LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
Nascer de novo
Nosso tema está ligado
ao conceito de
reencarnação, que
significa nascer em
outros corpos, tantas
vezes quantas forem
necessárias, com a
finalidade de
evoluirmos. Mas, o que
acontece conosco entre o
nascer novamente e o
morrer mais uma vez,
atendendo a essa
necessidade evolutiva?
Existe uma frase de
Emmanuel que abre uma
porta para que possamos
compreender o que Jesus
pretendeu dizer com
“Necessário vos é nascer
de novo.” Diz o querido
Instrutor Espiritual:
“Falhas do passado
procuram-te o espírito
irresponsável, seja no
corpo, na família, na
sociedade ou na
profissão, pedindo-te
reajuste” (3). Parece
claro, portanto, que
temos o corpo ideal, a
família necessária, o
lugar propício e a
melhor profissão para
saldarmos, diante de
Deus, os nossos débitos
com Suas Leis. Bendito
seja, pois, o retorno ao
corpo, através do qual
poderemos nos empenhar,
de novo, em trabalho e
aprendizado daquilo que
deixamos de fazer ou que
fizemos mal feito.
Essas palavras de
Emmanuel nos permitem
refletir nos caminhos
que temos para esse
recomeçar, porque todas
as vezes que falamos em
renascer só pensamos em
reencarnação na carne,
ou seja, em novo corpo
físico para continuar o
processo evolutivo.
Entretanto, quando
paramos e prestamos
atenção ao que acontece
ao nosso redor e em
nossa própria vida,
podemos nos dar conta de
que esse renascimento é
contínuo e não apenas
após morrer e renascer
em novo corpo.
Senão, vejamos: os anos
se sucedem, sempre, da
mesma maneira, e isto é
um processo matemático:
depois de 2004 virá,
necessariamente, 2005.
Mas, os dias não. Estes,
se prestarmos atenção,
são sempre novos. Temos,
então, 365 novas
oportunidades, a cada
ano, para a renovação
moral, para realizarmos
coisas incríveis, em nós
e para aqueles que estão
ao nosso redor. Já
imaginaram o que poderá
acontecer durante toda
uma existência?
Diante desta
constatação, fica uma
pergunta que
necessitamos fazer a nós
próprios e que não pode
mais ser adiada: o que
estamos fazendo com esse
tempo precioso?
Tristemente, a maioria
de nós mantém-se
guardando os detritos e
as sombras do passado,
mesmo aqueles que vêm
revestidos, mascarados
de encantamento e prazer
ilusórios. Se, ao invés
de conservarmos esse
vinagre e esse fel ainda
hoje, porque não
guardarmos na memória
apenas o que foi bom e
justo, belo e nobre? O
que aconteceu, já
aconteceu. Já passou e
deve ficar como lição
para que o nosso
presente, nosso renascer
neste dia, seja baseado
na experiência vivida
que nos enriquece, que
nos permite caminhar,
hoje, com segurança.
Outra atitude que,
infelizmente, ainda
mantemos como resquício
desse passado já tão
repleto de enganos é o
de deixar que outros
façam aquilo que nos
compete. Continuamos
esperando que os amigos
espirituais, nossos
benfeitores, realizem
por nós e para nós
aquilo que o comodismo,
não nos permite fazer.
Tornamo-nos, assim,
escravos de nossas
próprias imperfeições.
O ensinamento de Jesus
nos alerta para esse
comportamento de
desleixo, de descaso
para com nossas
obrigações diante da
Vida. A nossa
negligência nos fará
retornar ao corpo
material,
necessariamente, com
cargas de trabalho muito
maiores do que a que
supomos ter hoje.
Reportando-se à questão
676, do O Livro dos
Espíritos, Emmanuel
nos diz que “a cada
momento, o Criador
concede a todas as
criaturas a bênção do
trabalho, como serviço
edificante, para que
aprendam a criar o bem
que lhes cria luminoso
caminho para a glória na
Criação” (4). Todavia, o
fato de praticarmos o
bem, de sermos fraternos
com os companheiros
necessitados e
trabalharmos como
auxiliares de Jesus na
Seara do Pai, não nos
exime dos compromissos
anteriormente assumidos
por conta dos nossos
enganos. O trabalho é
uma dádiva celeste
porque nos fortalece
para termos condições
melhores de suportar a
carga de
comprometimentos que
trazemos e nos protege
para que não venhamos a
falir outra vez,
aumentando, ainda mais,
a carga de dificuldades
que já possuímos. É
através dele que
quitamos o passado, que
criamos condições para
nos realizarmos no
presente, garantindo,
por isso mesmo, os
créditos para o futuro.
Lembra-nos Emmanuel,
mais uma vez, que
“cada hora que surge
pode ser portadora de
renovação” (3). Por
isso, não podemos mais
perder tempo.
Se podemos criar agora
laços de afeto, de
amor e paz, em
substituição às
pesadas algemas de
desafeto,
façamo-lo, pois o
melhor antídoto contra
a aversão é a nossa
vontade verdadeira de
compreender e perdoar
aqueles que ainda não
nos compreendem ou
perdoam.
É importante
mostrarmos aos que nos
cercam que temos novas
disposições para
enfrentarmos as
dificuldades, sejam elas
quais forem. Isso traz
alívio ao nosso coração.
A cada manhã, ao
acordarmos, agradeçamos
ao Pai a nova
oportunidade que surge,
junto com o Sol ou a
chuva, para a nossa
renovação, para o nosso
renascer. Ela não
acontece apenas quando
retornamos ao mundo
material para novas
experiências e entre
elas a de refazer
caminhos. Ela acontece
todos os dias ao
renascermos para a Vida.
Trabalhemos agora,
modificando atitudes,
renovando propósitos,
superando os obstáculos
que nos cercam,
antecipando, assim, a
vitória sobre nós
mesmos.
Bibliografia:
1 – KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo – Cap. IV
2 – EMMANUEL (Espírito).
Fonte Viva,
[psicografado por] F. C.
Xavier. 16ª ed., Rio de
Janeiro: Federação
Espírita Brasileira −
lição 56.
3 − Palavras
de Vida Eterna,
[psicografado por] F. C.
Xavier. Uberaba/MG:
Edição CEC – 1955, lição
177
4 - Religião
dos Espíritos,
[psicografado por]
F.C.Xavier. 8ª ed., Rio
de Janeiro/RJ: Federação
Espírita Brasileira –
pág. 115.
5 - Vinha de
Luz, [psicografado por]
F. C. Xavier. 14ª ed.,
Rio de Janeiro/ RJ:
Federação Espírita
Brasileira, lição 169.