F. ALTAMIR DA
CUNHA
altamir.cunha@bol.com.br
Natal, Rio
Grande do Norte
(Brasil)
Morte e
desencarnação
Se
considerarmos a morte como o fenômeno de
paralisação da vida no corpo físico, e
desencarnação o fenômeno da libertação
das influências magnéticas geradas entre
o corpo e o Espírito
−
conforme nos ensinam os mentores
espirituais, podemos afirmar que morrer
e desencarnar são fenômenos que nem
sempre acontecem simultaneamente. Entre
eles é exigido um intervalo de tempo,
que varia para cada Espírito. Esse
intervalo pode ser mais ou menos longo,
dependendo do tipo de vida que ele teve
quando no corpo físico.
A mente
é instrumento poderoso que, através do
pensamento, imprime no perispírito
(corpo fluídico) as marcas profundas ou
superficiais em forma de dependências
maiores ou menores, que não serão
extintas de imediato com o fenômeno da
morte. Dessa forma, cada Espírito, após
o fenômeno da morte, irá se deparar com
a prisão ou a liberdade a que fez jus
como resultado da indisciplina ou
disciplina mental que cultivou durante a
experiência corporal.
“Impressões
longamente fixadas, e sensações vividas
com sofreguidão, assinalam profundamente
os tecidos sutis do perispírito, impondo
necessidades e dependências que a morte
não logra de imediato interromper”.
(Temas da Vida e da Morte
−
Manoel Philomeno de Miranda / Divaldo
Pereira, p. 89.)
A
desencarnação pode para alguns ser
rápida, proporcionando uma certa
liberdade, até mesmo antes de sua
consumação. Mas vale lembrar que esse
fenômeno é uma conquista apenas dos
Espíritos que souberam aproveitar a
encarnação, transformando-a em
instrumento importante para a sua
evolução espiritual, não se deixando
escravizar pelos excessos. Estes
excessos, de acordo com os mentores
espirituais, poderão ser transformados
em viciações, que geram dependência e
sofrimento.
Entretanto, são muitos os negligentes
que vivem como se a vida no corpo físico
fosse eterna, procurando nos excessos e
viciações a plenitude do prazer; como
resultados, criam fortes impressões e
laços magnéticos, dos quais não se
libertam de imediato. Somente alcançarão
a libertação depois de um intervalo de
tempo, proporcional ao tempo de
dependência.
Novamente, Manoel Philomeno de Miranda,
na já referida obra, à página 78,
afirma: “Tendo-se em vista que o
homem procede do mundo espiritual, a
morte é o veículo que o reconduz à
origem, onde cada qual ressurge com as
características definidoras das suas
conquistas”.
Essas
conquistas não são apenas com relação ao
que marcamos em nós, como resultado das
virtudes cultivadas, mas principalmente
das marcas que o nosso orgulho imprime
em outras vidas (outras criaturas).
A
sintonia com a lei de amor gera a
libertação dos liames gravados pela vida
física. Porém, não podemos esquecer que
a vida tem outros mecanismos naturais,
além dos que se refletem pela lei de
amor. O sofrimento resignado, por
exemplo, é instrumento de valor
inestimável por facultar as
possibilidades de mudanças nos painéis
mentais, tornando menos densos os laços
magnéticos que prendem o Espírito ao
corpo.
De
acordo com o Mestre Jesus, cada um
receberá segundo as suas obras;
conseqüentemente, o intervalo de tempo
entre a morte biológica e a
desencarnação tem relação direta com o
gênero de vida (pensamentos e ações
praticadas) do Espírito, enquanto
encarnado.