritas, os Espíritos
ditariam outros. (Cap.
I, Segundo Diálogo, pág.
122.)
84. O Espiritismo tem
por fim combater a
incredulidade e suas
funestas conseqüências,
fornecendo provas
patentes da existência
da alma e da vida
futura. Ele se dirige,
pois, àqueles que em
nada crêem ou que de
tudo duvidam. (Cap. I,
Terceiro Diálogo, pág.
123.)
85. O Espiritismo não se
impõe a pessoa alguma e
não vem forçar nenhuma
convicção. A seus olhos,
toda crença, quando
sincera e não permita ao
homem fazer mal ao
próximo, é respeitável,
mesmo que seja errônea.
(Cap. I, Terceiro
Diálogo, pág. 123.)
86. Injúria e calúnia
foram lançadas contra a
Doutrina e os espíritas
desde os seus
primórdios. Do alto do
púlpito, os espíritas
foram qualificados de
inimigos da sociedade e
da ordem pública,
anatematizados e
rejeitados pela Igreja,
além de perseguidos até
em suas relações
afetivas e
profissionais. E isso
ocorreu no mundo todo.
(Cap. I, Terceiro
Diálogo, pp. 124 e 125.)
87. O Espiritismo era
apenas uma simples
doutrina filosófica; foi
a Igreja quem lhe deu
maiores proporções,
apresentando-o como
inimigo formidável; foi
ela, enfim, quem o
proclamou nova religião.
(Cap. I, Terceiro
Diálogo, pág. 126.)
88. A crença na vida
futura, mostrando a
perpetuidade das
relações entre os
homens, estabelece entre
eles uma solidariedade
que não se quebra na
tumba; desse modo, essa
crença muda o curso das
idéias. (Cap. I,
Terceiro Diálogo, pág.
127.)
89. Se a religião ensina
o bastante, por que
existem tantos
incrédulos? Ela prega, é
verdade; ela nos manda
crer, mas há muita gente
que não crê por simples
afirmação. O Espiritismo
prova e faz ver o que a
religião ensina em
teoria. (Cap. I,
Terceiro Diálogo, pág.
127.)
(Continua na próxima
edição.)