WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)
Kardec e o sexo
e seus extremos
Em “O Livro dos
Espíritos”, na
questão de nº
698, Kardec faz
o seguinte
questionamento
aos sábios da
Espiritualidade:
P
−
O celibato
voluntário é
meritório aos
olhos de Deus?
R
−
Não, e os que
vivem assim por
egoísmo
desagradam a
Deus e enganam a
todos.
Na questão de nº
699, Kardec
prossegue com os
questionamentos:
P
−
O celibato não é
para algumas
pessoas um
sacrifício com a
finalidade de se
devotar mais
inteiramente ao
serviço da
humanidade?
R
−
Isso é bem
diferente; eu
disse: por
egoísmo. Todo
sacrifício
pessoal é
meritório quando
é para o bem;
quanto maior o
sacrifício,
maior o mérito.
Segue comentário
do codificador:
“Deus não pode
se contradizer
nem achar mau o
que fez. Não
pode haver
mérito na
violação de Sua
lei; mas se o
celibato, por si
mesmo, não é
meritório, não
ocorre o mesmo
quando é pela
renúncia às
alegrias da
família, um
sacrifício
decidido em
favor da
humanidade. Todo
sacrifício
pessoal para o
bem e sem o
disfarce do
egoísmo eleva o
homem acima de
sua condição
material”.
Em épocas
distantes, o
homem, ainda
pouco
espiritualizado,
considerava
necessário
agradar a Deus
com alguns
sacrifícios. O
celibato, a
abstinência
sexual era um
deles.
Por isso, na
Idade Média, o
sexo
representava a
impureza, o
pecado, chegava
mesmo a macular
a figura de quem
dele gostasse.
As mulheres,
pobres coitadas!
Eram as que mais
sofriam com a
ignorância. Nada
de prazer! Sexo
somente para a
procriação.
Essa
mentalidade,
porém, se traduz
nos dias de hoje
com os mais
variados
bloqueios
psicológicos a
impedir
criaturas de
terem uma vida
plena em todos
sentidos.
Mas continuemos.
Os tempos foram
gradativamente
se modificando.
A evolução
humana
naturalmente
impôs a mudança
no padrão de
pensamento.
Surgiu o Enovid
– primeira
pílula
contraceptiva –
proporcionando
assim uma
revolução nos
costumes.
O sexo, que
outrora era
motivo de
repugnância,
passou a ser
endeusado, antes
avacalhado,
agora
intensamente
perseguido.
De um extremo ao
outro, do
inferno ao
céu...
A mídia, na
sociedade
contemporânea,
faz o papel de
propagar uma
busca frenética
pelo sexo. Onde
há pares opostos
existe busca
insana pelo
prazer. O apelo
sexual tornou-se
produto vendável
e de grande
rentabilidade.
Os corpos bem
delineados
ganharam status
e tornaram-se
objetos de
perseguição de
todos aqueles
que querem se
enquadrar nos
padrões impostos
pela sociedade
erotizada. Os
olhos começaram
a se voltar
apenas para a
superfície,
impondo com
isso,
relacionamentos
sem bases de
afetividade e
afinidade
autênticas.
Com o sonho da
independência
financeira,
homens e
mulheres
comercializam
seus dotes
físicos. A
infidelidade é
divulgada sem
constrangimentos
por programas
televisivos com
o marketing
sutil de que
perigo é
sinônimo de
prazer.
Com isso, a
fidelidade
conjugal é
relegada a
segundo plano,
abrindo espaço
para a
proliferação de
doenças
sexualmente
transmissíveis.
E no meio desse
alvoroço, as
religiões tentam
impor limites a
seus fiéis, seus
líderes
manifestam-se de
forma a tentar
preservar seus
pupilos dos
desatinos
mundanos. Porém,
o fazem de forma
ingênua se
posicionando
contra os
métodos de
prevenção à
gravidez e
doenças
sexualmente
transmissíveis.
Esses apelos não
surtirão os
efeitos
desejados pelos
líderes
religiosos.
Nesse
particular, o
Espiritismo
acompanha o
avanço das
idéias humanas,
sem ceder às
conveniências,
nem se curvar
diante dos
modismos e dos
apelos
comerciais.
Kardec foi um
visionário, e,
ao afirmar que a
Doutrina
Espírita deveria
acompanhar a
ciência,
proporcionou que
ela continuasse
atual, com seus
princípios não
entrando em
descompasso com
a época vivida.
Por isso, o
Espiritismo
trata o assunto
referente ao
sexo com a
seriedade que
ele exige,
explicando que,
os extremos que
foram criados em
torno do sexo
são frutos da
ignorância; é
necessário
desmistificá-lo,
tirá-lo da
nociva alcunha
de tabu,
incorporando-o
ao cotidiano,
porque só assim
lhe daremos o
justo valor, nem
mais, nem menos.
E para que o
sexo seja
desmistificado,
a tarefa dos
pais é de suma
importância,
pois devem ser
eles, através do
diálogo franco e
aberto, os
esclarecedores
de seus filhos,
debatendo,
tirando dúvidas,
e, sobretudo,
instruindo, a
fim de que não
cresçam adultos
sem conhecimento
quanto essas
questões
existenciais.
Muitos são os
jovens que por
falta de diálogo
com os pais se
perdem em
dúvidas e
tormentos que
poderiam ser
evitados se
houvesse uma
maior sincronia
e amizade entre
os familiares. É
tudo questão de
se estabelecer
um elo de
confiança entre
pais e filhos,
proporcionando
uma convivência
salutar,
disposta a
abordar qualquer
assunto sob a
guante da
sinceridade.
Os meios de
comunicação
também podem
fazer sua parte,
deixando de lado
o comércio dos
atributos
físicos e os
apelos
sensacionalistas,
para debater a
questão com
maturidade,
porque é através
de sua
influência que
muitos
desavisados
precipitam-se,
trocando os pés
pelas mãos,
enredando-se em
teias de difícil
solução, que,
freqüentemente
resultam em:
● Filhos
indesejados;
porta
escancarada ao
aborto
criminoso.
● Doenças
sexualmente
transmissíveis;
clara abreviação
da existência.
● Infidelidade
conjugal;
chamariz de
crimes
passionais.
● Envolvimento
efêmero; futuras
dores de cabeça.
A real
importância do
sexo em nossa
vida
O sexo é
importante em
nossa vida? Sim,
muito colabora
para a melhoria
na qualidade de
vida, aproxima o
casal,
transforma o
astral, traz bom
humor a
repercutir em
ondas de paz e
harmonia por
toda a família.
É remédio para
depressão, é
fonte de
energia, previne
o estresse...
Contudo, nem a
vida do casal,
nem o
relacionamento
dos seres
humanos se
reduzem ao
relacionamento
sexual. Se isso
ocorre, há uma
visão distorcida
da realidade,
que pode trazer
traumas de
complicada
resolução, onde
não raro o
sentimento de
posse transforma
pessoas em
objeto.
Tratando o
assunto
concernente ao
sexo com
seriedade,
desmistificando-o
e posicionado- o
como força
criadora que é
só teremos a
ganhar:
● A infidelidade
e as doenças
sexualmente
transmissíveis
não mais terão
lugar, porque o
sexo será
praticado com
amor e
responsabilidade.
● Nada de
processos
obsessivos, onde
há vampirização
efetuada por
algozes do além,
que se
aproveitam da
invigilância
daqueles que
pensam somente
“naquilo”.
● Extinção do
aborto
criminoso,
porquanto o sexo
aliado ao amor
irá gerar uma
amada criatura.
Nada de
extremos, de
visões
enceguecidas
pelo fanatismo
obscuro, a
energia sexual
faz parte da
natureza humana,
é essência
divina a
concorrer para
nosso progresso
e felicidade,
portanto, deve
ser tratada como
tal, sem
exageros, nem
desprezos. Para
finalizar, deixo
ao leitor frase
do espírito
André Luiz,
psicografada
pelas mãos de
Chico Xavier:
"O sexo,
portanto, como
qualidade
positiva ou
passiva dos
princípios e dos
seres, é
manifestação
cósmico em todos
os círculos
evolutivos."
(André Luiz)
Pensemos nisso.