Octávio Caúmo
Serrano:
A experiência de
um
conhecido
articulista
Paulista, mas
residindo agora
no Nordeste, o
entrevistado
acumula atuação
na imprensa,
como dirigente
espírita e
como orador,
além da visão de
duas regiões do
Brasil
Octávio Caúmo
Serrano
(foto)
nasceu em São
Paulo, acreditou
buscar qualidade
de vida em outra
região do país e
entendeu depois
a programação
reencarnatória.
Técnico em
Contabilidade,
vive a
experiência de
participar de
duas
instituições com
o mesmo nome, em
São Paulo e João
Pessoa, além do
convívio com
várias
instituições
onde profere
palestras em seu
atual Estado.
Tomou contato
com o
Espiritismo em
1974 e tornou-se
muito conhecido
com sua coluna
mensal na
Revista
Internacional de
Espiritismo (RIE),
na qual escreve
desde 1990.
Autor de vários
livros, nosso
entrevistado
revela seu pensamento sobre vários assuntos
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relacionados
ao movimento
espírita.
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–
Quantos livros
você já tem
publicados?
Além da
doutrina, gosto
da poesia e da
literatura em
geral. Publiquei
dois livros que
são coletânea de
artigos que
escrevi para a
imprensa
espírita:
Pontos de Vista
e Modo de Ver,
prefaciados
respectivamente
pelos saudosos
Miguel Pereira e
Alberto de Souza
Rocha, ambos
distribuídos
pela Casa
Editora O
Clarim. Escrevi
alguns,
praticamente
esgotados:
Trovas da
Codificação,
uma abordagem
sobre O Livro
dos Espíritos,
Luz no Túnel e O
Grande Mar,
poemas, Tchau
São Paulo, com
crônicas sobre a
grande
metrópole, e um
opúsculo sobre
Os Essênios, que
podemos enviar
aos interessados
que solicitarem
pelo e-mail
caumo@caumo.com.
Trovas da
Codificação pode
ser encontrado
na internet nos
sites de
pesquisa.
– Há quantos
anos está com a
coluna bilíngüe
na RIE?
Iniciamos a
coluna em julho
de 1998, há
quase dez anos,
com o artigo
“Onde foi que eu
errei?”, de
muito boa
repercussão,
porque aborda o
problema de mães
e filhos. É uma
experiência
interessante e
creio que levou
muitos sites e
editoras a
copiarem a idéia
de O Clarim.
Hoje, há farta
literatura em
espanhol nas
revistas e na
NET. Nunca
estudamos
espanhol.
Falamos e
escrevemos como
autodidatas de
“recordações
reencarnatórias”.
Daí algumas
expressões
traduzidas ao pé
da letra que não
têm a fidelidade
da fala nativa.
Creio, no
entanto, que
todos
compreendem
muito bem. Há
alguns meses
temos uma
confreira
boliviana, Maria
Renee, que nos
ajuda para que o
texto seja mais
bem feito.
– Sobre a
experiência com
a instituição
espírita em João
Pessoa (PB) e
com as palestras
pelo Estado, o
que você pode
dizer-nos?
A Casa Espírita
de João Pessoa,
o Centro
Kardecista Os
Essênios, é uma
casa rigorosa
quanto à
disciplina. Até
fechamos a porta
no início dos
trabalhos. Não
aceitamos
permitir tudo
para ter casa
cheia, embora a
nossa tenha boa
freqüência.
Inspiramo-nos na
comunidade
essênia, zelosa
nesse ponto. E,
afinal, como diz
o lúcido
confrade José
Raul Teixeira,
não temos de
trazer os
hábitos da rua
para o Centro,
mas levar os
hábitos do
Centro para a
rua. Só assim
melhoramos a
sociedade.
Fazemos também
palestras em
diferentes casas
espíritas,
incluindo a
Federação local.
Na Capital
existem mais ou
menos 30 centros
e no estado,
130.
–
Que critério
utiliza para
elaboração de
seus artigos da
RIE e d´ O
CLARIM e na
escolha dos
temas?
Meus artigos
nascem da
inspiração, da
observação e do
conhecimento. Ao
visitar casas
espíritas
observamos o
comportamento
dos dirigentes,
trabalhadores e
público e
analisamos se
estão coerentes
com a proposta
de Jesus,
explicada pelos
Espíritos a
Allan Kardec.
Procuramos
também temas
polêmicos para
dar-lhes versão
racional. Por
exemplo, a
caridade que
aparentemente
tudo tolera, mas
que no capítulo
X de O Evangelho
segundo o
Espiritismo São
Luís deixa claro
que podemos
repreender o que
está errado. Um
mero exemplo
para ser lido
atentamente.
–
Como tem sentido
o movimento
espírita no
Nordeste? Quais
as diferenças e
pontos comuns
que existem em
relação ao
movimento
espírita de São
Paulo?
O movimento no
Nordeste é
dinâmico.
Fazem-se muitos
congressos,
encontros,
seminários.
Diferente de São
Paulo, que se
fundamenta na
FEESP e USE,
basicamente, com
alguns centros
adesos à Aliança
e à Fraternidade
dos Discípulos
de Jesus (setor
III), enquanto a
orientação no
nordeste é da
FEB. A FEB
defende
Roustaing e o
corpo fluídico
de Jesus, o que
é seguido pela
diretoria da
Federação
Espírita da
Paraíba, entre
outras. Não
acreditamos
nessa farsa do
Cristo, que
afirmou não ter
vindo para
contrariar as
leis. Aqui
também
encontramos
espíritas maçons
e muito ranço
dos evangélicos
nas cantorias de
todas as casas
espíritas.
–
O que diria
sobre os temas
polêmicos
atualmente
circulando pelo
movimento
espírita?
Sempre haverá
temas polêmicos
na imprensa
espírita, porque
sempre existirá
aquele que
precisa de
evidência. Já
quiseram
reformar O
Livro dos
Espíritos,
já quiseram
excluir Kardec
do Espiritismo,
já veio a CEPA
para criar algo
novo. No
entanto, ainda
são raros os
verdadeiros
espíritas,
incluindo-se os
dirigentes das
casas e
federativas,
mais preocupados
em
cristalizar-se
nos cargos,
mesmo à custa de
atitudes
desonestas, tudo
muito próprio do
ser humano
imperfeito que
vive num planeta
de provas e
expiações.
Apesar de tudo,
o Espiritismo
segue em frente
e ajuda muita
gente. E novos
missionários
nascem todos os
dias. Se a sua
pergunta se
refere
basicamente aos
índigos, digo
que sempre
reencarnarão
Espíritos para
ajudar a
humanidade.
Muitos
adiantados em
inteligência,
outros em
moralidade e
alguns em ambas.
O planeta está
caminhando para
o estágio de
regeneração e
isso acontecerá
brevemente. Quem
sabe daqui a
50/60 anos já
teremos a nova
Terra! É só
observar os
acontecimentos,
os movimentos
sociais, a luta
dos ecologistas,
o combate à
corrupção como
nunca se viu...
Um sinal do que
virá em breve.
–
E na sociedade
brasileira, os
desafios em
geral, que visão
lhe acarretam
através do
conhecimento
espírita?
Temos defendido
que somente a
popularização do
Espiritismo pode
melhorar a
sociedade.
Quando a
reencarnação for
um fato aceito e
vivido,
inclusive pelos
espíritas, não
haverá
desonestidade,
aborto, estupro,
seqüestro e
outros crimes,
porque haverá a
certeza de que
são erros a
serem
corrigidos, com
dores ou sem
elas. Vemos
mesmo entre nós,
os seguidores de
Allan Kardec,
uma teoria bem
diferente da
prática. O saber
e o ser não têm
caminhado
juntos. Se os
espíritas
imaginam que
estão “salvos”
porque têm mais
conhecimento,
não fiquem muito
certos disso. A
quem mais é
dado, mais é
cobrado...
–
Como o movimento
espírita poderá
agir para
superar os
atuais desafios
que enfrenta,
inclusive o
desinteresse
pelos clássicos
da literatura
espírita?
O que faz as
pessoas se
interessarem
pelo Espiritismo
são os exemplos
que observam.
Mesmo nos lares,
quando um dos
cônjuges
freqüenta até
com certo
fanatismo uma
instituição, sem
modificar-se,
acaba afastando
o parceiro da
própria
doutrina. Se não
vê modificação
no companheiro,
não pode
acreditar que
seja essa uma
boa religião.
Afinal, a boa
religião é a que
melhora o homem.
Ler, mesmo os
clássicos, e
quero crer que
aqui entrem
“Paulo e
Estêvão”, “Há
2000 anos”, sem
que o momento
haja chegado,
será como
assistir ao
flagelo de Jesus
nos filmes da
Semana Santa,
sair do cinema
emocionado e
entrar no
primeiro bar
para descontrair
com uma
cervejinha. A
emoção sem a
razão de nada
vale.
–
Somos
contemporâneos
dos 150 anos da
Sociedade
Parisiense de
Estudos
Espíritas e da
Revista
Espírita. Como
estimular o
estudo da citada
publicação e
utilizar a
experiência da
instituição
fundada por
Kardec em favor
da atualidade
do movimento
espírita?
A única forma é
criar grupos a
fim de mostrar
que o próprio
Kardec criou o
estudo no
Espiritismo. “O
uni-vos e
instruí-vos” é a
única forma de
alastrar o
conhecimento
doutrinário.
Devemos
considerar,
também, que a
edição e
divulgação da
Revista Espírita
ainda é mínima.
Quando criamos
nosso Centro
Kardecista Os
Essênios em João
Pessoa,
escolhemos o dia
1º de abril de
1997 para
fundação como
marco referente
ao dia da
Sociedade
Parisiense de
Estudos
Espíritas,
fundada em Paris
a 1o
de abril de 1858
e autorizada por
portaria do Sr.
Prefeito de
Polícia,
conforme o aviso
de S. Ex. o Sr.
Ministro do
Interior e da
segurança geral,
em data de 13 de
abril de 1858.
–
Perante os que
se encontram
angustiados,
desesperados,
desnorteados,
como fazer
chegar com mais
eficiência o
conhecimento
espírita que
tanto nos têm
beneficiado a
vida?
O conhecimento
espírita vem
aumentando e é
pouco a pouco
que ele deve
crescer. As
seitas que mais
cresceram,
carismáticos e
evangélicos,
nada levam aos
fiéis que sirva
para o seu
futuro
espiritual. Uma
continua dizendo
que Deus castiga
e a outra
afirmando que já
estamos todos
salvos pelo
sangue de Jesus,
desde que
entremos para a
sua igreja e
paguemos o
dízimo. Enquanto
o despertar não
vier de dentro
para fora, o
sofrimento é uma
trilha para
buscar o caminho
certo. Enquanto
os homens forem
acomodados,
apesar do
sofrimento, e
desejarem
resolver seus
problemas sem
esforço, ainda
acreditando em
milagres, o
ciclo não se
fecha. Lembramos
o que disse
Jesus a Judas,
quando a mulher
o ungiu com o
óleo: “Os pobres
sempre
existirão”.
Mesmo porque o
Espiritismo nos
explica que o
pobre de hoje
pode ser o rico
invigilante de
ontem. Por isso
temos pobres
mais orgulhosos
que muitos
ricos. Cada um
tem seu próprio
tempo. E Deus
cuida de todos!
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