LEONARDO MACHADO
leo@leonardomachado.com.br e www.leonardomachado.com.br
Recife, Pernambuco (Brasil)
Só por hoje
“Deus não dá
prova superior
às forças
daquele que a
pede; só permite
as que podem ser
cumpridas. Se
tal não sucede,
não é que falte
possibilidade:
falta a
vontade.” (1)
“Não vos faltam
os exemplos,
rara é apenas a
boa-vontade.
[...] Mas, se
cada um o
quisesse,
bastaria a sua
própria vontade
e a ajuda de
Deus.” (2)
O mundo, de
fato, anda
bastante
conturbado. E,
nesta balbúrdia,
o que antes era
tido como
estranho ou
vulgar, hoje se
vai tornando
normal. Além
disso, valores e
virtudes
essenciais,
porque
esquecidos,
tornaram-se, aos
olhos do mundo,
antiquados ou
são mal
interpretados.
Felizmente,
porém, há
correntes na
contramão disto
tudo.
Como seja, a
realidade é que
ser jovem,
mormente na
atualidade, não
é tarefa das
mais fáceis, uma
vez que, se
antes as portas
dos convites às
ilusões estavam
se abrindo ou
mesmo abertas,
hoje, costumo
dizer, elas nem
mais existem. Há
somente, para
facilitar o
processo, um
grande buraco,
que,
paulatinamente,
vai sendo
alargado por
pessoas
desavisadas.
Neste contexto,
caro (a) amigo
(a) de
juventude,
perguntas-me
como podes fazer
para continuar
no caminho do
bem, apesar dos
imensos convites
da humanidade.
Às vezes,
começas com
vigor, mas os
chamamentos aos
desvios,
dize-mes, são
demasiado fortes
que acabam
levando-te a
sair da rota,
antes, traçada.
Realmente, é
difícil. Mas
será impossível
vencer-se a si
mesmo e caminhar
de modo
diferente?
Um compositor e
cantor, famoso à
sua época,
chamado Renato
Russo, líder de
uma banda de
rock – Legião
Urbana
−,
segundo ele
mesmo dizia, em
algumas de suas
entrevistas,
havia conhecido
diversas coisas
ruins em sua
trajetória,
como, aliás, não
é incomum em o
meio artístico.
Entretanto,
àquela altura,
quando estava a
lançar o CD O
descobrimento do
Brasil, ele
já se encontrava
cansado dos
erros e, por
isso, teve a
ocasião de
escrever uma
música
fascinante. “Só
por hoje”
era o nome dela
e dizia, mais ou
menos, assim:
“Só por hoje eu
não quero mais
chorar / Só por
hoje eu não vou
me destruir /
Aceitar o que
passou e o que
virá / Só por
hoje vou me
lembrar que sou
feliz”.
Parece-me
bastante
verdadeira esta
canção.
Desse modo, ao
invés de te
deixares cair na
ilusão mundana
só por alguns
instantes, para
depois voltares
desesperado ao
caminho do bem,
tentando a
purificação
fácil, naquela
velha dicotomia
Carpe Diem
ou Salvação,
por que não
fazeres
diferente, ao
menos só por um
dia?
Só por hoje,
então, tentemos
resistir e fazer
o oposto do que
o mundo nos
pede; amanhã, só
por amanhã;
depois de
amanhã, só por
depois de
amanhã; e,
assim,
sucessivamente,
ao longo de uma
vida, teremos
conseguido somar
um grande número
de “só por hojes”
e ter agido
melhor não só
por um dia, ou
por momentos,
mas por toda uma
encarnação.
Não se trata de
esquecer o
planejamento dos
dias
subseqüentes. Em
absoluto. Mas de
colocar este
sonho de “na
segunda eu
começo” para o
segundo
presente.
Dessa maneira,
colega jovem,
nos dias
paradoxais no
qual vivemos,
lembremo-nos,
constantemente,
como disse
Jesus, de que “a
cada dia basta o
seu mal” (3), e,
portanto, não
nos inquietemos
em demasia pelo
dia de amanhã,
fazendo, assim,
de nossa parte,
as
possibilidades
que estão ao
nosso alcance,
hoje.
Bibliografia:
3) Mateus, 6:34.