Recebemos em dezembro de
2007 da confreira
Romélia Dolores Menezes
de Oliveira, de
Fortaleza (CE), uma
mensagem eletrônica na
qual ela explica o
porquê de sua proposta,
recentemente veiculada
pela internet, de
atualização científica
da Doutrina Espírita. Em
verdade, ela depois
explicou que a proposta
de atualização da
Doutrina é patrocinada
pelo conhecido confrade
Luiz Gonzaga Pinheiro,
também de Fortaleza, e o
papel dela tem sido
tão-somente de divulgar
a idéia por meio da rede
mundial de computadores.
A mensagem e as
explicações por ela
enviadas foram
publicadas na edição de
23 de dezembro da
revista eletrônica O
Consolador
juntamente com a
manifestação, contrária
à proposta, de dois
confrades.
Posteriormente à
publicação dos textos
citados, chegaram-nos
duas mensagens
claramente favoráveis à
proposta.
Segundo esta, eis alguns
pontos que, em
atendimento à Ciência,
precisam ser revistos:
-
ausência de luas em
Marte;
-
a solidez do anel de
Saturno (não é
apenas um, mas
muitos e
constituídos de
partículas em
suspensão);
-
a defesa da
abiogênese, de que
Kardec era adepto;
-
interpretações
equivocadas sobre a
inferioridade das
raças, bem como
outros pontos nos
quais a ciência já
se manifestara
desfavoravelmente à
interpretação do
Codificador.
Lembra a confreira que o
próprio Codificador do
Espiritismo (foto),
em artigo que integra
“Obras Póstumas”, expôs
as razões pelas quais a
Doutrina Espírita
deveria ser
continuamente
atualizada: “A verdade
absoluta é eterna, e por
isso mesmo, invariável.
No estado de imperfeição
de nossos conhecimentos,
o que nos parece falso
hoje, pode ser
reconhecido como
verdadeiro amanhã, em
conseqüência da
descoberta de novas
leis. É contra essa
eventualidade que a
Doutrina não deve jamais
se encontrar
desguarnecida. O
princípio |
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progressivo, que ela
inscreveu em seu
código, será a
salvaguarda de sua
perpetuidade, e sua
unidade será mantida
precisamente porque
ela não repousa
sobre o princípio da
imobilidade. Esta,
em lugar de ser uma
força, se torna uma
causa de fraqueza e
de ruína para quem
não segue o
movimento geral;
rompe a unidade
porque aqueles que
querem ir adiante se
separam daqueles que
se obstinam em
permanecer
atrasados.” (“Obras
Póstumas” –
Princípios
Fundamentais da
Doutrina Espírita
reconhecidos como
verdades espíritas -
final da obra.) |
Em mensagem posterior
datada de 16/12/2007,
ela justifica a
proposta: “Observando os
erros científicos lá
contidos e a imensa
quantidade de críticas
que os detratores lançam
por conta deles,
julgamos conveniente
atualizar a doutrina,
seja com notas de rodapé
ou mesmo colocando-a no
ponto, como era o desejo
do codificador, nessa
parte em que se encontra
em desacordo com a
ciência. Vale salientar
que crianças do ensino
fundamental aprendem que
Marte tem duas luas e há
mais de 150 anos a
codificação informa que
elas não existem. O
mesmo vale para outros
erros, como por exemplo:
‘As moléculas não têm
para vós uma forma
apreciável’.
Atualmente já temos
fotografias de moléculas
obtidas por tunelamento,
aumentadas 28 milhões de
vezes. Em época de
consultas rápidas e de
senso crítico aguçado,
um simpatizante da
doutrina ou mesmo alguém
que queira nela
ingressar, vendo tais
erros, sente-se
desconfortável ou mesmo
desacreditado, do seu
conteúdo científico.
Alguém pode afirmar que
a parte moral é
irretocável, e é. Mas
Kardec afirmou que a
doutrina é ciência,
filosofia e religião.
Pode o recém-chegado à
Doutrina pensar: Que é
isso? Essa doutrina não
foi passada
pelos Espíritos
superiores e revisada
por eles? por que tantos
erros? Eis o motivo,
querer a Doutrina com
credibilidade em sua
inteireza, livre de
ataques de seus
detratores, pelo qual
julgamos oportuna e
necessária esta
atualização. Atualizar
não significa dizer que
Allan Kardec está
ultrapassado, de forma
alguma, significa
adequar a parte
científica ao seu tempo.
Não entendo, amigo, até
quando vamos ignorar o
desejo de Kardec?”
A mensagem se completa
com o seguinte texto
escrito por Kardec e
incluído por ele no
livro “A Gênese”: "O
Espiritismo, avançando
com o progresso, jamais
será ultrapassado,
porque, se novas
descobertas lhe
demonstrarem que está em
erro acerca de um ponto,
ele se modificará nesse
ponto; se uma verdade
nova se revelar, ela a
aceitará." (“A Gênese”,
cap. I - Caracteres da
Revelação Espírita.)
Exposta a questão, que
podemos dizer?
Eis, resumidamente, o
que pensamos:
1. A confreira e o
confrade Luiz Gonzaga
Pinheiro têm inteira
razão. Os erros contidos
nas Obras Básicas do
Espiritismo têm de ser
corrigidos. Foi Kardec
quem propôs tal medida,
porque a Doutrina
Espírita não se baseia
em dogmas e, por isso,
deve acompanhar sempre o
progresso da Ciência.
2. O modo como fazer
essa correção, segundo
alguns, é registrá-la
nas próprias obras por
meio de notas de rodapé,
um procedimento que se
torna complexo tendo em
vista que são muitas as
editoras que publicam as
Obras de Kardec.
3. Parece-nos, portanto,
que esta é uma tarefa de
atribuição específica
dos congressos mundiais
de Espiritismo que vêm
sendo realizados a cada
três anos, sob os
auspícios do Conselho
Espírita Internacional
(CEI), aos quais caberia
aprovar o teor das notas
a serem apostas pelas
editoras nas obras a que
se refiram.
4. Para tanto, uma
comissão de
especialistas nas
diversas áreas do
conhecimento humano
redigiria o texto que
seria submetido às
federativas nacionais e,
posteriormente, votado
em plenário no congresso
mundial subseqüente.
5. Será interessante
também que cada nota
seja precedida da
necessária explicação
acerca da ocorrência do
suposto erro, visto que
determinada informação,
hoje considerada
equivocada, pode ter
sido na época recusada,
em face do método
espírita de verificação
da verdade, que não se
esgota na universalidade
do ensino, mas requer
sua compatibilidade com
os conhecimentos
científicos da época em
que a informação foi
obtida.