LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
Vamos nos
conhecer?
Na questão 909 de O
Livro dos Espíritos,
Kardec pergunta se o
homem poderia sempre
vencer suas más
tendências pelos seus
esforços.
Os Espíritos Superiores
respondem que “Sim, e
algumas vezes por fracos
esforços. É a vontade
que lhes falta”; e
encerram a resposta com
o seguinte comentário:
“Quão poucos dentre vós
fazem esforços”.
Sabemos o que é virtude
e o que é vício, mas
como saber se estamos
sendo virtuosos?
Dispomos de alguns
recursos que nos
permitem esta avaliação.
Dispomos da razão, da
inteligência e do
livre-arbítrio e, ligada
a essa condição de
escolha, temos a
vontade. Associada a
esses fatores contamos
ainda com a fé
raciocinada, que é a
compreensão do nosso
dever moral em relação a
Deus e a nós mesmos.
Todavia, se temos a
consciência de nossa
inferioridade
espiritual, como
identificá-la? Duas
atitudes priorizam essa
identificação: o apego
demasiado às coisas
materiais e o interesse
pessoal, frutos do mesmo
sentimento de egoísmo
que norteia os objetivos
que perseguimos em cada
existência na matéria.
O mundo é regulado por
leis divinas que
estabelecem limites em
função de nossas
necessidades. Assim, em
qualquer aprendizado que
o homem realize, seja em
um ofício, na arte ou
mesmo no exercício de um
poder qualquer, ele
acaba criando mais
prejuízo para si próprio
do que para os outros,
pois não consegue
distinguir o uso
do abuso
(excessos), gerando
perturbações danosas ao
seu organismo e ao seu
psiquismo.
Podemos ver alguns
exemplos:
Na alimentação
– de uma necessidade que
nos dá prazer, pelo
excesso se transforma em
“prazeres da mesa” – o
homem passa a viver para
comer o que o leva à
enfermidade e à morte.
Na recreação
– necessária ao Espírito
como fonte de higiene
mental, pode ser
transformada, pelo
excesso, em sedução pela
emoção (de qualquer
tipo), pelo lucro fácil,
o que o leva,
inevitavelmente, ao
vício do jogo.
E o que dizer da
necessidade de afeto e
de carinho que todo
ser humano tem? A
necessidade de dar e
receber afeição, que
deve ser compartilhada
com a família, os amigos
e os semelhantes, pelo
excesso, concentra-se em
uma só pessoa,
transformando-a em
“objeto de amor”,
levando ao desequilíbrio
espiritual quando de sua
perda (golpe danoso).
Ainda mais um exemplo
pode ser dado se nos
lembrarmos da
necessidade de
auto-afirmação.
Todos nós precisamos de
projetos que nos levem
ao sucesso pessoal, seja
no campo social ou
profissional. Todavia,
quando transformamos
essa idéia em um
processo obsessivo,
quase sempre nos
esquecemos dos demais
projetos de vida, tão
importantes quanto esse
e não enxergamos mais
nada ao nosso redor.
Dessa maneira,
chegaremos ao
monoideísmo (idéia fixa)
que certamente trará
imensos prejuízos ao
nosso equilíbrio
psíquico.
Kardec pergunta aos
Orientadores Espirituais
se essas paixões são
irresistíveis e eles
respondem que não.
Acrescentam,
alertando-nos, que
algumas pessoas dizem
querer resistir, mas
falta-lhes a vontade
real e seus
Espíritos, pelas suas
condições inferiores, se
comprazem nessa
situação; e que aquele
que procura reprimi-los,
realmente, já compreende
a natureza espiritual e
isso é um triunfo do
Espírito sobre a matéria.
A melhor maneira de
resistir ao mal é,
portanto, conhecendo-se.
E como fazê-lo? O exame
de nossas reações a
algumas situações pode
nos alertar: no convívio
com o próximo, na dor,
no isolamento – quando
possível – ou, então,
como fazia Santo
Agostinho, que
inventariava,
diariamente, suas ações
ao deitar, para procurar
a maneira de ser melhor
no dia seguinte. Fazia
uma lista daquilo que
havia feito de bem e de
bom, daquilo que não
pôde fazer, do que
poderia ter feito e não
fez e do que fez de mal.
Isso não é complicado de
executar e, com um pouco
de vontade, também
podemos fazer.
Durante nossas
existências,
colecionamos situações
aflitivas e conflitantes
que necessitamos
esconder sob máscaras
adequadas às
circunstâncias que nos
cercam. Mas, gastamos
tanta energia para
ocultá-las que, quando
feridas são abertas, é
como se faltasse energia
– cria-se um vazio –
para continuar a luta.
Compreendemos, face a
isso, que quanto MAIOR
for a transparência de
sentimentos, MAIOR será
a energia disponível
para enfrentarmos a vida
e muito mais rapidamente
retornaremos ao
equilíbrio diante de
qualquer situação que
possa nos desarmonizar
momentaneamente.
Independentemente do
grau evolutivo em que
nos encontramos hoje,
todos buscamos o mesmo
objetivo: a EVOLUÇÃO e a
FELICIDADE. Não é fácil,
pois sempre atenuamos
nossos defeitos e
exacerbamos o alheio.
Por isso, “é
necessário sermos
sinceros conosco e
aquilatarmos os nossos
defeitos em função de
como os classificaríamos
quando praticados por
outros”. Não pode
haver dois pesos e duas
medidas para Deus.
O paradigma a ser
seguido é JESUS.
O código, o EVANGELHO.