LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
O expositor
espírita
“Não saia da vossa boca
nenhuma palavra torpe,
mas só a que for
boa para promover a
edificação, para que dê
graça aos
que a ouvem”.
(Paulo, EFÉSIOS, 4:29)
O expositor espírita não
pode transferir para os
mentores espirituais o
esforço e o preparo que
lhe cabem. Por essa
razão, independentemente
da escolha que se faça,
é primordial o
conhecimento, não apenas
da Doutrina Espírita – é
o mínimo que se pode
exigir de quem fala em
nome dela, sem “achismos”,
pontos de vista
pessoais, isentos de
sustentação doutrinária
ou feitos de forma
improvisada
−,
mas dos fatos que fazem
parte do dia a dia da
própria existência. O
espírita é um homem do
mundo e esse
conhecimento pode ter
sido adquirido de forma
acadêmica ou não.
A falta de tempo não
poderá ser uma desculpa
para a ausência do
estudo, da leitura de
revistas, jornais ou
outras fontes que
permitam sua
atualização. Aulas ou
palestras são duas
vertentes de um só
objetivo: a divulgação
do Espiritismo como
doutrina consoladora e
esclarecedora que abre
novas perspectivas de
entendimento da Vida e,
em quaisquer desses
trabalhos, o expositor
espírita tem um
compromisso com o
aperfeiçoamento, porque
sempre será responsável
perante Deus e sua
consciência pela
consolação, esperança,
reconforto e
esclarecimentos aos
assistidos ou alunos das
quais se fará portador.
“O orador é responsável,
pelas imagens mentais
que plasme nas mentes
que o ouvem”. (1)
Se, na assistência
espiritual, ele trabalha
com o aspecto emocional
de quem o ouve – é de
primordial importância
que suas palavras
atinjam o coração e a
mente de quem busca
alívio para suas dores
−,
na aula, ele trabalha o
conhecimento com
objetividade. Em
qualquer dos casos, é
preciso muita atenção
com o uso de uma
linguagem acessível,
pois se lida com um
público heterogêneo.
Esse aspecto é
importante, porque o
expositor espírita é um
elo entre o Plano
Espiritual e o
público-alvo. Ele é, na
verdade – e aí reside
toda sua
responsabilidade
−,
um condutor de mentes.
O seu comprometimento
com a tarefa assumida
lhe mostrará a marca da
sua evolução. Daí a
necessidade do estudo
nobremente conduzido e
de um trabalho
constante, intenso e
prolongado para a
transformação de suas
disposições íntimas.
Esses recursos, somados
a outros, o ajudarão a
fazer com que consiga a
assimilação dos
ensinamentos evangélicos
e doutrinários para quem
necessita deles. É
preciso clareza de
idéias e transmissão
segura para que não haja
margem de dúvidas ou
interpretações
equivocadas. Por essa
razão, torna-se
indispensável que o
expositor espírita
conheça o público-alvo
ao qual se dirigirá,
porque o mesmo tema
poderá ter diferentes
enfoques. Entretanto, em
se tratando de
palestras, a mensagem
deverá conter, sempre,
alegria, esperança,
reconforto e confiança
em Deus.
É importante lembrar que
alguns que buscam a Casa
Espírita, o fazem em
momento de dúvidas pelas
lutas diárias e pelas
frustrações, ou movidos
apenas pela curiosidade,
e é dever de quem expõe
o Evangelho ou temas
doutrinários fazer com
que saiam esperançosos,
com novos conhecimentos,
satisfazendo a
curiosidade sobre a
doutrina ou espalhando
paz. Crentes de outras
religiões procuram
esclarecimentos no
Espiritismo e não
desejam ser espíritas.
Quem procura uma Casa
Espírita, quase sempre,
está nervoso e
impaciente, necessitado
da mensagem pacificadora
que o Evangelho traz.
Pode-se imaginar o que
aconteceria se
encontrasse um expositor
impaciente e
intransigente? Daí a
adequação de termos de
uma mensagem – com
começo, meio e fim – que
possa atuar na mente e
no coração de quem
sofre, sensibilizando-o
e preparando-o para dar
continuidade à
assistência espiritual,
se for o caso, por
exemplo, o passe.
Podemos perceber, até
agora, que para ser um
bom expositor espírita
são necessários alguns
requisitos, elementos
fundamentais que lhe
permitirão um melhor
desempenho. Podemos
destacar, entre eles:
RESPEITO – a atitude de
respeito à equipe
encarnada e desencarnada
traz harmonia e
rendimento. Assim, o
expositor espírita deve
respeito aos dirigentes
das tarefas, aos
companheiros e,
principalmente, aos
assistidos ou alunos.
DISCIPLINA – envolve o
compromisso com a
tarefa: responsabilidade
com a preparação
adequada da mesma;
humildade, consciente de
que é somente um
instrumento de Deus, em
tarefa redentora de
passado comprometido com
escolhas equivocadas –
muitos poucos não o são
−
e equilíbrio, ou seja,
que suas palavras e atos
estejam em harmonia,
pois querendo ou não, o
seu exemplo fará
diferença junto aos
companheiros envolvidos
no trabalho.
PONTUALIDADE – ninguém é
insubstituível.
Portanto, é
indispensável chegar ao
local para a realização
da tarefa com trinta
minutos de antecedência,
ao menos. A harmonização
com o ambiente físico e
espiritual é de grande
importância, porque tudo
isso ajuda ao
estabelecimento do
equilíbrio para que a
tarefa se realize a
contento, ou seja,
atinja os objetivos
propostos.
VOCAÇÃO – este é um
aspecto bastante
interessante e que deve
ser levado em conta na
hora de fazer a escolha
para essa tarefa:
falamos do sentimento,
isto é, da vontade real
de ajudar o próximo
dessa forma. Sem isso,
todos os outros
requisitos perdem sua
importância, pois não
conseguem, por si só,
sustentar o trabalho.
VOZ E IMAGEM – tom
monocórdio e um traje
descuidado ou inadequado
ao ambiente não
permitirão que a atenção
do assistido se volte
para mensagem exposta.
Daí a necessidade da voz
fraterna, audível,
vibrante – sem gritar –,
gestos simples e a
imprescindível renovação
interior, para
transmitir com segurança
a essência evangélica e
doutrinária. Não se pode
perder de vista que o
assistido observa tudo e
que, antes de emitirmos
a voz, não importa em
qual situação, nosso
corpo fala através da
postura, do olhar, etc.
Em síntese, é necessário
amor nos gestos, no
olhar e na voz.
VOCABULÁRIO – é
impossível falar em nome
da Doutrina Espírita sem
usar o vocabulário
espírita, contido na
Codificação, procurando
abolir nas palestras ou
aulas os vocábulos
impróprios, expressões
pejorativas, gírias,
historietas impróprias –
o Evangelho está repleto
de passagens
ilustrativas – e
anedotas reprováveis. E,
sempre que possível,
como alerta André Luiz,
“preferir o uso de
verbos e pronomes na
primeira pessoa do
plural, ao invés da
primeira pessoa do
singular, a fim de que
não se isole da condição
dos companheiros
naturais do aprendizado,
com quem distribui
avisos e exortações.
Somos todos necessitados
de regeneração e luz”.
(2)
Todo trabalho na seara
de Jesus é bendito, pois
apesar do esforço que o
expositor espírita fará
para ser digno do seu
salário espiritual,
precisa conscientizar-se
de que mesmo imperfeito
e vacilante em relação à
sua evolução espiritual,
a Doutrina necessita de
seu concurso; que o
pouco que está fazendo
em prol dela e da sua
própria evolução, como
aprendiz do Evangelho, é
muito, considerando que
está dando o primeiro
passo; e que, no momento
que fala a ajuda
espiritual não lhe
faltará e, sim, que
estará presente e
atuante, se fizer a sua
parte, compreendendo a
importância do momento e
dedicando-se,
mentalmente, às
vibrações de amor, paz,
humildade e caridade.
E com humildade e
simplicidade deve
sentir-se motivado para
proferir contínuas
palestras, tendo a
certeza da ajuda do
Mestre e a convicção de
que primeiro se ilumina
quem acende um fósforo.
Bibliografia:
(1) –
ANDRÉ LUIZ (Espírito).
Conduta Espírita.
[psicografado por] F. C.
Xavier e Waldo Vieira.
18ª ed., Rio de
Janeiro/RJ: Federação
Espírita Brasileira,
1995, lição 14.
(2) –
OLIVEIRA, Alkindar.
Decálogo do Expositor
Espírita. Revista
Espírita de Campos,
out/dez/1997.