A Revue Spirite
de 1859
(1a Parte)
Allan Kardec
Iniciamos o estudo da
Revue Spirite
correspondente ao ano de
1859. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 10
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. A ojeriza que algumas
pessoas têm à religião
tem o apoio de Kardec?
Não. Segundo Kardec, o
Espiritismo é o mais
poderoso auxiliar das
idéias religiosas: ele
dá religião aos que não
a possuem; fortifica-a
nos que a têm vacilante;
consola pela certeza do
futuro, faz suportar com
paciência e resignação
as tribulações desta
vida e desvia o
pensamento do suicídio.
(Revue Spirite de 1859,
p. 5.)
B. Para influenciar uma
pessoa, os Espíritos têm
de estar próximos?
Não. Os Espíritos de São
Luís e de Santo
Agostinho dizem que os
Espíritos podem
influenciar-nos mesmo
estando a milhões de
quilômetros de nós, e
que cada anjo da guarda
tem o seu protegido,
sobre o qual vela como
um pai sobre o filho.
(Obra citada, pp. 22 e
23.)
C. Que é preciso fazer
para não sermos
enganados pelos
Espíritos levianos ou
mentirosos?
Primeiro é preciso
entender que as boas
intenções e a própria
moralidade dos médiuns
nem sempre bastam para
evitar a intromissão dos
Espíritos levianos,
mentirosos ou
pseudo-sábios nas
comunicações. Se não
quisermos ser vítima
deles, é preciso
julgá-los por sua
linguagem, passando pelo
crivo da lógica e do
bom-senso tudo quanto
eles dizem. (Obra
citada, pp. 34 e 35.)
D. Quem, segundo o
Espiritismo, são as
crianças?
As crianças são os seres
que Deus envia a novas
existências, aos quais
dá toda a aparência de
inocência, para que
ninguém possa queixar-se
de sua grande
severidade. Quando não
mais necessitam dessa
proteção, o caráter real
delas aparece em toda a
sua nudez. A fraqueza da
infância as torna
flexíveis e acessíveis
aos conselhos da
experiência; é então que
seu caráter pode ser
reformado, pela
repressão de suas más
inclinações. Tal o dever
que Deus confia aos
pais. (Obra citada,
pp. 52 e 53.)
Texto para leitura
1. Nos fenômenos
espíritas agimos sobre
inteligências que
dispõem do livre
arbítrio e não se
submetem à nossa
vontade. Eis por que a
ciência vulgar é
incompetente para os
julgar. (P. 2)
2. Um bom médium é o que
simpatiza com os bons
Espíritos e não recebe
senão boas comunicações.
(P. 3)
3. O Espiritismo é o
mais poderoso auxiliar
das idéias religiosas:
ele dá religião aos que
não a possuem;
fortifica-a nos que a
têm vacilante; consola
pela certeza do futuro,
faz suportar com
paciência e resignação
as tribulações desta
vida e desvia o
pensamento do suicídio.
(P. 5)
4. O perispírito, cuja
natureza é
essencialmente flexível,
se presta a todas as
modificações que lhe
queira dar o Espírito.
Em seu estado normal, o
invólucro etéreo tem uma
forma humana. (P. 8)
5. A visão do Espírito
pelo médium se realiza
por uma espécie de
radiação fluídica, que
parte do Espírito e se
dirige ao médium. (P.
10)
6. Kardec refere o caso
"O duende de Bayonne",
em que um Espírito com a
fisionomia de menino de
10 a 12 anos aparecia
para sua irmãzinha. (P.
17)
7. O Espírito de
Diógenes se comunica e
diz que depois de sua
existência em Atenas só
reencarnou em outros
mundos. (P. 21)
8. Os Espíritos de São
Luís e de Santo
Agostinho dizem que os
Espíritos podem
influenciar-nos mesmo
estando a milhões de
quilômetros de nós, e
que cada anjo da guarda
tem o seu protegido,
sobre o qual vela como
um pai sobre o filho.
(PP. 22 e 23)
9. Os Espíritos bons,
mas ignorantes -- diz
Kardec --, confessam sua
insuficiência a respeito
daquilo que não sabem;
os maus dizem que sabem
tudo. Lá e cá, a bazófia
é sempre sinal de
mediocridade. (PP. 28 e
29)
10. O dom da mediunidade
depende de causas ainda
imperfeitamente
conhecidas, nas quais
parece que o físico tem
uma grande parte.
(N.R.: Hoje não há
qualquer dúvida de que a
mediunidade está
radicada no organismo.)
(P. 31)
11. O pensamento é o
laço que nos une aos
Espíritos; é pelo
pensamento que atraímos
os que simpatizam com
nossas idéias e
inclinações. (P. 32)
12. Os Espíritos
superiores não escolhem,
para transmitir
instruções sérias, um
médium que tem
familiaridade com
Espíritos levianos, a
menos que não encontrem
outro médium e haja
necessidade. (P. 33)
13. As boas intenções e
a própria moralidade dos
médiuns nem sempre
bastam para evitar a
intromissão dos
Espíritos levianos,
mentirosos ou
pseudo-sábios nas
comunicações. Se não
quisermos ser vítima
deles, é preciso
julgá-los por sua
linguagem, passando pelo
crivo da lógica e do
bom-senso tudo quanto
eles dizem. (PP. 34 e
35)
14. De todas as
disposições morais, a
que maior entrada
oferece aos Espíritos
imperfeitos é o orgulho,
que muitas vezes se
desenvolve no médium à
medida que cresce a sua
faculdade, pois esta lhe
dá importância. (P. 36)
15. As demais
imperfeições morais são
outras tantas portas
abertas aos Espíritos
imperfeitos, ou, pelo
menos, causas de
fraqueza. Para repelir
tais Espíritos, não
basta dizer-lhes que
saiam; é preciso
fechar-lhes a porta e os
ouvidos, provando-lhes
que somos mais fortes --
o que seremos pelo amor
do bem, pela caridade,
pela doçura, pela
modéstia, pelo
desinteresse. (P. 37)
16. Seria injusto,
porém, atribuir todas as
comunicações más à conta
do médium, pois o meio é
muito importante. É
regra geral que as
melhores comunicações
ocorrem num círculo
concentrado e homogêneo.
(P. 38)
17. Os agêneres
não revelam a sua
natureza e, aos nossos
olhos, não passam de um
homem comum; sua
aparição corpórea pode
ter, pois, longa
duração, conforme a
necessidade do Espírito.
(P. 41)
18. Não se devem
confundir os fatos da
bicorporeidade com
os agêneres.
Estes não possuem corpo
vivo na Terra; apenas
seu perispírito faz-se
palpável. (P. 43)
19. Kardec admite ter
uma aparência de frieza,
mesmo de muita frieza;
pelo menos é o que os
amigos achavam e por
isso o censuravam. (P.
43)
20. Kardec transcreve a
história fantástica de
Hermann, publicada no
Journal des Débats,
de 26-11-1858, e diz que
não passa de uma lenda
sem fundo de verdade,
visto que uma alma não
pode animar dois corpos.
(P. 48)
21. Reportando-se aos
fenômenos de batidas e
movimento de objetos
ocorridos na aldeia de
Coujet, no departamento
de Lot, Kardec lembra
que os Espíritos
superiores não se
prestam a tais
fenômenos: só os
Espíritos de uma ordem
muito inferior se
dedicam a isso. (P. 49)
22. Em geral não há
razão para nos
amedrontarmos com esses
fatos; a presença desses
Espíritos pode ser
importuna, mas não é
perigosa, e é sempre
útil procurar saber o
que eles querem com tais
fenômenos. (P. 50)
23. Um Espírito diz que
as crianças são os seres
que Deus envia a novas
existências, aos quais
dá toda a aparência de
inocência, para que
ninguém possa queixar-se
de sua grande
severidade. Quando não
mais necessitam dessa
proteção, o caráter real
delas aparece em toda a
sua nudez. (P. 52)
24. Os Espíritos só
entram na vida corpórea
para o seu
aperfeiçoamento; a
fraqueza da infância os
torna flexíveis e
acessíveis aos conselhos
da experiência; é então
que seu caráter pode ser
reformado, pela
repressão de suas más
inclinações. Tal o dever
que Deus confia aos
pais. (P. 53)
25. Dr. Morhéry diz a
Kardec que o célebre
professor Gay-Lussac
ensinava em seu curso, a
respeito dos corpos
imponderáveis e
invisíveis, que
estas eram expressões
inexatas; mais lógico
chamá-los
imponderados. (P.
54)
(Continua no próximo
número.)