ARTHUR BERNARDES
DE OLIVEIRA
tucabernardes@gmail.com
Guarani, Minas
Gerais (Brasil)
Prelúdio da
volta
Os Espíritos que
integram o que
chamamos de
erraticidade
formam a imensa
fila da
reencarnação.
Enquanto
aguardam, vivem
vida normal de
Espíritos.
Estudam,
trabalham,
divertem-se, têm
intensa vida
social, visitam
os parentes e
amigos que ainda
labutam nas
experiências da
matéria,
ajudam-nos,
quando podem, ou
perturbam-nos,
quando mágoas
que não se
apagaram exigem
deles o
exercício da
vingança.
E nós, aqui,
eternos curiosos
que somos,
gostaríamos de
saber e, por
isso, costumamos
perguntar:
− Sabem os
Espíritos em que
momento voltarão
a reencarnar-se?
− Todos os
Espíritos
preocupam-se com
sua
reencarnação?
− Podem apressar
ou retardar esse
momento?
− Se se sentirem
felizes, na
condição em que
se encontram,
podem abrir mão
da reencarnação
indefinidamente?
− Há
predestinação da
alma que animará
determinado
corpo ou só à
última hora é
que é feita a
escolha de quem
será a
beneficiária
daquele corpo?
− Pode o
Espírito
escolher o corpo
de que se
servirá, ou só
pode escolher o
gênero de vida
que lhe servirá
de prova?
− Poderia dar-se
não haver
Espírito que
aceitasse
encarnar uma
criança que
houvesse de
nascer?
− Pode a união
de determinado
Espírito a
determinado
corpo ser
imposta por
Deus?
− Se acontecesse
que vários
Espíritos
aparecessem para
tomar
determinado
corpo, que é o
que decidiria
sobre qual deles
assumiria o
corpo?
− No momento de
encarnar, sofre
o Espírito
perturbação
semelhante à que
experimenta ao
desencarnar?
− É solene para
o Espírito o
instante da sua
encarnação?
Pratica ele esse
ato
considerando-o
grande e
importante?
− É comum,
diante das
possibilidades
de triunfo ou de
fracasso em suas
provas, passar o
Espírito por uma
ansiedade antes
de sua
encarnação?
− Amigos e
parentes
desencarnados
costumam
acompanhar o
reencarnante no
momento de sua
despedida, tal
como sói
acontecer,
quando de sua
volta, ao fim da
existência
terrena?
Temos aí nada
menos que treze
indagações de
que gostaríamos
de ver
respondidas.
Kardec também
teve essa
curiosidade. E
fez exatamente
as perguntas que
acabamos de
enumerar aos
Espíritos que
supervisionaram
o trabalho de
codificação da
Doutrina.
E, assim,
ficamos sabendo
que:
a) Os Espíritos,
já com algum
esclarecimento,
sabem que um dia
terão que voltar
à luta terrena
para retomar,
pelo estudo e
pelo trabalho, a
lenta, mas
progressiva
escalada da
evolução. Têm
conhecimento
disso, mas não
sabem quando
isso acontecerá.
E é natural que
seja assim,
porque, afinal,
reencarnar não
depende só
deles. Há
inúmeros fatores
envolvidos no
processo. Eles
pressentem
quando a hora se
aproxima. Mas
saber mesmo,
eles não sabem.
Os outros, isto
é, os
não-esclarecidos,
nem desconfiam
que isso possa
acontecer.
Entre eles, há
os que não sabem
que já morreram;
e há os que, já
estando
conscientes
disso, não sabem
ou não acreditam
em reencarnação;
outros ainda há
que não
acreditam, até
mesmo, na
sobrevivência da
alma, de que
eles próprios
são a prova mais
definitiva, como
não acreditam em
Deus, nem em
justiça divina.
Continuam ateus
e materialistas.
Isso acontece,
porque a morte
não transforma
as pessoas. Elas
continuam lá
como eram aqui:
com suas
dúvidas, suas
crenças e seus
preconceitos.
Por outro lado,
o corpo de que
se servem – o
corpo espiritual
ou perispírito –
é tão igual ao
que deixaram,
aqui, que elas
não percebem, no
primeiro
momento, que já
estejam entre os
chamados mortos.
A propósito, é
interessante
recordar o que
disse a jovem
Jane Furtado
Koerich, pouco
tempo depois de
sua morte, em
acidente de
avião nas
proximidades de
Florianópolis em
carta endereçada
a seus pais Ony
e Antônio, sobre
a comunidade
onde ela
residia, carta
inserta no livro
Porto de
Alegria,
editado pelo IDE
de Araras, SP:
“E o que é de
admirar, mamãe,
é que ninguém
onde estamos é
obrigado a crer
que passou pelo
fenômeno da
morte. E como
somos ainda
poucos os que
nos achamos
conscientes
disso, não
mencionamos isso
diante de
pessoas
desconhecidas ou
que conservam
absoluta negação
quanto à morte,
pela qual já
passaram”.
Conclusão: regra
geral, não sabem
os Espíritos
quando irão
passar por nova
experiência na
Terra.
Pressentem, mas
saber mesmo,
eles não sabem.
Alguns já
aprenderam que a
reencarnação é
uma necessidade
da vida
espiritual, como
a morte o é da
vida corpórea.
Nascer, viver,
morrer, renascer
são inevitáveis
no processo
evolutivo. Não
há evolução sem
reencarnação.
Não adianta
fugir. É lei
natural emanada
do Poder Maior.
Logo, os que
querem evoluir
mais rapidamente
preocupam-se com
a sua
reencarnação.
Outros, como
dissemos, nem
sabem que ela
existe. E essa
incerteza quanto
ao futuro acaba
por
constituir-se
numa espécie de
punição.
b) O
livre-arbítrio
faculta ao
Espírito
apressar ou
retardar a sua
volta.
Apressa-a,
quando, motivado
por um desejo
muito forte,
adquire, através
do trabalho
edificante,
créditos que
avalizem seu
desejo.
Retarda-a quando
se acovarda
diante das
provas. Mas os
que adiam o
enfrentamento da
prova sofrem por
isso, à
semelhança do
doente que
recusa o remédio
que pode
curá-lo. De
qualquer forma o
adiamento não
pode ser
indefinido.
Mesmo os que se
sentem felizes
no estágio em
que se
encontram, não
podem nele
permanecer
indefinidamente,
adiando sempre o
momento de
reencarnar. Cedo
ou tarde
sentirão a
necessidade de
progredir. Todos
têm que se
elevar: esse o
destino de
todos.
c) Costuma-se
perguntar se a
alma que irá
animar um corpo
que está sendo
formado no seio
da mãe está a
ele predestinada
ou se é
escolhida à
última hora. É
evidente que o
Espírito é,
sempre, de
antemão
designado. Mesmo
porque, conforme
esclarece a
Doutrina, é no
momento da
concepção que se
estabelece a
ligação entre o
Espírito, que
está vindo, e o
corpo que começa
a formar-se. E é
o corpo
espiritual do
reencarnante que
vai servir de
modelo à
formação do
feto, conforme
programação
pré-estabelecida.
Tudo nos exatos
termos em que se
projetou a nova
experiência,
respeitadas a
lei de causa e
efeito que
direciona os
resgates e as
provas
escolhidas pelo
próprio
reencarnante.
Nada de
improvisações ou
acasos,
absolutamente,
fora de qualquer
fase do
processo.
d) Em geral,
cabe ao Espírito
apenas a escolha
das provas. O
projeto do corpo
está afeto a
Espíritos com
conhecimento
especializado.
Eles é que
cuidam disso,
levando em
consideração o
perispírito do
reencarnante que
forçosamente,
como modelo
biológico
organizador que
é, irá
influenciar no
corpo material
que surgirá.
Pode,
entretanto, o
interessado
solicitar certas
imperfeições que
visem a ajudá-lo
a se sair bem
das provas que
auxiliarão o seu
progresso. André
Luiz, no livro
Missionários
da Luz,
assegura que o
completista, na
qualidade de
trabalhador leal
e produtivo,
pode escolher, à
vontade, o corpo
futuro, quando
lhe apraz o
regresso à
Crosta em
missões de amor
e iluminação, ou
recebe veículo
enobrecido para
o prosseguimento
de suas tarefas,
a caminho de
círculos mais
elevados de
trabalho.
e) Quando uma
criança tem que
nascer, está
sempre
predestinada a
ter uma alma.
Deus a isso
proveria. Nada
se cria sem que
à criação
presida um
desígnio.
f) A união de um
Espírito a
determinado
corpo pode, sim,
ser imposta por
Deus. Isso
acontece nas
chamadas
reencarnações
compulsórias,
sempre
objetivando a
melhoria e
proteção do
Espírito
obrigado a ela.
Seja nos casos
de rebeldia
irrefreável, com
graves
perturbações na
harmonia geral,
quando se
aproveita a
oportunidade
para resgates e
reconstruções
perispirituais,
seja nos casos
em que se
precisa esconder
o reencarnado de
seus inimigos e
algozes que
tornariam
impossível sua
vida no plano
espiritual.
g) É comum
aparecerem
vários Espíritos
como candidatos
a tarefas
importantes a
serem
executadas.
Desejam
enfrentar certos
trabalhos para
colherem maiores
frutos em seu
aprendizado e
evolução. Muitos
podem pedir
isso. No
entanto, Deus é
quem julga qual
o mais capaz de
desempenhar a
missão a que a
criança se
destina. Mas,
como dissemos
acima, o
Espírito é
designado antes
que soe o
instante em que
haja de unir-se
ao corpo.
h) No instante
de reencarnar-se
sofre o Espírito
perturbação
muito maior e,
sobretudo, mais
longa do que
aquela que é
comum sofrer
quando da
desencarnação. É
natural: pela
morte, ele se
livra da
escravidão; pelo
nascimento, ela
mergulha nela.
i) É muito
solene para o
Espírito o
instante da sua
encarnação. Não
só pela bênção
que isso
representa, mas
pela carga de
responsabilidade
que traz nos
ombros, certo de
que não só ele,
mas muitas
outras pessoas
que estarão à
sua volta, dele
dependerão.
j) Muita
ansiedade
envolve o
Espírito prestes
a encarnar. Por
mais preparado
que esteja, há
sempre a
incerteza quanto
à eventualidade
do seu triunfo
nas provas que
vai suportar na
vida. Há sempre
riscos muito
fortes
envolvendo o
nosso mergulho
na carne. Daí a
ansiedade e o
medo.
k) Os amigos e
parentes
desencarnados
costumam
acompanhar o
reencarnante no
momento de sua
despedida, tal
como ocorre na
sua volta, ao
fim da
existência
terrena. A
reencarnação
assinala um
grande momento
na vida de todos
nós. Pela
oportunidade
maior de
avançarmos um
pouco mais na
estrada da
evolução.