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Espiritismo para crianças - Célia Xavier Camargo
Ano 1 - N° 32 - 25 de Novembro de 2007

 

O medo
 

Glorinha saiu de casa para ir à escola como fazia todos os dias. E aquele parecia ser um dia como todos os outros. Mas não era.

No trajeto, Glorinha percebeu que alguma coisa estava acontecendo. Nas ruas, as pessoas estavam agitadas, falavam alto e pareciam atemorizadas.

Intrigada, a menina desejou saber qual a novidade. Ao

passar diante da banca de jornais, viu duas mulheres conversando e, curiosa, parou para escutar. Uma dizia à outra:

— Já se viu uma coisa dessas? Agora toda a cidade está em perigo!

— Mas, como foi que ele escapou? — perguntava a outra.

— Sei lá! Com certeza algum descuidado deixou aberta a porta da jaula e ele...zás! Fugiu!

Quem teria fugido? Glorinha resolveu perguntar ao dono da banca, um velhinho muito simpático com quem sempre conversava.

— Seo Antonio, “quem” foi que fugiu?

O velhinho arregalou os olhos, levantou as sobranselhas e, ajeitando os óculos na ponta do nariz, informou:

— Você não sabe, Glorinha? Pois foi um leão! Escapou do circo que chegou ontem na cidade.

— Ah! Um leão?!... E ele é grande? — quis saber a menina.

— Se é grande? Dizem que é enorme! E muito feroz também. Tenha cuidado ao andar pela cidade.

Agradecendo o conselho, Glorinha continuou seu caminho. Agora, informada do que estava acontecendo, entendia melhor as conversas que ouvia de passagem.

Encontrou dois homens e um deles dizia:

— Olha, mandei minha mulher trancar toda a casa e não permitir que nossos filhos saiam para a rua. Os meninos não irão às aulas enquanto a fera não tiver sido capturada.

E o outro concordava plenamente:

— Tem toda razão. Certa vez ouvi contar que um animal escapou de um circo e feriu duas pessoas. Não podemos facilitar. Olha, já preparei até minha espingarda. Se o bicho aparecer, prego fogo!

Cada vez mais assustada, Glorinha chegou à escola. Ali os comentários eram os mesmos: giravam em torno do terrível leão que escapara do circo.

Preocupadas, as mães pediam às professoras que tomassem todo o cuidado com seus filhos. Outras eram de opinião que o melhor seria fechar a escola, dispensando os alunos das aulas naquele dia, ou até que fosse solucionado o problema.

As crianças estavam apavoradas e ouviam-se gritos e choros por toda parte. Enfim, o ambiente estava um verdadeiro caos!

A professora de Glorinha, moça tranqüila e de bom-senso, reunindo os alunos na classe considerou, serena:

— O melhor que nós temos a fazer é manter a calma. A confusão apenas complica e o medo tem terrível poder sobre as pessoas, impedindo que se possa analisar e julgar com acerto. Não se preocupem. Fiquem tranqüilos que nada nos acontecerá. Estamos seguros neste prédio e, em qualquer circunstância, devemos confiar em Deus, que nunca nos desampara. Além disso, nem sabemos se tudo isso é verdade!

Vendo que os alunos estavam mais calmos, a professora pediu que abrissem o livro, informando:

— Vamos à lição do dia.

Após as aulas, ao sair da escola Glorinha notou que a situação estava pior ainda. Agora, a confusão era geral. Carros da polícia percorriam as ruas da cidade orientando as pessoas para que permanecessem em suas casas. O corpo de bombeiros fora acionado e grupos de cidadãos, armados, procuravam pistas do terrível animal em todos os lugares da cidade e nos arredores, em defesa da população.

Chegando em casa, Glorinha encontrou a mãe toda apavorada, tremendo de medo.

— Graças a Deus você chegou, minha filha. Ocupada com o serviço doméstico, somente agora liguei o rádio e ouvi a notícia. Você está bem? O leão não te ameaçou?

Glorinha, lembrando o que a professora tinha dito, falou:

— Mamãe! Claro que estou bem! Além disso, minha professora disse que é importante manter a calma e confiar em Deus. Nada devemos temer.

Como se fosse uma confirmação daquelas palavras, de repente elas ouviram um miado estranho na porta da cozinha. Pensando que era o gato da vizinha, Glorinha correu a abrir a porta, que a mãe havia trancado.

Com surpresa, encontrou escondido num canto da escada uma coisa fofa e peluda que miava cheia de medo. Chegando mais perto, a menina reconheceu, naquele bichinho inofensivo, trêmulo e faminto, um filhote de leão.

Pegando-o no colo, chamou a mãe e exclamou:

— Veja,  mamãe!  Aqui  está o terrível e feroz

leão que faz a cidade toda tremer! Parece que ele está mais assustado do que nós! 

Dando uma sonora risada, completou satisfeita e aliviada:

— O que o medo pode fazer com as pessoas!

Em pouco tempo, a casa de Glorinha estava repleta de gente que viera ver o filhote de leão. A polícia, a imprensa, os bombeiros, os vizinhos, populares curiosos e até o prefeito municipal, todos queriam ver de perto o animalzinho. E, ao vê-lo, sentiam uma enorme vergonha do alarido todo que fora feito em torno do fato.

Chegou o dono do circo, constrangido, e o prefeito exigiu uma explicação:

— Por que não esclareceu que o animal que fugiu do seu circo era um pequeno e inofensivo filhote de leão?

Coçando a barba, o astuto proprietário justificou-se:

— Bem, achei que era uma excelente propaganda para o meu circo. Pelo menos, a cidade inteira ficou sabendo que chegamos, não é?

  
                                                      Tia Célia 
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita