ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
Lei de reabilitação moral
dos Espíritos
“A misericórdia
de Deus é
infinita, mas
não é cega. O
culpado que ela
atinge não fica
exonerado e,
enquanto não
houver
satisfeito à
justiça, sofre a
conseqüência dos
seus erros”.
Allan Kardec (1)
O Código Penal
da Vida Futura,
exposto no livro
“O Céu e o
Inferno”,
mostra-nos,
em toda pujança,
os mecanismos
das Leis Divinas
que regem os
nossos destinos;
mecanismos esses
bem distantes
das idéias que
deles tinham os
nossos avoengos
e ainda têm
muitas criaturas
pertencentes a
diversas
titularidades
religiosas.
Os parágrafos 16
e 17, do Código
Penal da Vida
Futura (1),
indicam-nos o
caminho da
reabilitação
moral em sua
totalidade.
Tal reabilitação
só é conseguida
após a passagem
do Espírito em
três patamares
de situações bem
distintas,
constituídas
pelo
arrependimento,
pela
expiação e
pela
reparação:
“(...)
Arrependimento,
expiação e
reparação
constituem,
portanto, as
três condições
necessárias para
apagar os traços
de uma falta e
suas
conseqüências.
O arrependimento
suaviza os
travos da
expiação,
abrindo pela
esperança o
caminho da
reabilitação;
só a reparação,
contudo, pode
anular o efeito
destruindo-lhe a
causa. Do
contrário, o
perdão seria uma
graça, não uma
anulação.
(...) A
reparação
consiste em
fazer o bem
àqueles a quem
se havia feito o
mal. Quem não
repara os seus
erros numa
existência, por
fraqueza ou
má-vontade,
achar-se-á numa
existência
ulterior em
contato com as
mesmas pessoas
que de si
tiverem queixas,
e em
condições
voluntariamente
escolhidas,
de modo a
demonstrar-lhes
reconhecimento e
fazer-lhes tanto
bem quanto mal
lhes tenha
feito”.
Foi para evitar
o desdobramento
das
conseqüências de
uma falta nas
reencarnações
posteriores é
que Jesus
recomendou em
regime de
urgência:
“Reconciliai-vos
o mais depressa
possível com
o vosso
adversário,
enquanto estais
com ele a
caminho,
para que ele não
vos entregue ao
juiz, o juiz não
vos entregue ao
ministro da
justiça e não
sejais metidos
em prisão. —
Digo-vos, em
verdade, que daí
não saireis,
enquanto não
houverdes pagado
o último
ceitil”.
(Mateus, 5:25 e
26.)
Enquanto o
arrependimento e
a expiação só
agem no âmbito
subjetivo, a
reparação
desdobra-se no
objetivo, isto
é, os dois
primeiros dizem
respeito tão
somente ao
infrator. Mas
quem comete uma
falta,
perpetra-a
contra alguém;
assim, só
através da
reparação,
conseguir-se-á a
alforria
desejada.
Segundo o
ínclito
Codificador do
Espiritismo (1):
“A necessidade
da reparação é
um princípio de
rigorosa
justiça, que se
pode considerar
verdadeira lei
de reabilitação
moral dos
Espíritos.
Entretanto, essa
doutrina
religião alguma
ainda a
proclamou.
Algumas pessoas
repelem-na
porque acham
mais cômodo o
poderem
quitar-se das
más ações por um
simples
arrependimento,
que não custa
mais que
palavras, por
meio de algumas
fórmulas.
Contudo,
crendo-se,
assim, quites,
verão mais tarde
se isso lhes
bastava.
Nós poderíamos
perguntar se
esse princípio
não é consagrado
pela lei humana,
e se a justiça
divina pode ser
inferior à dos
homens? E mais:
se essas leis se
dariam por
desafrontadas
desde que o
indivíduo que as
transgredisse,
por abuso de
confiança, se
limitasse a
dizer que as
respeita
infinitamente.
Por que hão de
vacilar tais
pessoas perante
uma obrigação
que todo homem
honesto se impõe
como dever,
segundo o grau
de suas forças?
Quando esta
perspectiva de
reparação for
inculcada na
crença das
massas, será um
outro freio aos
seus desmandos,
e bem mais
poderoso que o
inferno e
respectivas
penas eternas,
visto como
interessa à Vida
em sua plena
atualidade,
podendo o homem
compreender a
procedência das
circunstâncias
que a tornam
penosa,
ou a sua
verdadeira
situação”.
Eis alguns dos
pensamentos de
Joanna de
Ângelis acerca
deste tema, que
pinçamos de suas
obras (2) para
nossas
reflexões:
“(...) Mantém a
serenidade no
íntimo e roga as
dádivas da paz,
no futuro; mas
suplica,
sobretudo,
coragem e
humildade no
resgate,
abraçado ao amor
puro e simples
que te alçará,
de alma feliz,
ao serviço livre
em favor de
todos os
companheiros a
quem deves.
(...) O que
muitas vezes tem
aparência de
desgraça, quase
sempre é resgate
intransferível e
valioso que
assoma à
alfândega do
devedor,
cobrando-lhe os
débitos
livremente
assumidos e
aceitos.
(...) Mentes
vinculadas entre
si por estranhas
amarras de ódio,
ciúme e inveja
que incendeiam
paixões, são
reunidas
novamente em
Vidas Futuras,
atravessando os
portais da
Imortalidade,
através de
resgates
coletivos, como
coletivamente
espoliaram,
destruíram,
escarneceram,
aniquilaram...”
Por tudo isso,
podemos
compreender
melhor o valor
do perdão e do
amor apregoados
e exemplificados
pelo Meigo Zagal
Celeste, que
através da
abnegação e da
resignação
conseguiu levar
até o fim o Seu
fardo de dores e
lutas,
mostrando-nos o
caminho
luminoso, embora
muitas vezes
áspero, da
renovação
espiritual.
Bibliografia:
1)
KARDEC, A. O Céu
e o Inferno – 1ª
parte – Capítulo
VII – Código
Penal da Vida
Futura.