Aquela imagem de um anjo
de um lado da nossa
cabeça e de um
demoniozinho do outro
ainda habita nossos
arquivos da consciência
e vez por outra se faz
presente, quase sempre
quando nos encontramos
em situações de grande
dúvida de cunho moral.
Consta como sendo da
sabedoria indígena que,
indagado sobre quem
vencia essa guerra quase
diária entre o anjo e o
demoniozinho, um chefe
índio teria dito que
vencia aquele a quem nós
mais alimentamos.
Sábia resposta. Essa é a
nossa cotidiana luta
interna. A alegoria
retrata a disputa entre
nossas boas e más
inclinações e, espíritas
que somos, nos remete à
máxima que assevera que
“reconhece-se o
verdadeiro espírita pelo
esforço que faz para
vencer suas más
tendências”, seu
demoniozinho, num
exercício diário de não
alimentá-lo. Contudo,
como distinguir o bem do
mal, quando este às
vezes se nos apresenta
trazido por lobo
travestido em pele de
cordeiro? Há
possibilidade de nos
enganarmos sobre a
natureza boa ou má de um
ato que praticamos ou
estamos para praticar?
Ainda como espíritas,
devemos buscar as
respostas em O Livro
dos Espíritos, de
Allan Kardec, que assim
nos esclarece a
respeito: “vêde o que
quereríeis que vos
fizessem ou não: tudo se
resume nisso”.
A lição é clara e
aparentemente de fácil
domínio. Entretanto, não
tem sido bem assim: há
milênios a humanidade
não consegue tomá-la
como roteiro de vivência
na terra ou, se a toma,
não consegue dar
cumprimento à meta
pretendida. É sinal de
que ainda não
conseguimos firmar
somente no bem os nossos
pensamentos, as nossas
palavras. Ainda não
estamos nos atentando
bem para as nossas
companhias, muitas
dessas perturbando-nos a
marcha, contaminando-nos
com a insensatez viciosa
ou mesmo a delinqüência.
Quanta e quanta vez já
ocorreu conosco o fato
de estarmos prontos para
ir a uma reunião
espírita e sermos
desviados por um “amigo”
para tratar de algum
outro interesse que
poderia ficar para
depois?!
Não menos certo é o fato
de nos sentirmos sempre
mais cansados no dia que
nos propusemos a fazer
algum trabalho
voluntário. Pensemos
nisso e lembremo-nos de
que é hora, mais que
tardia, de abandonarmos
a companhia e os
conselhos daquele
“serzinho” vestido de
vermelho e, quem sabe,
até o orientarmos a se
voltar ao bem no gasto
de suas horas.
Então, daqui para
frente, tomemos como
lema a afirmativa de
Joanna de Ângelis, que
diz: “Pensamento
edificante é oração sem
palavras”.