Charles Kempf:
"As forças do
mal estão
jogando
suas últimas
cartas"
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Em meio a muitos
compromissos de
uma vida corrida
em função dos
trabalhos da
Doutrina
Espírita, o
companheiro
francês Charles
Kempf nos deu a
honra de
participar desta
edição de
O Consolador.
Personalidade
conhecida no
mundo espírita
pelo intenso e
importante
trabalho
realizado junto
aos companheiros
do Conselho
Espírita
Internacional (CEI),
Charles desde
sua adesão ao
Espiritismo é
trabalhador
incansável na
divulgação da
Doutrina em todo
o mundo. Para
ele o
Espiritismo nos
ajuda a
encontrar as
respostas que
sempre
procuramos.
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“O Espiritismo
proporciona uma
fé raciocinada,
aliando assim a
ciência com a
religião”,
afirma o
confrade. “Ele
dá respostas
claras e lógicas
às questões
existenciais: de
onde viemos,
quem somos, para
onde vamos,
mostrando assim
um roteiro de
vida firme e
seguro que nos
assegurará a
felicidade na
medida em que o
colocarmos em
prática.” E
acrescenta: “Ele
também mostra
que a prática da
caridade,
conforme os
ensinamentos de
Jesus e de
muitos outros
missionários, é
que permite o
progresso da
Humanidade e o
nosso próprio
progresso”.
Eis a entrevista
que Charles
Kempf nos
concedeu:
O CONSOLADOR:
Charles, onde
você nasceu?
– Na cidade de
Thann, na
França.
O CONSOLADOR:
Onde mora
atualmente?
– Em Cravanche,
perto de Belfort,
França.
O CONSOLADOR:
Quando e por que
se mudou para o
atual domicilio?
– Depois de
formado, fui
primeiro para o
Brasil, de 1982
até 1990, e
depois para
Belfort, onde
encontrei um
emprego em que
permaneço até
hoje.
O CONSOLADOR :
Qual é a sua
formação
escolar?
– Engenheiro
formado pela
Escola de Minas
de Paris.
O CONSOLADOR:
Que cargos ou
funções você já
exerceu no
movimento
Espírita?
– Conheci o
Espiritismo em
1985 no Brasil
e me filiei à
Union Spirite
Française et
Francophone em
1992, depois do
retorno à
França.
Fui vice-presidente
desta
instituição,
encarregado dos
assuntos
internacionais,
de 1995 até
2007. Fundei o
Centre d' Etudes
Spirites Léon
Denis em 1997, o
qual dirijo até
hoje. Sou
Secretário da
Coordenadoria da
Europa do
Conselho
Espírita
Internacional (CEI)
desde 1997. Fui
eleito membro da
Comissão
Executiva do CEI
em 2004, e
Primeiro
Secretário em
outubro de 2007.
Sou membro
fundador do
Conselho
Espírita
Francês, criado
em junho de
2007, do qual
sou também
membro da
Comissão
Executiva.
O CONSOLADOR:
Quando você teve
o seu primeiro
contacto com o
Espiritismo?
– Por volta de
1985, no Recife,
capital de
Pernambuco
(Brasil).
O CONSOLADOR:
Houve algum fato
ou circunstância
especial que
haja propiciado
esse contacto?
– Um problema de
obsessão de uma
pessoa da
família.
O CONSOLADOR:
Qual foi a
reação de sua
família ante sua
adesão à
Doutrina
Espírita?
– Positiva, pois
o problema
mencionado acima
foi resolvido
pelo grupo onde
fomos atendidos,
vinculado à
Federação
Espírita de
Pernambuco.
O CONSOLADOR:
Dos três
aspectos do
Espiritismo -
ciência,
filosofia,
religião - qual
o que mais o
atrai?
– Os três.
“Se Jesus foi
agênere ou não,
é uma
questão
secundária”
O CONSOLADOR:
Que autores
espíritas mais
lhe agradam?
– Kardec, Léon
Denis, Gabriel
Delanne, Ernesto
Bozzano, Chico
Xavier, Frederic
Myers, Richard
Simonetti,
Marlene Nobre...
O CONSOLADOR:
Que livros
espíritas que
tenha lido você
considera
indispensáveis
ao confrade
iniciante?
– O Livro dos
Espíritos e
as outras obras
de Kardec.
O CONSOLADOR: As
divergências
doutrinárias no
meio espírita
reduzem-se a
poucos assuntos.
Um deles diz
respeito ao
chamado
Espiritismo
laico. Para você
o Espiritismo é
uma
religião?
– O Espiritismo
é uma Religião
no sentido
profundo da
palavra (que vem
do latim
religare =
ligar), na
medida em que o
Espiritismo nos
liga com Deus. O
Espiritismo não
é uma religião
no sentido comum
da palavra, na
medida em que
ele não tem
hierarquia
sacerdotal,
rituais, dogmas,
altares,
procissões,
missas,
batizados, etc.
O CONSOLADOR:
Outro assunto
que suscita
debates
acalorados diz
respeito à obra
do francês J. B.
Roustaing. Qual
a sua apreciação
dessa obra?
– Não a li
ainda, mas, pelo
pouco que sei,
ele apresenta a
teoria que Jesus
teria sido um
agênere. Agênere
ou não, isso não
tira um
pouquinho sequer
da beleza dos
ensinos que
Jesus nos legou,
o que é o mais
importante, na
medida em que a
finalidade de
cada espírita
deve ser a
prática da
caridade seguida
do "Amai ao
próximo". Se
Jesus foi
agênere ou não,
é uma questão
secundária.
O CONSOLADOR: Um
outro tema em
que a prática
espírita às
vezes diverge
está relacionado
com os chamados
passes
padronizados,
propostos na
obra de Edgard
Armond, embora
saibamos que o
mais comum seja
tão-somente a
imposição de
mãos, tal como
recomenda José
Herculano Pires.
Qual a sua
opinião a
respeito?
– Aqui também, o
mais importante
é a vontade do
passista em
fazer o bem, sua
higiene física e
moral, a
assistência do
seu guia
espiritual.
O CONSOLADOR:
Como vê a
discussão em
torno do aborto?
No seu modo de
ver as coisas,
os espíritas
deveriam ser
mais ousados na
defesa da vida,
como tem feito a
Igreja?
– Pelas notícias
que chegaram no
ano passado do
Brasil, os
espíritas
brasileiros se
mostraram bem
fortes e
organizados nos
argumentos e nas
ações, sempre
ficando
corretos, na
calma, na
tolerância, no
amor ao próximo.
Conforme o
resultado desse
grande debate
público no
Brasil, e no
caso em que a
lei seja
rejeitada, isto
terá uma
repercussão
internacional e
vai nos ajudar,
nos outros
países, para
trabalharmos no
mesmo sentido,
alertando a
opinião pública
em favor da
vida.
“O Movimento
Espírita no
Brasil já está
muito
bem estruturado"
O CONSOLADOR:
A eutanásia,
como sabemos, é
uma prática que
não tem o apoio
da Doutrina
Espírita. Kardec
e outros
autores, como
Joanna de
Ângelis, já se
posicionaram
sobre esse tema.
Surgiu, no
entanto,
ultimamente a
idéia da
ortotanásia,
defendida até
por médicos
espíritas. Que
você pensa a
respeito?
– Concordo com a
idéia da
ortotanásia, ou
seja, desencarnação
no momento certo
definido pela
natureza, nem
antes
(eutanásia), nem
depois
(distanásia).
O CONSOLADOR:
Você tem
contacto com o
movimento
espírita
brasileiro?
Considera-o
atuante, ou
falta nele algo
que favoreça uma
melhor
divulgação da
doutrina?
– O Movimento
Espírita no
Brasil já está
muito bem
estruturado e
vai se adaptando
ao progresso da
sociedade e da
tecnologia. Os
espíritas
brasileiros
estão dando uma
ajuda muito
preciosa aos
pequenos
movimentos
espíritas dos
outros países,
por intermédio
do CEI.
O
CONSOLADOR: Como
você vê o nível
da criminalidade
e da violência
que parece
aumentar em todo
o mundo e como
nós espíritas
podemos cooperar
para que essa
situação seja
revertida?
– Pela educação,
pela caridade e
pela divulgação
da Doutrina. As
forças do mal
estão jogando
suas últimas
cartas nesta
fase de
transição por
que está
passando a
Terra.
O CONSOLADOR: Em
face dos
problemas que a
sociedade
terrena está
enfrentando,
qual deve ser a
prioridade
máxima dos que
dirigem
atualmente o
movimento
espírita no
Brasil e no
mundo?
– Conforme já
mencionado
anteriormente,
os espíritas
devem continuar
dando o exemplo
de comportamento
segundo as
idéias que
professam,
unindo-se,
organizando-se
de modo a
ampliar, aperfeiçoar e
fortificar suas
ações.
O CONSOLADOR: A
preparação do
advento do mundo
de regeneração
em nosso planeta
já deu, como
sabemos, seus
primeiros
passos. Daqui a
quantos anos
você acredita
que a Terra
deixará de ser
um mundo de
expiação e de
provas, passando
plenamente à
condição de
mundo de
regeneração, em
que, segundo
Santo Agostinho,
a palavra amor
estará escrita
em todas as
frontes e uma
equidade
perfeita
regulará as
relações
sociais?
– Não existe
transição brusca
na natureza.
Isto se fará
progressivamente
em alguns
séculos, que são
um pequeno
instante diante
da eternidade.
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