Consolai
Antero de Quental
Se eu pudesse diria,
eternamente,
Aos flagelados e
desiludidos
Que sobre a Terra os
grandes bens perdidos
São a posse da luz
resplandecente.
A dor mais rude, a mágoa
mais pungente,
Os soluços, os prantos,
os gemidos,
Entre as almas são
louros repartidos
Muito longe da Terra
impenitente.
Oh! Se eu pudesse, iria,
em altos brados,
Libertar corações
escravizados
Sob o guante de enigmas
profundos!
Mas, dizei-lhe, ó vós
que estais na Terra,
Que a luz espiritual da
dor encerra
A ventura imortal dos
outros mundos.
Antero de Quental nasceu
nos Açores, em 1842, e
faleceu, por suicídio,
em 1891. Este é um dos
seus sonetos, chegados a
nós, pela psicografia de
Chico Xavier.