27. Possuímos um corpo
etérico independente de
todo o acidente que
possa acontecer ao
conjunto da matéria
associada, e continuamos
a possuir sempre esse
corpo etérico depois do
desaparecimento do corpo
material. A única
objeção a esta realidade
reside no fato de que
nada existe, de natureza
etérica, suscetível de
impressionar os nossos
sentidos. Tudo o que
pertence ao éter deve
ser conhecido por
deduções. (P. 9)
28. Para Lodge, toda
teoria deve ser apoiada
por fatos resultantes da
observação e da
experiência. “Deve-se,
pois, dar-lhe uma
oportunidade de vida e
só quando ela mostrar-se
falsa e errada é que
deverá ser eliminada sem
piedade”, acrescenta o
autor desta obra. (P.
10)
29. Dito isto, Oliver
Lodge apresenta as
seguintes proposições
(PP. 10 e 11):
I - A atividade mental
não é limitada às suas
manifestações corporais,
embora, em certo meio
material, isso seja
necessário para
demonstrar-nos sua
atividade neste plano.
II - O mecanismo cérebro
neuromuscular, assim
como o restante do
corpo, forma um
instrumento construído,
dirigido e utilizado
pela vida e pelo
Espírito.
III - Nem a vida nem o
Espírito deixam de
existir quando separados
do seu invólucro ou
órgão material.
IV - O que chamamos
indivíduo é uma
encarnação definida ou
uma associação com a
matéria de algum
elemento vital ou
espiritual que possui em
si mesma uma existência
contínua.
V - O valor da
encarnação se acha na
oportunidade assim
oferecida para a
individualização de uma
parte da mentalidade
específica gradualmente
mais vasta, isolada do
seu meio primitivo
cósmico, a fim de
permitir-lhe desenvolver
uma personalidade que
será a característica
desse organismo
particular.
VI - Há lugar para
crer-se que essa
individualidade persista
como toda outra
realidade e que, em
conseqüência, pode
sobreviver à sua
separação do organismo
material que a ajudava
outrora a isolar-se,
para tornarem-se
possíveis os traços
característicos
individuais do seu
caráter, caráter esse
que persiste
verdadeiramente como
indivíduo, conservando a
sua memória, as suas
experiências e as suas
afeições, segundo
oportunidades e
privilégios associados
ao corpo material
durante a vida terrena.
VII - A evidência, já
acessível, basta para
provar que o caráter
individual e a memória
persistem, que as
personalidades que
deixaram esta vida
continuam a existir com
os seus conhecimentos e
as experiências
adquiridas neste plano,
e que, em certas
condições parcialmente
conhecidas, os nossos
amigos invisíveis podem
provar-nos a sua
sobrevivência real,
individual e pessoal.
30. No momento em que
esta obra foi escrita -
1929 - todas as
conclusões ou deduções
acima expostas,
provenientes de um longo
inquérito, eram - de
acordo com Oliver Lodge
- consideradas duvidosas
pela Ciência ortodoxa,
que até então se
limitara às
manifestações
terrestres, sem buscar o
que quer que seja no
plano espiritual.
“Qualquer insistência
sobre tais proposições -
afirma o pesquisador
inglês - topa com a
zombaria que as encara
como pura especulação ou
mesmo como superstição.
Estas conclusões, por
outro lado, não parecem
essenciais à religião,
em sua aceitação geral,
e são, na maioria,
desaprovadas como ensino
religioso.” (PP. 11 e
12)
31. Apreciando as sete
proposições
anteriormente expostas,
Oliver Lodge diz que, no
tocante à primeira
proposição - o Espírito
pode agir
independentemente dos
órgãos corporais -, ele
ficou certo disso desde
1883, em razão dos casos
de telepatia
experimental que Sir
William Barrett
assinalara em relatório
dirigido à British
Association em 1876.
(P. 13)
32. Na seqüência, Lodge
reporta-se às
experiências contidas no
livro Fantasmas dos
Vivos, editado em
1886, por Myers e
Gurney, com a
colaboração de Podmore.
E afirma: “A aparição ou
o fantasma, visto
pelo percipiente
sensitivo e que, até
aqui, tinha naturalmente
sido considerado como
efeito de uma presença
real e misteriosa, podia
ser assim atribuído a
uma impressão viva
produzida,
telepaticamente e sem
seu conhecimento, por
uma pessoa afastada, em
angústia, perigo e mesmo
prestes a falecer”. (P.
14)
33. Depois de eliminar
todos os casos
duvidosos, a conclusão
dos investigadores foi
resumida, nos
Proceedings of the
Society for Psychical
Research, da
seguinte maneira:
“Existe, entre os casos
de morte e as aparições
de moribundos, uma
relação que não é
conseqüência só do
acaso. Consideramo-la
como um fato certo. A
discussão de tudo o que
ela implica não pode ser
feita só nesta obra e,
provavelmente, não será
mesmo esgotada em nossa
época”. (PP. 14 e 15)
34. É interessante
lembrar que o filósofo
Kant ocupou-se também,
em certa época, dos
estudos psíquicos e
examinou dois ou três
casos notáveis,
referentes a Swedenborg.
Em seu ensaio sobre
Kant, William Wallace
diz que é possível
considerar as aparições
sob um ponto de vista
subjetivo e transcreve
citação de Kant em que
este admite a
comunicação entre os
Espíritos e os
encarnados. (P. 15)
35. A
segunda proposição - o
corpo é um instrumento
utilizado pelo Espírito
- resulta, de certa
forma, da primeira e
serve de refutação ao
argumento apresentado
por anatomistas e
fisiologistas de que
cérebro e Espírito são a
mesma coisa, de modo que
uma lesão no cérebro
imprime, ipso facto,
uma lesão correspondente
no Espírito e que a
destruição de um
equivale à destruição de
outro. (P. 16)
36. Oliver Lodge
discorda dessa idéia e
afirma que o cérebro, em
si mesmo, não pode mais
que a vista e que ambos
não constituem senão um
instrumento único graças
ao qual a visão se torna
uma possibilidade, tal
como se dá com o ouvido,
que é apenas um
instrumento físico que
nos permite ouvir. Mas,
a verdade é que é o
Espírito quem vê e ouve,
é ele quem interpreta a
significação da visão e
da audição, quem extrai
uma impressão mental ou
uma emoção das imagens,
dos poemas e das músicas
- resposta psíquica
inteiramente estranha
aos atributos da
matéria. (PP. 16 e 17)
37. Em seu livro
intitulado O Mundo
dos Espíritos,
publicado na Inglaterra
em 1924, o filósofo
polonês Vincenty
Lutolawski assevera:
“Para compreender a
relação que existe entre
o pensamento e o
cérebro, basta admitir
que o cérebro é o órgão
através do qual
recebemos todas as
nossas impressões
exteriores e graças ao
qual produzimos todos os
movimentos,
particularmente a
palavra”. “É por uma
falsa analogia de
linguagem - conclui
Vincenty - que
dizemos ‘minha alma’,
como dizemos ‘meu
cérebro’, ‘meu corpo’ e
assim por diante. Com
efeito, sois uma alma e
não deveis falar de
possuir uma alma como se
a alma diferisse de vós
mesmos.” (PP. 17 e 18)
38. Muitos fenômenos
conhecidos permitem
ilustrar a terceira
proposição, que
estabelece que as coisas
desaparecidas não perdem
a sua existência. Embora
seja um fato que salta
aos olhos, a
indestrutibilidade da
matéria precisa ser
provada cientificamente.
(P. 18)
39. Acredita-se
geralmente que uma coisa
queimada está destruída,
que o leite derramado
está perdido, que a
nuvem se evaporou devido
ao calor solar etc. Todo
o mundo sabe, porém, que
- qualquer que seja a
dispersão da matéria -
as suas partículas são
indestrutíveis. (P. 18)
(Continua no próximo
número.)