Arthur Bernardes
de Oliveira:
“Fidelidade à
doutrina,
simplicidade nas
atitudes,
solidariedade,
fraternidade e
amor, eis as
nossas
prioridades”
Espírita desde
criança, quando
seu pai se
tornou um dos
pioneiros na
divulgação da
Doutrina
Espírita no
município de
Astolfo Dutra
(MG),
articulista e um
dos membros do
Conselho
Editorial de
nossa revista,
Arthur Bernardes
de Oliveira
(foto), de
Guarani (MG),
fala nesta
entrevista sobre
assuntos
relevantes e de
interesse
permanente dos
nossos leitores.
Mineiro com
formação em
Direito e
Ciências
Contábeis, ele
diz que o
aspecto
filosófico é um
dos mais
importantes
aspectos do
Espiritismo, por
responder com
clareza e lógica
aos
questionamentos
dos homens, que
sempre, desde os
clássicos,
quiseram obter
|
 |
respostas às
perguntas: Quem
somos? De onde
viemos? Para
onde vamos?
|
Sobre a natureza
religiosa da
Doutrina
Espírita, ele é
taxativo: “A
despeito do que
pensam alguns
preconceituosos,
o Espiritismo
não é apenas
mais uma
religião. É a
religião do
futuro, a que
vem tornar
possível a
religação
definitiva do
homem com Deus”.
O Consolador: Em
que cidade você
nasceu?
–
Nasci no Porto
de Santo
Antônio, que
depois, ao ser
elevado a
município,
passou a
chamar-se
Astolfo Dutra,
cidade
localizada na
Zona da Mata de
Minas Gerais,
próxima de
Cataguases, Ubá
e Leopoldina.
O Consolador:
Onde reside no
momento?
–
Minha residência
fica na zona
rural de Piraúba,
município
vizinho de
Guarani, onde
exerço minhas
atividades no
movimento
espírita. Depois
de morar por
muitos anos em
Juiz de Fora e
experimentado,
assim, a
correria da vida
urbana, quis, ao
me aposentar,
sentir mais de
perto a
tranqüilidade da
vida no campo,
decidindo morar
na zona rural.
O Consolador:
Qual a sua
formação?
–
Direito e
Ciências
Contábeis.
O Consolador:
Que cargos já
exerceu no
movimento
espírita?
– Fui presidente
da Juventude
Espírita
Francisco
Cândido Xavier,
em Astolfo Dutra
(MG), por dois
anos e
presidente da
Fundação
Espírita Abel
Gomes, casa de
acolhimento de
meninas
desamparadas,
também em
Astolfo Dutra,
por dois anos.
O Consolador:
Que cargo ou
função exerce no
momento?
– Sou
vice-presidente
da Casa Espírita
João de Freitas,
em Guarani (MG),
e
vice-presidente
da Fundação
Espírita Abel
Gomes, de
Astolfo Dutra.
O Consolador:
Quando você se
tornou espírita?
–
Meu pai conheceu
o Espiritismo
quando eu tinha
dois anos de
idade. Ele e
mais dois
companheiros,
Mário Vitoriano
e Amadeu Santos,
tornaram-se,
então, pioneiros
na divulgação da
Doutrina
Espírita em
Astolfo Dutra e
também na região
da Zona da Mata
de Minas Gerais.
O Consolador:
Dos três
aspectos do
Espiritismo –
científico,
filosófico e
religioso – qual
é o que mais o
atrai?
–
O aspecto
filosófico, por
responder com
clareza e lógica
aos nossos
questionamentos.
O Consolador:
Que autores
espíritas mais
lhe agradam?
–
Carlos
Imbassahy,
Ernesto Bozzano,
André Luiz e
Camilo Castelo
Branco.
O Consolador:
Que livros
espíritas você
considera de
leitura
indispensável
aos confrades
iniciantes?
–
Os que Kardec
recomendou: “O
que é o
Espiritismo” e
“O Livro dos
Espíritos”,
complementados
pela literatura
mediúnica de boa
procedência.
O Consolador: Se
você fosse
passar alguns
anos num lugar
remoto, com
acesso restrito
às atividades e
trabalhos
espíritas, que
livros espíritas
levaria?
–
As obras básicas
de Allan Kardec;
a coleção de
André Luiz e os
livros ditados
por Humberto de
Campos.
O Consolador:
Para você, o
Espiritismo é
uma religião?
–
A despeito do
que pensam
alguns
preconceituosos,
o Espiritismo
não é apenas
mais uma
religião. É a
religião do
futuro, a que
vem tornar
possível a
religação
definitiva do
homem com Deus.
O Consolador: Um
tema que
suscita
geralmente
debates
acalorados diz
respeito à obra
publicada na
França por J. B.
Roustaing. Qual
é sua apreciação
dessa obra?
–
É uma obra bem
escrita, daí sua
aceitação por
vultos
respeitáveis do
movimento
espírita, no
início do século
passado, mas com
erros grosseiros
de interpretação
do texto bíblico
e em contradição
clara com
princípios
estabelecidos
nas obras
básicas da
doutrina.
Parece-me uma
tentativa de
seus autores,
sabe-se lá por
que motivos, de
acomodarem os
princípios do
Espiritismo,
como doutrina
nascente, às
práticas
católicas,
usuais na vida
social daqueles
que começavam a
se aproximar da
nova mensagem.
Seria uma forma
de não deixar
que se
afastassem da
Igreja os que se
convencessem da
verdade
espírita.
O Consolador: Um
outro assunto em
que a prática
espírita às
vezes diverge
está relacionado
com os chamados
passes
padronizados,
propostos na
obra de Edgard
Armond. Embora
saibamos que em
geral a opção
dos espíritas
brasileiros seja
tão-somente pela
imposição das
mãos tal como
recomenda J.
Herculano Pires,
qual é sua
opinião a
respeito?
–
Penso que ainda
há uma certa
confusão em
nosso meio com
referência aos
passes que
costumamos
aplicar em
nossos centros
espíritas. Não
decidimos se
devemos seguir a
simplicidade
demonstrada por
Jesus, ou seja,
a simples
imposição das
mãos, ou se
fazemos renascer
a sofisticada
técnica usada
pelos
magnetizadores
do século XVIII.
Talvez a
confusão venha
daí. Nada há
mais simples,
como dizia
Herculano Pires,
do que a
aplicação do
passe. O segredo
está na mente,
na força da
vontade e do
pensamento. O
resto são
filigranas sem
nenhuma
importância.
O Consolador:
Como você vê a
discussão em
torno do aborto?
No seu modo de
ver as coisas,
os espíritas
deveriam ser
mais ousados na
defesa da vida,
como tem feito a
Igreja?
–
Volta e meia o
problema do
aborto reaparece
na cena das
discussões. E o
lamentável é que
seus paladinos
quase sempre são
homens
responsáveis
pela
administração
pública.
Preocupados com
as despesas
públicas; com os
gastos na saúde,
na educação, com
as
aposentadorias.
É preciso
diminuir os
nascimentos,
sobretudo dos
pobres, porque
os ricos já não
gostam mesmo de
filhos, não têm
tempo para
filhos. Precisam
gozar a vida.
Filhos tomam
muito tempo da
gente.
Precisamos sim,
nós, espíritas,
ser mais
audaciosos no
combate a esses
criminosos que
querem a todo
custo legalizar
a prática do
mais covarde de
todos os crimes
que o ser humano
possa cometer. E
não apenas nesse
caso. Temos que
ser mais
presentes no
combate à
corrupção de
qualquer tipo
que tem estado
presente em
todos os níveis
da administração
pública
brasileira.
O Consolador: A
eutanásia, como
sabemos, é uma
prática que não
tem o apoio da
Doutrina
Espírita. Kardec
e outros
autores, como
Joanna de
Angelis, já se
posicionaram
sobre esse tema.
Surgiu, no
entanto,
ultimamente a
idéia de
ortotanásia,
defendida até
mesmo por
médicos
espíritas. Qual
a sua opinião a
respeito?
–
Muda-se apenas a
técnica: em vez
de acelerar a
morte, como se
faz na
eutanásia,
procura-se não
impedir que a
morte chegue
logo. É o velho
interesse ditado
pelo egoísmo dos
que estão
presentes no
processo. É
eliminar logo o
grande problema
que o doente nos
traz. Queremos
corrigir a vida
e corrigir a
Deus. Claro que
há sempre por
trás da demora
do óbito um
objetivo maior.
Seja para quem
está partindo,
seja para os
parentes que
ficam. Nem
eutanásia, nem
ortotanásia.
O Consolador: O
movimento
espírita em
nosso país lhe
agrada ou falta
algo nele que
favoreça uma
melhor
divulgação da
Doutrina?
–
Penso que está
faltando uma
melhor
programação
voltada para os
jovens. Não vejo
hoje a mesma
força que vi na
juventude
espírita ao
tempo da minha
mocidade, na
segunda metade
do século
passado, com a
criação e
organização de
mocidades
espíritas junto
às casas
espíritas
naquela
oportunidade.
O Consolador:
Como você vê o
nível da
criminalidade e
da violência que
parece aumentar
em todo o país e
como nós,
espíritas,
podemos cooperar
para que essa
situação seja
revertida?
–
Parece-me que
essa violência
decorre da
oportunidade
derradeira que
estão tendo
alguns
Espíritos, antes
do degredo a que
serão
submetidos, em
face da evolução
do planeta
Terra, anunciada
para o curso do
Terceiro
Milênio. Nosso
trabalho para
que a violência
seja reduzida
deve continuar
sendo a
divulgação dos
princípios
doutrinários,
apoiada no
exemplo
edificante
permanente.
O Consolador: A
preparação do
advento do mundo
de regeneração
em nosso planeta
já deu, como
sabemos, seus
primeiros
passos. Daqui a
quantos anos
você acredita
que a Terra
deixará de ser
um mundo de
provas e
expiações,
passando
plenamente à
condição de um
mundo de
regeneração, em
que, segundo
Santo Agostinho,
a palavra “amor”
estará escrita
em todas as
frontes e uma
equidade
perfeita
regulará as
relações
sociais?
–
A passagem do
nosso planeta de
mundo de
expiação e
provas para
mundo de
regeneração não
se dará numa
data certa, como
costuma ocorrer
conosco quando
completamos um
curso e
recebemos um
diploma. Será o
resultado de um
processo lento,
gradual e
progressivo que
começou há
muitos anos e
vai
completar-se,
com certeza, ao
longo deste
terceiro
milênio.
O Consolador: Em
face dos
problemas que a
sociedade
terrena está
enfrentando,
qual deve ser a
prioridade
máxima dos que
dirigem
atualmente o
movimento
espírita no
Brasil e no
mundo?
–
Fidelidade à
doutrina,
simplicidade nas
atitudes,
solidariedade
entre todos,
fraternidade e
amor.
|