WASHINGTON
L. N.
FERNANDES
washingtonfernandes@terra.com.br
São
Paulo -
SP
(Brasil)
Sessão de
materialização
descrita pelo
escritor alemão
Thomas Mann
O prezado colega
advogado, professor de
Direito e Delegado de
Polícia, Dr. Luiz Carlos
Rocha/SP, comentou sobre
fatos espíritas contidos
em uma obra do grande
escritor alemão Thomas
Mann (1875-1955). O
comentário ensejou esse
artigo. Thomas Mann foi
Prêmio Nobel de
Literatura em 1929.
Entre suas obras
principais encontra-se
A Montanha Mágica
(1924). Tendo ele
assistido a sessões de
pesquisa espírita com o
pesquisador
metapsiquista alemão,
barão Albert de
Schrenk-Notzing
(1862-1929), em o livro
A Montanha Mágica,
Thomas Mann descreveu
uma sessão espírita de
efeitos físicos, com a
materialização de um
Espírito, da qual
transcrevemos partes
principais.
Thomas Mann descreveu
uma Sessão de Efeitos
Físicos
Thomas Mann contou que
quatro ou cinco pessoas
reuniram-se numa sala
fechada, num sanatório
de tuberculosos, nos
Alpes suíços, e uma
médium foi instalada
numa simples cadeira de
vime. O dirigente dos
trabalhos sentou-se e
apanhou-lhe as mãos,
enquanto apertava os
seus joelhos entre os
seus. — Imite isto! —
ordenou o dirigente,
cedendo lugar a Hans
Castorp. — O senhor deve
admitir que ela está
totalmente presa. Mas o
senhor terá ainda uma
assistente. Tenha a
bondade, minha prezada
Srta. Kleefeld! — a moça
juntou-se ao grupo, para
agarrar com ambas as
mãos os pulsos frágeis
da médium. No início da
sessão, o dirigente
pediu música e um dos
presentes pôs o aparelho
em ação e colocou a
agulha no disco. O disco
ainda não chegara ao fim
quando a médium
sobressaltou-se
violentamente. Um tremor
percorreu-a toda. O
tronco inclinou-se para
frente e, ao mesmo
tempo, começaram os
braços a mover-se de um
modo estranho, avançando
e recuando bruscamente.
— Transe! — anunciou o
dirigente. A música
emudeceu. — Holger está
presente? — perguntou o
dirigente, se referindo
à entidade que se
manifestava em suas
sessões. A médium
estremeceu novamente.
Então sentiu Hans
Castorp como ambas as
mãos da médium lhe
apertavam as suas forte
e rapidamente. — Ela me
aperta as mãos —
comunicou aos outros. —
Ele — corrigiu-o o
dirigente. — Foi ele
quem as apertou. Salve,
Holger — continuou com
untuosidade. — Seja
bem-vindo, de todo o
coração, companheiro! E
permite que te recorde
isto: a última vez que
estiveste entre nós,
prometeste que chamarias
qualquer defunto, e que
o tornarias visível aos
nossos olhos mortais.
Estás disposto e te
sentes capaz de cumprir
hoje esta promessa? A
médium tremeu outra vez.
Hesitou antes de
responder. Depois,
segredou ao ouvido de
Hans Castorp um “Sim”
ardente. — Ele disse
“Sim” — informou Hans
Castorp. — Muito bem,
Holger ! — disse o
dirigente à entidade que
se manifestara. Temos
confiança em que farás
lealmente tudo quanto
estiver em teu poder.
Logo saberás o nome do
ente querido cujo
comparecimento
desejamos... Amigos —
continuou —, digam de
uma vez! Quem é que tem
um desejo? Qual é a
criatura que nosso amigo
Holger deve fazer
aparecer? Seguiu-se um
profundo silêncio.
Também Hans Castorp não
se adiantou. Mas como
aquilo se prolongasse
por muito tempo, voltou
a cabeça para o
dirigente da sessão e
disse com voz velada: —
Eu queria ver o meu
falecido primo Joachim
Ziemssen. Foi um alívio
para todos. — Ótimo —
disse o dirigente. —
Ouviste, Holger? Em
vida, não conhecias a
pessoa que te foi
designada. Será que a
reconheces no Além das
coisas e estás disposto
a guiá-la até nós? A
médium gingava, dava
suspiros, estremecia.
Parecia procurar e
lutar, enquanto se
deixava cair ora para
um, ora para outro lado,
murmurando palavras
incompreensíveis.
Finalmente recebe Hans
Castorp de ambas as mãos
da médium o aperto que
significava “Sim”.
Decorridos então alguns
minutos de suspense,
ninguém falava, apenas
ouvia-se baixinho uma
música. Os olhos dos
presentes, pouco a
pouco, se haviam
habituado com a
semi-escuridão, a ponto
de dominarem a maior
parte do aposento.
Nisso, um dos presentes
disse com voz chorosa: —
Já faz tempo que eu o
estou vendo! Chiando em
vão através do silêncio,
a agulha prosseguia a
percorrer a parte
central do disco. Então,
Hans Castorp levantou a
cabeça, e seus olhos
tomaram a direção certa.
Havia no aposento uma
pessoa a mais. Ali, a
alguma distância do
grupo, nos fundos da
sala, no ponto em que os
restos da luz vermelha
quase se confundiam com
a escuridão, de modo que
a vista mal avançava até
ele, ali entre o lado
comprido da escrivaninha
e o biombo, numa
poltrona, estava sentado
Joachim. Era Joachim,
com as sombras das faces
encovadas e com a barba
de guerreiro dos seus
últimos dias, essa barba
no meio da qual
ressaltavam, cheios e
altivos, os lábios.
Recostava-se ao espaldar
e tinha uma perna
cruzada sobre a outra.
Não obstante a coberta
da cabeça que lhe
obscurecia as feições,
distinguia-se novamente
no seu rosto o cunho de
sofrimento, bem como
aquela expressão grave,
austera, que lhe
conferira tanta beleza
viril; e continua...
Enfim, em A Montanha
Mágica o autor
descreveu perfeitamente
uma sessão de efeitos
físicos, e os seguidores
da Doutrina Espírita têm
o instrumental perfeito
para melhor compreender
os fatos, ficando o
registro deste livro de
alcance internacional,
escrito pelo grande
escritor alemão, Nobel
de Literatura, de
interesse para o
Espiritismo.