A Revue Spirite
de 1858
(7a Parte)
Allan Kardec
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite,
mensário lançado por
Allan Kardec em janeiro
de 1858 e por ele
editado até 31 de março
de 1869, quando
desencarnou. O texto
condensado do volume
correspondente a 1858
está sendo aqui
apresentado em 8 partes,
com base na tradução de
Júlio Abreu Filho
publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. Os arrastamentos que
sofremos são
irresistíveis?
Não. Claro que nem
sempre aquilo que
dizemos vem de nós e,
freqüentemente, nossos
atos são conseqüência de
pensamentos que nos são
sugeridos. Mas a
doutrina espírita
admite, no homem, o
livre-arbítrio em toda a
sua plenitude. Assim,
segundo o Espiritismo,
não há arrastamentos
irresistíveis: o homem
pode sempre fechar os
ouvidos à voz oculta que
o solicita para o mal.
(Revue Spirite de
1858, pp. 293 e 294.)
B. Kardec era avesso às
polêmicas?
Sim e não. Há um gênero
de polêmica do qual ele
disse que sempre se
afastaria: a que pode
degenerar em
personalismo. Contudo,
tornou claro que jamais
recuaria a uma polêmica
que tivesse por objetivo
a discussão séria dos
princípios espíritas.
(Obra citada, pág. 305.)
C. Há diferença entre a
metempsicose e a
doutrina da
reencarnação?
Sim. Existe entre a
metempsicose dos antigos
e a moderna doutrina da
reencarnação esta grande
diferença: os Espíritos
repelem de modo absoluto
a transmigração dos
homens nos animais e
vice-versa. (Obra
citada, pág. 307.)
D. Como surgiu no
contexto espírita o
ensinamento sobre a
reencarnação?
Kardec diz que a
reencarnação não foi
ensinada somente a ele,
mas foi ventilada em
muitos lugares, na
França e no estrangeiro:
Alemanha, Holanda,
Rússia etc. e isto mesmo
antes d' O Livro dos
Espíritos. Desde que se
entregou ao Espiritismo,
o Codificador afirma ter
obtido comunicações de
mais de 50 médiuns e
que, em nenhum caso, os
Espíritos se desmentiram
nesse ponto. (Obra
citada, pág. 308.)
Texto para leitura
182. São Luís diz que a
sensação mórbida dos
cocheiros foi provocada
por Espíritos malévolos,
os mesmos que os
induziram a beber o rum
alheio. Kardec admite
também que possa ter
havido, no caso, uma
espécie de magnetização
do líquido, por ação do
pensamento do médico.
(PP. 291 e 292)
183. Nem sempre aquilo
que dizemos vem de nós;
freqüentemente, nossos
atos são conseqüência de
pensamentos que nos são
sugeridos. (P. 293)
184. A doutrina espírita
admite, porém, no homem,
o livre arbítrio em toda
a sua plenitude. Assim,
segundo a doutrina
espírita, não há
arrastamento
irresistível: o homem
pode sempre fechar os
ouvidos à voz oculta que
o solicita para o mal.
(P. 293)
185. As faltas que
cometemos têm, pois, a
primeira fonte na
imperfeição de nosso
Espírito. Quanto mais
ele se depurar, mais
diminuirão os lados
fracos e menos presa
oferecerá aos maus
Espíritos. (P. 294)
186. Kardec relata o
assassinato de cinco
crianças, cometido por
outra de doze anos, que
colocou as primeiras
dentro de um baú, e
admite como provável que
o criminoso seja desses
Espíritos que pertençam
a planetas inferiores ao
nosso. (PP. 295 e 296)
187. Aos olhos de Deus,
diz um Espírito, o
arrependimento é
sagrado, porque é o
homem que a si mesmo se
julga. (P. 297)
188. Um velho castelo
nos Pireneus foi vendido
e, depois, o comprador
percebeu que se tratava
de uma casa assombrada.
Pretendendo a rescisão
do negócio, a questão
foi ao tribunal. Kardec
analisa o fato e afirma
que, em tal questão, é
preciso primeiro saber
se as manifestações no
castelo ocorriam antes
ou depois da venda do
imóvel. (PP. 297 a 300)
189. Os jornais
americanos noticiaram o
caso da aparição da Sra.
Park, que apareceu,
pouco depois de seu
falecimento, à sua irmã
Miss Harris, como lhe
prometera momentos antes
de seu passamento. (PP.
302 e 303)
190. Kardec fala sobre
as polêmicas espíritas e
diz que há um gênero de
polêmica do qual sempre
se afastará: a que pode
degenerar em
personalismo. (P. 305)
191. Há, contudo, uma
polêmica a que jamais
recuaria: a discussão
séria dos princípios
espíritas. (P. 305)
192. Falando sobre
reencarnação, Kardec diz
que existe entre a
metempsicose dos antigos
e a moderna doutrina da
reencarnação esta grande
diferença: os Espíritos
repelem de modo absoluto
a transmigração dos
homens nos animais e
vice-versa. (P. 307)
193. Diz Kardec que a
reencarnação não foi
ensinada somente a ele,
mas foi ventilada em
muitos lugares, na
França e no estrangeiro:
Alemanha, Holanda,
Rússia etc., e isto
mesmo antes d' O Livro
dos Espíritos. (P. 308)
194. Desde que se
entregou ao Espiritismo,
informa Kardec ter tido
comunicações de mais de
50 médiuns e que, em
nenhum caso, os
Espíritos se desmentiram
nesse ponto. (P. 308)
195. Admitindo-se,
porém, que a alma nasce
com o corpo, como
explicar as aptidões
diversas que as crianças
apresentam, as idéias
inatas, os instintos
precoces de vícios e
virtudes, os selvagens?
(P. 311)
196. Com a reencarnação,
tudo isso é explicado
com clareza. Os homens
trazem, ao nascer, a
intuição do que
aprenderam antes, seus
defeitos e suas
qualidades. (P. 312)
197. Examinando o tema
sob a ótica do futuro do
homem, as mesmas
dificuldades se
apresentam aos que não
admitem a reencarnação:
qual será a sorte do
selvagem e das crianças
mortas em tenra idade?
(PP. 312 e 313)
198. Kardec promete
demonstrar mais tarde
que a religião se acha
menos afastada da
reencarnação do que se
pensa, e assevera que o
ensino dos Espíritos é
eminentemente cristão,
porque se apóia na
imortalidade da alma,
nas penas e recompensas
futuras, no livre
arbítrio e na moral
cristã. (P. 313)
199. São Luís escreve
sobre o suicídio e diz
que o homem, quando se
suicida, está
superexcitado, com a
cabeça transtornada, e
realiza esse ato sem
coragem nem medo e,
assim, sem conhecimento
de causa. (P. 314)
200. Para elevar-se, o
homem deve ser provado.
Criado simples e
ignorante, é somente na
adversidade que o
Espírito adquire um
coração elevado e melhor
compreende a grandeza de
Deus. (P. 315)
201. A Revue apresenta
nova comunicação de
Mehemet-Ali, antigo paxá
do Egito, que nos traz
diversos ensinamentos
interessantes. Um deles
é sobre as pirâmides, um
misto de sepulcros e
templos. (P. 316)
202. Os egípcios
imaginavam que o
Espírito voltava ao
corpo que havia animado;
daí a idéia de
mumificação dos
cadáveres. (P. 317)
203. Evocado a conselho
do Sr. Jobard, o doutor
Muhr, desencarnado no
Cairo a 4-6-1857, era
médico homeopata,
ciência sobre a qual deu
o seguinte depoimento
como Espírito: "A
homeopatia é o começo da
descoberta dos fluidos
latentes. Muitas outras
descobertas igualmente
preciosas serão feitas e
virão formar um todo
harmonioso, que
conduzirá vosso globo à
perfeição". (PP. 318 e
319)
204. A Revue consigna
uma comunicação
espontânea dada pelo
Espírito de Madame de
Stäel, na qual ela
associa o Espiritismo a
uma nova religião. (P.
319)
205. Madame de Stäel é
rigorosa com respeito à
sua obra: "se eu
voltasse e pudesse
recomeçar, modificaria
dois terços e
conservaria apenas um".
(P. 321)
206. A Revue transcreve
do "Spiritualist",
de Nova Orléans, notícia
a respeito do médium Sr.
Rogers, residente em
Columbus, que consegue
fazer retratos de
pessoas mortas e que
jamais havia visto. (P.
322)
207. Kardec escreve
sobre as faculdades da
Sra. Roger, sonâmbula,
que consegue ver a
distância pessoas e
objetos desaparecidos.
(PP. 326 e 327)
208. Diz o codificador
que a clarividência
sonambúlica nem sempre é
reflexo de um pensamento
estranho: o sonâmbulo
pode ter uma lucidez
própria, absolutamente
independente. (P. 328)
(Continua no próximo
número.)