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Brasil
Ano 1 - N° 32 - 25 de Novembro de 2007

DERMEVAL CARINHANA JUNIOR
derms@uol.com.br
Campinas, São Paulo (Brasil)  

   

   

"O Consolador":
uma análise crítica

A revista O Consolador é objeto de análise 
no programa "Observatório Espírita",
promovido pela ADE Campinas

Ao contrário do que se pode imaginar, a análise de um periódico espírita não envolve conhecimentos profundos,  restritos a  um ou outro companheiro espírita, ligados a esta ou aquela instituição de renome. Ao contrário, toda e qualquer pessoa com um mínimo de vivência em um centro espírita, seja como expositor de palestras, como um dirigente de curso, ou tão-somente como um leitor atento, que procura separar o fundo da forma, é capaz de se dedicar a essa tarefa.

Foi baseada nessa proposta que a ADE, a Associação de Divulgadores do Espiritismo de Campinas, através da WEB Rádio Espírita Campinas, criou o programa “Observatório Espírita” (O.E.), que vai ao ar todas as sextas-feiras a partir das 20h30, podendo ser acessado no endereço www.adecampinas.org.br.

O objetivo do O.E. é apresentar algumas referências dos principais periódicos espíritas, impressos e digitais, colaborando assim para o estímulo da leitura crítica por parte do leitor. Nesse sentido, semanalmente, a equipe de comunicadores da ADE seleciona dois periódicos que servirão de base para os comentários. O jornal "Abertura", a revista Reformador, o jornal "ComunicAção", a revista "O Consolador", a Revista Internacional de Espiritismo, o Correio Fraterno, O Clarim, o Jornal de Espiritismo, o Jornal Despertador, a

Parceria entre ADE Campinas e ADE São Paulo (da esquerda para direita: Luciano Pereira (CPS), Milton Felipeli (SP), Dermeval Carinhana (CPS)
e Éder Fávaro (SP).

Vista parcial do estúdio (Dermeval Carinhana e Luciano Pereira)

Trabalhos técnicos (Carlos Garcia)

Revista Espírita Harmonia, o jornal “Dirigente Espírita”, o Boletim SEI, o Boletim GEAE, o site “Panorama Espírita", o site “Portal do Espírito", o jornal “Verdade e Luz” são alguns dos periódicos que foram apreciados nestes primeiros quatro meses do programa.

Toda a análise visa ressaltar os pontos positivos das matérias e textos publicados nos periódicos, enfatizando o trabalho acumulado por detrás de cada palavra. Evidentemente, há diversas idéias que chocam frontalmente à maneira que entendemos as coisas. Contudo, como mencionado, nossa proposta não é colocar-nos como árbitros. Ao contrário, preferimos adotar a postura de Allan Kardec, tal como pode ser observado no seguinte texto:

“Eu não forço nenhuma convicção. Quando encontro pessoas sinceramente desejosas de se instruírem e que me dão a honra de solicitar-me esclarecimentos, é para mim um prazer, e um dever, responder-lhes no limite dos meus conhecimentos.” (Capítulo I, Primeiro Diálogo – O Crítico, “O que é o Espiritismo”.)

Em determinadas circunstâncias, especialmente nas questões ligadas à área de Divulgação/Comunicação, procuramos oferecer alguns contrapontos e esclarecimentos, visando tão-somente o desenvolvimento de novas idéias. Em resumo, a linha editorial do O.E. é proativa, no sentido de incentivar e estimular as idéias que nos pareçam mais adequadas, deixando a critério do ouvinte/leitor sua aceitação ou não, e mesmo a adoção de outras. E, baseado na experiência que temos acumulado, pode-se afirmar que a imprensa espírita cada vez mais tem-se aperfeiçoado na produção de um material de alta qualidade.

Nesse sentido, tanto periódicos de abrangência mais localizada, como é o caso do jornal “Verdade e Luz”, da USE-Ribeirão Preto, até uma revista de âmbito nacional, como é o caso da Revista Internacional do Espiritismo, da Casa Editora “O Clarim”, passando por publicações especializadas na área da Comunicação Social Espírita, como é o caso do jornal “ComunicAção” e da Revista Espírita Harmonia, trazem em suas páginas assuntos e matérias que há muito deixaram de ser uma mera repetição de textos encontradas nas obras espíritas em geral, ainda que vez ou outra é possível se deparar com essa realidade. Ao contrário, essas publicações, têm-se dedicado ao desenvolvimento das idéias espíritas, esforçando-se, tanto quanto possível, por aplicá-las dentro do contexto da sociedade atual. Certamente há um grande espaço para se avançar, mas, segundo nossa opinião, está-se no caminho certo.

Uma pequena mostra de que essa percepção é realmente fundamentada em fatos concretos é a própria crítica que nos propomos a realizar a respeito da revista “O Consolador”. Ao tomarem ciência de que esse periódico seria motivo de nossas discussões, seus editores solicitaram prontamente que a apreciação fosse publicada na própria revista. Ora, esse é um fato significativo, pois é o que se espera de uma imprensa livre genuinamente espírita, aquela que está comprometida com a verdade pela verdade, sem qualquer receio de se deparar com eventuais opiniões contrárias. Portanto, nossa primeira avaliação que, ao optar pelo diálogo com outros veículos de comunicação, “O Consolador” está prestando um excelente exemplo para o meio espírita, sem falar no fato de que está garantindo a si próprio, e, por conseqüência, aos seus leitores, a possibilidade de crescer ainda mais com as experiências de outros irmãos espíritas.

O diálogo parece ser mesmo uma vocação natural de “O Consolador”. Um fato que nos chamou a atenção logo quando tomamos contato com essa publicação foi a existência de uma seção denominada “Carta ao leitor”. Comum nos veículos da grande imprensa, poucos periódicos espíritas têm a preocupação de estabelecer um canal mais próximo dos leitores.

Tendo como pano de fundo a característica suavidade proporcionada pelos ensinos espíritas, a equipe editorial consegue realmente estabelecer uma pequena conversa com os leitores, preparando-os e estimulando para os diversos conteúdos que encontrarão ao longo da publicação. Esse é um ponto que merece um importante destaque: a horizontalidade e profundidade dos temas. Ao ser horizontal, o periódico se mostra capaz de cobrir diferentes assuntos em cada edição.

Apenas como exemplo, a edição analisada por nossa equipe, a de número 28, trazia em suas páginas desde uma entrevista com um dirigente espírita da Estônia (reforçamos aqui o que dissemos no ar: essa entrevista é indispensável para os que se interessam pelo estudo do movimento espírita) até uma preciosa coluna, denominada “Questões Vernáculas”, onde os comunicadores espíritas em geral podem recolher práticas e importantes informações quanto à gramática portuguesa.

Para ilustrar a profundidade, citamos um brilhante artigo-divulgação da Revista Espírita, intitulado “Kardec profetizou em 1866 o surgimento do pneu, que apareceu só em 1888”, cujos autores foram capazes de promover uma bela análise psicológica de um texto aparentemente sem importância do periódico editado por Allan Kardec, mostrando que se pode aprender com tudo e com todos.

Por fim, “O Consolador” possui uma característica que enche os olhos de todo comunicador espírita: a gratuidade. Ainda que sejamos da opinião de que os periódicos impressos sempre continuarão a ter espaço garantido dentro da imprensa em geral, cada vez mais as tecnologias existentes, em especial a internet, garantem a universalização das informações de maneira geral. Tal é a capacidade de penetração de um periódico digital, como é o caso de “O Consolador”, que à medida que consultávamos suas páginas e fazíamos nossos apontamentos, durante o O.E., incentivávamos os ouvintes de nossa WEB Rádio a fazer o mesmo, uma vez que, a despeito de utilizarem canais de comunicação diferentes, a linguagem falada e a escrita, respectivamente, ambos os veículos se utilizam da internet.

Quais as implicações disso para um periódico espírita? Ora, simplesmente, que seu raio de ação é expandido para virtualmente todos os cantos do planeta. Imagine-se, por exemplo, qual a penetração de um periódico como esse traduzido integralmente para línguas como o inglês, espanhol ou ainda para o esperanto, que, aliás, conta com uma coluna fixa em suas páginas. Certamente, muitos espíritas ao redor do mundo teriam muito o que comemorar. Fica aí registrada nossa crítica-sugestão aos amigos responsáveis pelo “O Consolador”. 

Por fim, gostaríamos de afirmar publicamente que nos sentimos honrados e felizes pelo convite dos irmãos paranaenses. Em uma época em que cada vez mais se discutem os rumos daquilo que entendemos por “meio espírita”, nós, da Associação de Divulgadores do Espiritismo de Campinas, entendemos que é o estreitamento dos laços pessoais, sejam eles estimulados pelo contato entre as instituições, que permitirá, de fato, que o Espiritismo venha a cumprir sua missão, que é a de fazer pessoas de bem. Para ilustrar esse pensamento, finalizamos nossa crítica com um pequeno trecho de Allan Kardec a respeito do contato com outros companheiros espíritas.

Em resumo, nossa viagem tinha uma dupla finalidade: oferecer orientações onde estas houvesse necessidade e, ao mesmo tempo, nos instruirmos a nós mesmos. Desejávamos ver as coisas com nossos próprios olhos, para julgar do estado real da doutrina e da maneira pela qual ela é compreendida; estudar as causas locais favoráveis ou desfavoráveis ao seu progresso, sondar as opiniões, apreciar os efeitos da oposição e da crítica e conhecer o julgamento que se faz de nossas obras. Estávamos desejosos, sobretudo, de apertar a mão de nossos irmãos espíritas e de lhes exprimir pessoalmente nossa sincera e viva simpatia (...) dar, em nome da Sociedade de Paris e em nosso próprio nome, em particular, um testemunho especial de gratidão e de admiração a esses pioneiros da obra espírita (...).” (Impressões Gerais, Viagem Espírita em 1862.)


Nota ao leitor:

A Web Rádio Espírita Campinas, mantida pela ADE - Associação de Divulgadores do Espiritismo de Campinas, é uma rádio via internet que pode ser acessada de qualquer ponto do mundo, inclusive por conexões discadas (telefone). Para acessá-la, basta entrar na página www.adecampinas.org.br/. Além dos programas ao vivo, é possível o acesso, a qualquer momento, a programas anteriores, que se encontram gravados na página.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita