JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília,
Distrito Federal
(Brasil)
Rugidos da Natureza
O famoso físico Stephen
Hawking, em seu mais
novo livro intitulado "O
Universo numa Casca de
Noz", expõe de forma
instigante que: "Uma
borboleta batendo as
asas em Tóquio pode
causar chuva no Central
Park de Nova Iorque”.
(1) Como ele mesmo
explica, "não é o
bater das asas, pura e
simplesmente, que gerará
a chuva, mas a
influência deste pequeno
movimento sobre outros
eventos em outros
lugares é que pode
levar, por fim, a
influenciar o clima."
(2)
Chama-nos atenção a
seqüência de catástrofes
naturais que têm
ocorrido nos últimos
tempos. "Estimativas
não-oficiais apontam
para o desencarne em
massa de mais de 30 mil
pessoas, sendo que mais
de 100 mil pessoas
perderam suas casas,
importando num dos
maiores cataclismos que
atingiram o Irã, similar
ao ocorrido em setembro
de 1978.” (3) Seja
com o tsunami na
Indonésia, que arrasou
tantas cidades e
provocou tanta
destruição. São os "furacões
que se reúnem num
conselho de deuses feito
de ventos e raios no
golfo do México e se
conjugam no Katrina, que
sai cheio de ira e de
energia, invade países e
termina destruindo Nova
Orleans [seria
influência das
"borboletas" humanas
destroçadas no Iraque?]
ou ainda o Rita, com
a mesma fúria, e, agora,
o terremoto da Caxemira,
no Paquistão, região de
confronto com a Índia,
onde forças estão em
permanente vigília para
guerrear e, de repente,
unidas pela desgraça,
deixam as armas, ocupam
as ambulâncias e se unem
pela solidariedade".
(4)
Devido a esses
estrugidos da natureza,
surgem em várias partes
do mundo grupos de
pessoas fanáticas que
criam seitas e cultos
estranhos, abandonam
emprego, família, à
espera do “juízo final".
Só na França,
conforme a Revista
ISTOÉ, de 4 de agosto de
1999, há cerca de 200
delas, com 300 mil
adeptos. No Japão,
vários "gurus" prevêem o
"final do mundo". Nos
Estados Unidos, 55
milhões de americanos
acham que falta pouco
para o mundo acabar.
Para esses, os furacões
que têm destruído a
região central do país
são anjos enviados para
punir os homens,
anunciando o "grande
final”. (5)
Não é nada confortador o
surgimento de pessoas
com essas estranhas
crenças que se
multiplicam mundo afora,
obscurecidas na razão
pela expectativa de uma
"nova era". Até mesmo
nas hostes espíritas,
têm surgido alguns
livros com idéias que
induzem a muitos
incautos ao pânico ou à
hipnose catastrofista do
quanto pior melhor...!
Nos dias atuais, ante a
Lei de Causa e Efeito
não precisamos possuir o
talento de premonição
para vaticinarmos sobre
o panorama terrestre
para muito breve. Os
terremotos, os furações,
as inundações, as
erupções vulcânicas e
outras catástrofes
naturais são uma parte
inevitável do pulsar da
natureza. Isto não quer
dizer que não possamos
fazer alguma coisa para
nos tornarmos menos
vulneráveis. "Aprender
com as catástrofes de
hoje para fazer frente
às ameaças futuras”.
(6) – recorda-nos Kofi
Annan, secretário Geral
da ONU, ressaltando que
cabe a todos nós retirar
lições de cada tragédia.
Em muitas situações o
nexo causal entre a
catástrofe e a ação
humana acha-se presente.
Os homens alteram a
composição geológica,
com escavações,
desmatamentos, aterros e
outros mais, e sua
imprevidência acaba
gerando as ocorrências
das mencionadas
catástrofes "naturais".
E nessa conjuntura de
medo se pressagia alguma
situação sobre um
próximo cenário terreno
em total marasmo.
Sabe-se nas
universidades européias
que poluição de veículos
automotores no Velho
Continente mata mais do
que acidentes de
trânsito. Percebe-se o
vigor da expansão do
consumo das drogas, a
banalização do
comportamento sexual
veiculado por revistas,
jornais, televisão,
cinema, teatro,
videocassete, TV a cabo,
computador etc. Há
hipóteses de que o
islamismo (patrocinado
pelo dinheiro do
petróleo) se confrontará
com as nações cristãs,
vindas para assumir aos
poucos o lugar que fora
do comunismo de outrora
nas suas bases
ideológicas.
Discute-se a legalização
das drogas, cita-se o
desemprego estrutural
(resultante do fenômeno
globalizante),
comenta-se a ruptura da
ordem etc... Especula-se
sobre a sombria previsão
da drástica redução do
manancial de água
potável para daqui a
quatro décadas. Acerca
disso alguns estudiosos
prevêem conflitos
mundiais tendo como elo
de causa a corrida pelo
controle do líquido
vital. "Nós nos
acostumamos sempre a
ouvir que o Brasil não
tem terremotos nem
tufões. Mas não
esqueçamos a seca, tão
cruel quanto aqueles e
que, agora, na terra das
águas, chega ao
Amazonas. Os rios estão
secando ali, onde
existem 12% da água doce
da Terra." (9)
Sabemos com o Gênio de
Lyon que os grandes
fenômenos da Natureza,
aqueles que são
considerados como uma
perturbação dos
elementos, não são de
causas imprevistas, pois
"tudo tem uma razão de
ser e nada acontece sem
a permissão de Deus”. E
os cataclismos "algumas
vezes têm uma razão de
ser direta para o homem.
Entretanto, na maioria
dos casos, têm por
objetivo o
restabelecimento do
equilíbrio e da harmonia
das forças físicas da
natureza”.
Enquanto as penosas
transições do século XX
se anunciam ao tilintar
sinistro das moedas
ecoando nas bolsas de
valores, as forças
espirituais reúnem-se
para a grande
reconstrução do porvir.
Aproxima-se o momento em
que se efetuará a
aferição de todos os
valores morais
terrestres para o
ressurgimento das
energias criadoras de um
mundo novo. Nessa
jornada, a lição de
Jesus não passou e não
passará jamais. Na luta
dolorosa das
civilizações Ele é a luz
do princípio e nas Suas
mãos repousam os
destinos da Terra.
“Nesse mundo só
tereis aflições, mas
tende bom ânimo, [disse
o Mestre]. Eu venci o
mundo”. (10) Nesse
aviso constatamos que
realmente assim é a vida
nesse mundo, em que para
uma hora de alegria ou
felicidade temos dias e
dias de tristeza e dor.
Assim mesmo continuamos
vivendo dia após dia,
confiantes de que somos
Espíritos eternos,
criados para a
excelsitude espiritual.
Os pessimistas insistem
sempre em considerar que
a maneira negativa e
sombria de perceber as
coisas do mundo é uma
maneira realista de
viver. Na verdade, se
olharmos a vida com
muita emoção (distantes
do raciocínio), vamos
encontrar motivos que
nos abatem os ânimos em
qualquer lugar e em
qualquer situação;
crianças carentes, fome
universal, guerras,
violência urbana,
seqüestros, carestia,
insegurança social,
corrupção, acidentes
catastróficos e por aí
afora. Entretanto, é um
dever para com nosso
bem-estar estarmos
adaptados à vida, com
tudo que ela tem de bom
e de ruim, sem
necessariamente
contemporizarmos com
tudo. Estar preocupado
significa estarmos
sempre procurando
melhorar as condições
atuais, fazer alguma
coisa para mudar a
situação para melhor.
Essa preocupação é uma
atitude sadia e
desejável.
Lembremos que ainda há
tempo para a prática dos
códigos evangélicos,
condição única que
determinará a grande
transformação Global do
futuro. Será o final do
mundo velho, deste mundo
regido pelo preconceito,
pelo orgulho, pelo
egoísmo, pela
incredulidade. "Há
uma lição a tirar de
tudo isso. É que todos
nós estamos condenados a
viver juntos, a
abandonar os tempos de
guerra e a buscar, na
unidade, nos prepararmos
para sobreviver no
planeta que abriga
nossas vidas.” (11)
A Terra não terá de
transformar-se por meio
de uma hecatombe que
destrua de vez uma
geração inteira. Até
porque os preceitos
espíritas indicam que a
atual geração
desaparecerá
gradativamente e uma
nova lhe sucederá
naturalmente, ou seja,
uma parte dos Espíritos
que encarnavam na Terra
não mais tornará a
encarnar. Em cada
criança que nascer, em
vez de um espírito
inclinado ao mal, que
antes nela encarnaria,
virá um espírito mais
adiantado e propenso ao
bem. Por mais difícil
que seja o inevitável
processo da seleção
final dos valores éticos
da sociedade, não
podemos esquecer que
Jesus é o Caminho que
nos induz aos iluminados
conceitos da Verdade,
onde recebemos as
gloriosas sementes da
sabedoria, que dominarão
os séculos vindouros,
preparando nossa vida
social para as
culminâncias do amor
universal no respeito
pleno da vida do
Planeta.
Fontes:
(1) Hawking, Stephen.
O Universo Numa Casca de
Noz. São Paulo: Ed.
Mandarim, 2ª. Edição,
(2002).
(2) Idem.
(3) Marcelo Henrique.
Catástrofes e
Desencarnes em Massa. A
visão espírita.
disponível em acessado
em 15/10/2005.
(4) Sarney, José. A
reação da natureza.
Artigo publicado no
Jornal Folha de São
Paulo em 14.10.05.
(5) Revista ISTOÉ de 4
de agosto de 1999.
(6) Mensagem do
secretário-geral, Kofi
Annan, por ocasião do
Dia Internacional para a
redução das catástrofes
naturais (13 de
outubro de 2004),
disponível em acessado
em 12/10/2005.
(7) Cf. A reação da
natureza. Artigo
publicado no Jornal
Folha de São Paulo em
14.10.05 (Sarney).
(8) Kardec, Allan. O
Livro dos Espíritos,
Rio de Janeiro: Ed FEB,
2004 pra 536.
(9) Idem pra
563-a.
(10) (João 16:33).
(11) Cf. A reação da
natureza. Artigo
publicado no Jornal
Folha de São Paulo em
14.10.05 (Sarney).