Claudia Werdine:
“Temos o dever e
a
responsabilidade
de sermos
exemplos vivos
dos
ensinamentos de
Jesus e do
Cristianismo
redivivo”
A carioca
Claudia Maria
Affonso Teixeira
Werdine fala da
Doutrina
Espírita com
muito amor e
carinho.
Professora por
formação e
espírita há mais
de três décadas,
ela parece estar
lecionando
quando nos
apresenta
conclusões
coerentes e
amorosas sobre a
Doutrina
codificada por
Kardec e suas
implicações nas
vidas das
pessoas que
professam o
Espiritismo.
Residindo em
Viena, Áustria,
há cerca de seis
anos, Cláudia já
atuou como
médium,
evangelizadora e
diretora de
centros
espíritas no
Brasil.
Atualmente, é
evangelizadora
na Sociedade de
Estudos
Espíritas Allan
Kardec em Viena,
além de ser
vice-coordenadora
do Departamento
Infanto-Juvenil–
Coordenadoria
|
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Europa,
órgão
vinculado ao
Conselho
Espírita
Internacional,
e
correspondente
na Europa da
revista
O Consolador,
da qual é
também
articulista.
|
Para ela, a
divulgação da
Doutrina
Espírita no
Brasil se dá de
forma
satisfatória.
Quanto aos
problemas que
nosso país
enfrenta,
sobretudo no
tocante à
violência e à
criminalidade,
sua opinião é
muito clara.
“Somente através
da educação
moral, ou seja,
da formação de
hábitos sadios,
é que
conseguiremos
reverter essa
situação tão
triste”, diz
Cláudia. “Nossa
participação é
primordial, pois
temos o dever e
a grande
responsabilidade
de sermos
exemplos vivos
dos ensinamentos
de Jesus e do
Cristianismo
Redivivo."
Eis a seguir a
entrevista que
ela nos
concedeu.
O Consolador:
Onde você
nasceu?
–
Nasci na cidade
do Rio de
Janeiro.
O Consolador:
Que motivo a
levou a morar em
Viena?
–
Minha família
mudou-se para
Viena em 2001,
pois meu marido
foi trabalhar na
Agência
Internacional de
Energia Atômica,
órgão vinculado
à ONU.
O Consolador:
Qual a sua
formação?
–
Desde pequena
sempre quis ser
professora e
este foi o curso
que concluí.
O Consolador:
Que cargos ou
funções você já
exerceu no
movimento
espírita?
–
Iniciei minhas
atividades na
Doutrina
Espírita após
concluir todos
os estudos
solicitados pela
instituição que
eu freqüentava.
Trabalhei como
médium,
evangelizadora,
instrutora do
Curso de
Gestantes e
também
secretária da
Diretoria da
Fundação
Espírita Dr.
Bezerra de
Menezes, em
Angra dos Reis
(RJ). No mesmo
local, após
alguns anos,
passei a ser
diretora do
Departamento de
Infância e
Juventude, e
fiquei nessa
função até
transferir-me
para Viena.
Gostaria de
aproveitar a
oportunidade
para agradecer
aos amigos da
FEBEME, pois
eles foram
fundamentais em
minha vida e
moram em meu
coração.
O Consolador:
Que cargo você
vem exercendo no
momento?
–
No momento sou
evangelizadora
na Sociedade de
Estudos
Espíritas Allan
Kardec em Viena
e
vice-coordenadora
do Departamento
Infanto-Juvenil
– Coordenadoria
Europa, ou seja,
DIJ Europa,
órgão criado
pelo Conselho
Espírita
Internacional em
setembro de
2006, na
Holanda.
O Consolador:
Quando você teve
contato com o
Espiritismo?
Houve algum fato
ou circunstância
especial que
tenha propiciado
esse contato
inicial?
–
Sempre fui
simpatizante do
Espiritismo,
pois meu irmão
era orador de
uma instituição
espírita chamada
Grupo Redenção,
localizada no
Rio de Janeiro,
e eu gostava
muito de ouvir
suas palestras.
Mas eu não tinha
nenhum
compromisso com
a Doutrina. Em
1986, conheci
Humberto, meu
marido, que
viria a ser o
grande
responsável pelo
meu ingresso
definitivo no
Espiritismo, já
que ele era
trabalhador
ativo do Grupo
Espírita Dr.
Bezerra de
Menezes, que
funcionava num
Centro Ecumênico
e mais tarde se
transformaria na
Fundação
Espírita Dr.
Bezerra de
Menezes – FEBEME,
onde trabalhamos
até nos
transferirmos
para Viena.
O Consolador:
Qual foi a
reação de sua
família ante sua
adesão à
Doutrina
Espírita?
–
Para minha
família não
houve problema
algum, pois,
como eu disse,
meu irmão já era
trabalhador de
uma Casa
Espírita, onde
também tive a
oportunidade de
aprender muito.
O Consolador:
Dos três
aspectos do
Espiritismo –
científico,
filosófico e
religioso – qual
é o que mais a
atrai?
–
Para mim todos
os aspectos são
igualmente
importantes, mas
me sinto mais
atraída pelo
aspecto
religioso, pois
tenho em Jesus o
exemplo maior
que nos fornece
a base para
sermos
verdadeiramente
espíritas.
O Consolador:
Que autores
espíritas mais
lhe agradam?
–
Existe uma
grande
quantidade de
autores
espíritas que
considero
excelentes, mas
aprecio
imensamente os
livros de
Emmanuel, André
Luiz, Yvonne do
Amaral Pereira e
as belíssimas
mensagens de
Meimei .
O Consolador:
Que livros
espíritas você
considera de
leitura
indispensável
aos confrades
iniciantes?
–
Em primeiro
lugar, o Livro
dos Espíritos e
em seguida todos
os outros livros
da Codificação,
único roteiro
seguro que nos
capacita a
sabermos
distinguir o que
é certo ou
errado dentro da
imensidão de
obras espíritas
que existem na
atualidade,
visto que, como
dizia Paulo de
Tarso: “Tudo me
é lícito, mas
nem tudo me
convém”.
O Consolador: Se
você fosse
passar alguns
anos num lugar
remoto, com
acesso restrito
às atividades e
trabalhos
espíritas, que
livros
pertinentes à
Doutrina
Espírita você
levaria?
–
As obras da
Codificação, de
Emmanuel, André
Luiz e vários
livros sobre
Educação
Infantil.
O Consolador: As
divergências
doutrinárias em
nosso meio
reduzem-se a
poucos assuntos.
Um deles diz
respeito ao
chamado
Espiritismo
laico. Para
você, o
Espiritismo é
uma religião?
–
Partindo-se do
princípio que
todos somos
Espíritos em
diversos graus
de evolução, é
natural que as
divergências
ocorram, visto
que cada um
entende a
Doutrina de
acordo com sua
capacidade, mas
o importante é
respeitarmos os
diferentes
pontos de vista,
pois o
Espiritismo não
é dogmático e
nos ensina que
somos dotados de
livre-arbítrio.
Para mim o
Espiritismo é
uma religião,
pois sem a
presença doce e
amorosa dos
ensinamentos de
Jesus todos os
outros aspectos
se tornam vazios
e incompletos.
O Consolador:
Outro tema que
suscita
geralmente
debates
acalorados, diz
respeito à obra
publicada na
França por J. B.
Roustaing. Qual
é sua apreciação
dessa obra?
–
Infelizmente não
posso opinar a
respeito, pois
não li a
referida obra.
O Consolador: O
terceiro assunto
em que a prática
espírita às
vezes diverge
está relacionado
com os chamados
passes
padronizados,
propostos na
obra de Edgard
Armond. Embora
saibamos que a
opção da maioria
dos espíritas
brasileiros seja
tão-somente a
imposição das
mãos tal como
recomenda J.
Herculano Pires,
qual é sua
opinião a
respeito?
–
Concordo
plenamente com a
recomendação de
J. Herculano
Pires, pois
verifico que,
infelizmente,
muitos
trabalhadores
desta tarefa
ficam tão
preocupados com
técnicas e
procedimentos
que se esquecem
do requisito
principal, o
AMOR.
O Consolador:
Como você vê a
discussão em
torno do aborto?
No seu modo de
ver as coisas,
os espíritas
deveriam ser
mais ousados na
defesa da vida,
como tem feito a
Igreja?
–
Em minha
opinião, para
nós, espíritas,
não restam
dúvidas com
relação à
prática do
aborto, pois,
segundo nos
informam os
Espíritos (O
Livro dos
Espíritos,
questão 358),
“há sempre crime
quando se
transgride a Lei
de Deus”. Pelo
que pude
observar durante
minha recente
visita ao
Brasil, os
espíritas estão
extremamente
engajados nas
campanhas contra
o aborto.
O Consolador: A
eutanásia, como
sabemos, é uma
prática que não
tem o apoio da
Doutrina
Espírita. Kardec
e outros
autores, como
Joanna de
Ângelis, já se
posicionaram
sobre esse tema.
Surgiu, no
entanto,
ultimamente a
idéia de
ortotanásia,
defendida até
mesmo por
médicos
espíritas. Qual
a sua opinião a
respeito?
–
É muito difícil
e delicado
opinar sem ter
os conhecimentos
médico-científicos
necessários, mas
penso que, como
o corpo físico
somente tem vida
com a presença
do Espírito, na
minha opinião
não
conseguiremos
nunca manter um
Espírito preso
ao corpo,
através de
máquinas, visto
que isso
significaria um
domínio da
tecnologia sobre
o Espírito.
O Consolador: O
movimento
espírita em
nosso país lhe
agrada ou falta
algo nele que
favoreça uma
melhor
divulgação da
Doutrina?
–
É claro que o
movimento
espírita no
Brasil me
agrada,
principalmente
agora que resido
no exterior e me
deparo com
inúmeras
dificuldades,
buscando sempre
no Brasil os
subsídios
necessários para
uma melhor
divulgação da
nossa Doutrina
Consoladora aqui
na Europa.
O Consolador:
Como você vê o
nível da
criminalidade e
da violência que
parece aumentar
em todo o país e
como nós,
espíritas,
podemos cooperar
para que essa
situação seja
revertida?
–
A criminalidade
e a violência
aumentam quando
existe desamor
nos lares e
injustiça
social. Nós
espíritas
podemos muito,
começando por
ensinar aos
nossos filhos
nunca aceitar
qualquer tipo de
discriminação,
seja de raça, de
religião ou
política;
ensinando que
qualquer tipo de
corrupção pode
levar a crimes,
aumentar a
miséria e o
sofrimento do
povo; ensinando
que sempre
seremos
responsabilizados
por todos os
atos que
tivermos
praticado...
Enfim, somente
através da
educação moral,
ou seja, da
formação de
hábitos sadios,
é que
conseguiremos
reverter esta
situação tão
triste. Nossa
participação é
primordial, pois
temos o dever e
a grande
responsabilidade
de sermos
exemplos vivos
dos ensinamentos
de Jesus e do
Cristianismo
Redivivo,
iniciando-os em
nossos lares e
continuando na
sociedade.
O Consolador: A
preparação do
advento do mundo
de regeneração
em nosso planeta
já deu, como
sabemos, seus
primeiros
passos. Daqui a
quantos anos
você acredita
que a Terra
deixará de ser
um mundo de
provas e
expiações,
passando
plenamente à
condição de um
mundo de
regeneração, em
que, segundo
Santo Agostinho,
a palavra “amor”
estará escrita
em todas as
frontes e uma
equidade
perfeita
regulará as
relações
sociais?
–
Acho muito
difícil definir
datas, pois essa
transformação
precisa do
trabalho
imediato de
todos nós, no
sentido de nos
reformarmos
interiormente e
assim, com
nossos
sentimentos
educados e
consolidados
pela Doutrina
Espírita, tudo
ao nosso redor
irá se
modificando
gradativamente.
Gostaria de
enfatizar aqui a
fundamental
importância da
Evangelização
Espírita
Infanto-Juvenil,
pois não podemos
pensar num
futuro
esquecendo-nos
de prepará-lo no
presente. As
crianças e os
jovens de hoje
serão os
cidadãos de
amanhã.
Portanto, temos
uma grande
responsabilidade,
pois somente a
evangelização
espírita é o
roteiro seguro e
eficaz na
construção de um
mundo melhor.
O Consolador: Em
face dos
problemas que a
sociedade
terrena está
enfrentando,
qual deve ser a
prioridade
máxima dos que
dirigem
atualmente o
movimento
espírita no
Brasil e no
mundo?
–
Apesar de
encontramos aqui
na Europa uma
realidade
diferente da
encontrada no
Brasil, para mim
a prioridade
máxima dos
dirigentes
deveria ser a
educação moral
do Espírito
encarnado,
através do
estudo das Leis
Morais. Segundo
o editorial da
revista
Reformador
de julho de
2007, “As Leis
Morais,
apresentadas
pela Doutrina
Espírita com
extrema clareza,
e que orientam o
ser humano para
a prática do
amor fraternal,
do trabalho
construtivo, do
progresso moral,
do respeito à
natureza
proporcionam um
lógico
sentimento à
vida, formando
homens de bem
que cumprem a
lei de justiça,
de amor e de
caridade na sua
maior pureza e
vivem em paz com
a sua própria
consciência.”
Visando atingir
os mesmos
objetivos
referidos no
editorial acima
citado é que as
Casas Espíritas
vêm
implementando a
Evangelização
Espírita
Infanto-Juvenil,
dando
oportunidade às
crianças e aos
jovens,
Espíritos
recém-reencarnados,
a conhecerem o
Evangelho de
Jesus à luz da
Doutrina
Espírita.
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