ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
O Grande Enigma
(8a
Parte)
Léon Denis
Continuamos nesta edição
o estudo do clássico
O Grande Enigma, de
Léon Denis, conforme o
texto da 7a
edição publicada pela
Federação Espírita
Brasileira. O estudo
está sendo aqui
apresentado em 10
partes.
Questões
preliminares
A. Quando se inicia a
união da alma e do
corpo?
R.: Ela se inicia com a
concepção mas só fica
completa na ocasião do
nascimento. No intervalo
da concepção ao
nascimento, as
faculdades da alma vão,
pouco a pouco, sendo
aniquiladas pelo poder
sempre crescente da
força vital recebida dos
geradores, que diminui o
movimento vibratório do
perispírito. É essa
diminuição vibratória do
envoltório fluídico que
produz a perda da
lembrança das vidas
anteriores. (O Grande
Enigma, pp. 192 e 193.)
B. O esquecimento do
passado é definitivo?
R.: Não, nem definitivo,
nem absoluto. Cada
encarnação introduz
modalidades novas na
alma da criança, que
reedita sua vida, mas
encontra o terreno já
cultivado para isso.
Platão tinha, pois,
inteira razão ao dizer
que aprender é recordar.
O perispírito, que
registrou todos os
conhecimentos, todas as
sensações, todos os
atos, acorda e, sob a
influência do
hipnotismo, as vozes
profundas do passado se
fazem ouvir. (Obra
citada, pp. 195 e 196.)
C. O que caracteriza o
período da mocidade?
R.: Nesse ponto Léon
Denis concorda com
Maurice de Guérin, que
asseverou que a mocidade
é semelhante às
florestas. O que a
caracteriza é a
opulência, a plenitude
da vida, a
superabundância das
coisas, o impulso para o
futuro. A dedicação, a
necessidade de amar, de
nos comunicarmos são
também características
desse período da vida,
em que a alma, novamente
ligada a um corpo cujos
elementos são novos e
fortes, se sente capaz
de empreender vasta
carreira e se promete a
si mesma grandes
esperanças. (Obra
citada, p. 200.)
Texto para leitura
126. A união da alma e
do corpo começa com a
concepção e só fica
completa na ocasião do
nascimento. No intervalo
da concepção ao
nascimento, as
faculdades da alma vão,
pouco a pouco, sendo
aniquiladas pelo poder
sempre crescente da
força vital recebida dos
geradores, que diminui o
movimento vibratório do
perispírito. Esta
diminuição vibratória do
envoltório fluídico
produz a perda da
lembrança das vidas
anteriores. (PP. 192 e
193)
127. As aquisições do
passado são latentes em
cada alma: as faculdades
não se destroem; têm
raízes no inconsciente,
e sua aparência depende
do progresso
anteriormente
capitalizado, dos
conhecimentos, das
impressões, das imagens,
do saber e da
experiência. É o que
constitui o caráter
de cada indivíduo vivo e
lhe dá as aptidões
originais e
proporcionais ao seu
grau evolutivo. (P. 193)
128. A criança recebe
dos pais apenas a força
vital, a que é preciso
ajuntar certos elementos
hereditários. Por
ocasião da encarnação, o
perispírito une-se,
molécula a molécula, à
matéria do gérmen. (P.
193)
129. É, assim, sob a
influência dessa força
vital, emanada dos
geradores, que por sua
vez a receberam dos
antepassados, que o
perispírito desenvolve
suas propriedades
funcionais,
reproduzindo, sob a
forma de movimentos, o
traço indelével de todos
os estados da alma. De
outro lado, o gérmen
material recebe a
impressão de todos os
estados sucessivos do
perispírito: eis aí um
paralelismo vital
absolutamente lógico e
harmonioso. (P. 194)
130. Cada encarnação
perispiritual introduz
modalidades novas na
alma da criança, que
reedita sua vida, mas
encontra o terreno já
cultivado para isso.
Platão tinha, pois,
inteira razão ao dizer
que aprender é recordar.
(P. 195)
131. A obliteração do
passado não é, porém,
nem absoluta, nem
definitiva. O
perispírito, que
registrou todos os
conhecimentos, todas as
sensações, todos os
atos, acorda. Sob a
influência do
hipnotismo, as vozes
profundas do passado se
fazem ouvir. (P. 196)
132. Fato estranho! Essa
ciência da origem das
coisas, do ser, do
destino, a Antigüidade a
conhecia e compreendia
infinitamente melhor que
nós outros. O que mal
começamos a entender e
provar cientificamente,
sabiam-no por intuição e
iniciação a Grécia, o
Egito e o Oriente. (PP.
197 e 198)
133. A mitologia pagã
possuía no mais elevado
grau a inteligência das
origens e a noção da
gênese vital, e sob a
forma de mitos poéticos
transpirava a verdade
inicial, tal qual sob a
casca da árvore se
revela a seiva da vida.
(P. 198)
134. Concordando com
Maurice de Guérin, que
asseverou que a mocidade
é semelhante às
florestas, Denis diz que
o que caracteriza a
mocidade é a opulência,
a plenitude da vida, a
superabundância das
coisas, o impulso para o
futuro. A dedicação, a
necessidade de amar, de
nos comunicarmos,
caracteriza esse período
da vida em que a alma,
novamente ligada a um
corpo cujos elementos
são novos e fortes, se
sente capaz de
empreender vasta
carreira e se promete a
si mesma grandes
esperanças. (P. 200)
135. Evocando os bons
exemplos da Antigüidade
sagrada, Denis diz que
hoje tudo repousa na
ciência oficial – no
tocante ao método, e na
democracia – para
princípio social. Ambas,
porém, estão ameaçadas.
A ciência materialista
esvai-se na dissecação e
na análise; decompõe em
lugar de criar, disseca
em lugar de agir. Por
outra parte, a
democracia, em suas
obras vivas, traz já os
germens da decadência,
preconiza a mediocridade
em todos os gêneros,
proscreve o gênio e
desconfia da força. (P.
202)
136. O século XX começou
com esse balanço
intelectual e moral,
impotente e doloroso. “O
erro - afirma Denis -
foi tomar a ciência
por ideal e a democracia
por fim, enquanto que
ambas são meios,
apenas.” A mocidade de
amanhã deverá reagir
vigorosamente contra
essas duas idolatrias;
a de hoje já começa a
fazê-lo. Há entre os
nossos jovens alguns
Espíritos de elite,
iniciados, esclarecidos,
que desbravam o caminho
e preparam o êxodo e a
marcha do Espírito para
o futuro. São os
espiritualistas de bom
quilate, os que sabem
que lá, onde sopra o
Espírito, é que está a
verdadeira bondade. (P.
202)
137. A idade madura
é, por sua vez, a idade
de ouro da vida, porque
é a época da colheita, o
messidor, em que
a maturação se opera no
coração, no espírito, em
todo o ser. (P. 203)
138. Nesse período da
vida, uma grande
desgraça ameaça, no
entanto, a maior parte
dos homens: o ceticismo.
Infeliz daquele que se
deixa invadir por essa
larva malsã, que
neutraliza todas as
forças da maturidade!
(P. 204)
139. A idade
madura é, sem
dúvida, menos prática,
menos primaveril que a
adolescência. As flores
já decaíram do seu
colorido e perfume. Mas
os frutos, igualando-se
aos dos ramos de uma
árvore, começam a
aparecer na extremidade
da alma. A idade
madura é, por
excelência, o período da
plenitude; é o rio que
corre com toda a força e
espalha pelas campinas a
riqueza e a fecundidade.
(P. 204)
140. Nas almas
evoluídas, ricas do
capital acumulado nas
vidas anteriores, as
grandes obras são
escritas ou esboçadas na
mocidade. O gênio é
adolescente, podemos
exprimir-nos assim.
Cristóvão Colombo era
ainda criança e já o
visitavam as visões do
Novo Mundo. Rafael era
imortal antes de atingir
a segunda mocidade.
Milton contava 12 anos
de idade, quando
germinou em sua mente a
primeira idéia do
“Paraíso Perdido”.
Mas, para a maioria dos
homens, visto que o
gênio é a exceção, o
talento, apenas, é a
regra ordinária e é na
maturidade da vida, no
meio da floresta, como
dizia Dante, que se
realizam tanto os
grandes pensamentos
quanto as grandes obras.
(PP. 204 e 205)
141. O grande inimigo da
idade madura, e assim o
da vida inteira, é o
egoísmo. O homem se
diminui e mata pela
necessidade de gozar. As
paixões carnais e
cerebrais calcinam o
homem pelas duas
extremidades: esvaziam o
cérebro e o coração. (P.
206)
(Continua no próximo
número.)
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