131. “Se eu - pensou
consigo o peixe -
contasse aos outros que
este peixe voador disse
algo de verdade, eles
zombariam de mim.”
Assim pensando, o
linguado recomeçou a
chafurdar o seu longo
caminho até se
reinstalar no seu lodo.
Sua experiência não
ficou, contudo,
completamente perdida,
muito embora, em certas
ocasiões, quando deixava
escapar algumas palavras
sobre o assunto, o
desprezo dos
companheiros fosse o
mesmo. Ele se sentia, no
entanto, mais feliz, e
só não compreendia por
que o pássaro não lhe
dera maiores informações
sobre a natureza do
mundo de além. (PP. 94 e
95)
132. Concluindo a obra,
Lodge diz com otimismo
que as vistas do homem
começaram a ampliar-se
de todas as maneiras,
elevando-se de sua
atenção apenas sobre a
Terra para a compreensão
do mundo infinito, de
que a Terra é mera
porção. Nessa busca,
encontrou-se por toda a
parte um sistema de leis
que governa o imenso e o
infinitamente pequeno,
não sendo a Terra
exceção. (P. 97)
133. O homem descobriu
que, assim como os
nossos corpos se gastam
e somos obrigados a
deixá-los na terra,
nenhum objeto material é
permanente e cedo ou
tarde cai em ruínas.
Contudo, a alma de uma
coisa não se acha na sua
aparência material. O
lado material de um
quadro é a tela e as
cores; nada mais poderia
ser descoberto pelo
microscópio, que não é
capaz de detectar a sua
alma, a sua
significação, a sua
realidade, que
desaparecem a partir do
momento em que o objeto
material foi assim
considerado
analiticamente. (P. 97)
134. Acontece o mesmo
com nosso corpo. Quando
dissecado, nenhum exame
pode descobrir nele a
alma ou o Espírito.
É que o Espírito utiliza
e domina a matéria.
Usa-a para fins de
demonstração e execução,
emprega-a como um
veículo de manifestação,
mas é um erro capital
identificar o pensamento
e a personalidade com
qualquer aglomeração de
átomos. O cérebro é uma
massa mole de matéria,
combinada para reagir
sob a ação do
pensamento, para receber
e transmitir impressões,
mas o cérebro não pode
ver, nem ouvir, nem
imaginar. Tais coisas
são devidas somente ao
Espírito, de que o
cérebro é o instrumento.
(P. 98)
135. Confundir o nosso
ser verdadeiro com o seu
instrumento é uma
imbecilidade. (P. 98)
136. Identificar a força
que anima o veículo com
o próprio veículo
significa tornar-nos
ridículos e fechar os
olhos à realidade. Um
violão ou um órgão é um
instrumento, mas a
música pede um músico.
Nós mesmos não somos
matéria. Utilizamos a
matéria e depois a
abandonamos. (P. 99)
137. Nós não estamos
destinados a morrer, não
sofremos desgaste algum,
temos uma existência
permanente além da vida
do organismo material,
herança comum da criação
animal, que é o Espírito
criador e diretor que
constitui
verdadeiramente o nosso
“eu”. (P. 100)
138. O elemento
permanente no homem é o
caráter, a vontade. É
ele que determina nosso
destino. Somos
superiores ao mecanismo,
não somos conduzidos por
ele. Não corremos sobre
trilhos como os trens,
não temos leme, somos
livres para escolher os
nossos caminhos. (P.
100)
139. O homem, tal como o
conhecemos, é um produto
recente da evolução que
não soube ainda
controlar sabiamente o
seu invólucro material.
Ele se engana sobre a
importância relativa das
coisas, mas indivíduos
inspirados asseguram que
podemos conseguir nossa
salvação pelos próprios
esforços. As sementes da
boa vontade já foram
lançadas e, quando
florirem, as gerações
futuras herdarão um
paraíso terrenal digno
do longo trabalho de
preparação, de
sofrimento e de esforço
que foram a obra das
primeiras etapas. A
Terra será então
verdadeiramente um corpo
celestial e o Reino do
Céu a nossa última
recompensa. (P. 101)
140. A
humanidade está no
início de sua evolução e
resta ainda muito tempo
diante de nós. (P. 101)
141. Não estamos sós no
mundo. Não somos senão
uma parte dos seres que
lutam por condições
melhores. Um grande
exército está em
atividade, não para
destruir, mas para a
obra de regeneração, de
ajuda e de orientação e
tudo isto está submetido
a um Poder Superior além
da nossa imaginação, que
trabalha por meio de
leis, por meios físicos
e com o auxílio de
agentes que não podemos
conhecer ainda, mas com
os quais somos felizes
em aprender. (P. 102)
142. O destino de cada
indivíduo depende dele
mesmo. O destino de cada
raça depende de nós e
daqueles que nos
precederam. Essa
condição mais feliz, que
se chama Reino do Céu, é
o começo e o fim, e um
dia será alcançado na
Terra. (P. 102)