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Estudando a série André Luiz
Ano 1 - N° 49 - 30 de Março de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  

Obreiros da Vida Eterna
André Luiz
(5
a Parte)

Damos continuidade ao estudo da obra Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1946 pela editora da Federação Espírita Brasileira, a qual integra a série iniciada com o livro Nosso Lar.  

Questões preliminares

A. Como eram o ambiente físico e a paisagem em torno da Casa Transitória de Fabiano?

R.: A diferença de atmosfera, entre o dia e a noite, na Casa Transitória de Fabiano, era quase imperceptível, porque as luzes artificiais ficavam sempre acesas. Um denso nevoeiro abafava a paisagem, sob o céu de chumbo, e grandes aparelhos destinados à fabricação de ar puro funcionavam incessantemente na casa, renovando o ambiente geral. O Sol era visto fundamente diferenciado: semelhava-se a um disco de ouro velho, sem qualquer irradiação. Ali a matéria obedecia a outras leis, interpenetrada de princípios mentais extremamente viciados. Congregavam-se em torno longos precipícios infernais e vastíssimas zonas de purgatório das almas culpadas e arrependidas. A ausência de vegetação, aliada à neblina pesada e sufocante, infundia profunda sensação de deserto e tristeza. (Obreiros da Vida Eterna, cap. 6, pp. 79 a 81.)

B. Que atividades eram comumente desenvolvidas pela Casa dirigida por Zenóbia?

R.: Auxiliar as expedições socorristas em serviço na Crosta; abrir-se à visitação de encarnados parcialmente libertos do corpo em momentos de sono físico, para receberem benefícios magnéticos; recepcionar missionários procedentes de esferas elevadas; organizar leitos para entidades desencarnadas prestes a serem trazidas; promover  o encontro de crianças recém-desencarnadas com suas mães que viriam da Crosta, em caráter temporário; receber delegações variadas de trabalho espiritual para ali combinarem providências – eis algumas atividades da Casa Transitória, além de outras medidas de menor significação, o que permite ver que eram intensas as obrigações a cargo da Irmã Zenóbia e seus companheiros. (Obra citada, cap. 6, pp. 81 e 82.)

C. Como era a região dos charcos que André atravessou em busca do ex-padre Domênico?

R.: Paisagem escura e misteriosa; no espaço, sons estranhos e gritos de seres selvagens, misturados a dolorosos gemidos humanos; aves de monstruosa configuração, mais negras do que a noite – assim era o caminho que o levou a uma zona pantanosa, um imenso charco, em que sobressaía rasteira vegetação, em meio a ervas mirradas e arbustos tristes que assomavam indistintamente do solo. Soluços próximos davam a impressão nítida de que procediam de pessoas atoladas em repelentes substâncias, tais as emanações desagradáveis que pairavam no ar. (Obra citada, cap. 6, pp. 82 a 85.)

D. Quem foi Domênico e por que, havendo sido padre, ele se encontrava naquela região?

R.: O ex-padre Domênico foi na Crosta incapaz de manter-se fiel ao Senhor até o fim de seus dias. Aproveitara-se do cargo para concretizar propósitos menos dignos, conspurcando a paz de corações sensíveis. Apesar de desencarnado há muito tempo, permanecia insensível às exortações de amor e paz, conservando-se em posição psíquica negativa, depois de haver-se precipitado em temível aridez do coração, envolvendo-se em forças que o aniquilavam e entorpeciam cada vez mais. Não admirava, pois, que estivesse naquela situação. (Obra citada, cap. 6, pp. 85 a 92.) 

Texto para leitura

31. Um denso nevoeiro - A diferença de atmosfera, entre o dia e a noite, na Casa Transitória de Fabiano, era quase imperceptível, mesmo porque, durante todo o tempo da permanência de André no instituto, as luzes artificiais estiveram acesas. Um denso nevoeiro abafava a paisagem, sob o céu de chumbo, e grandes aparelhos destinados à fabricação de ar puro funcionavam incessantemente na casa, renovando o ambiente geral. O Sol era visto fundamente diferenciado: semelhava-se a um disco de ouro velho, sem qualquer irradiação. Comparando a situação com a Crosta, os ocasos da esfera terrestre pareciam verdadeiras decorações do paraíso. Ali a matéria obedecia a outras leis, interpenetrada de princípios mentais extremamente viciados. Congregavam-se em torno longos precipícios infernais e vastíssimas zonas de purgatório das almas culpadas e arrependidas. A ausência de vegetação, aliada à neblina pesada e sufocante, infundia profunda sensação de deserto e tristeza. Jerônimo explicou que num abrigo de pronto socorro espiritual, como aquele, era mesmo conveniente não houvesse facilidade para distrações prejudiciais aos deveres. E, sorrindo, acentuou que por isso mesmo, na Crosta, o homem jamais teve descrições de infernos floridos ou de purgatórios sob árvores acolhedoras: Nesse ponto, os escritores teológicos foram exatos e coerentes. Aos culpados e renitentes confessos não convém a fuga mental. Em favor deles próprios, é mais razoável sejam mantidos em regiões desprovidas de encanto, para permanecerem a sós com as criações mentais inferiores a que se ligaram intensivamente. Ao soar das dezenove horas, orientados por Zenóbia, os componentes do pequeno grupo prepararam-se para pequena jornada ao abismo. O material de serviço, a ser levado, incluía faixas de socorro, redes de defesa e os lança-choques. (Cap. 6, pp. 79 a 81)

32. Os serviços da Casa Transitória - Zenóbia deixou instruções detalhadas dos serviços a serem desenvolvidos em sua ausência. A Casa deveria estar atenta à contribuição que receberia dos institutos congêneres, no dia imediato, pela manhã. Alguns servidores seguiram para a Crosta, para auxiliar a expedição Fabrino; certos departamentos abrir-se-iam à visitação de encarnados parcialmente libertos da Crosta, em momentos de sono físico, para receberem benefícios magnéticos; determinadas dependências seriam preparadas para a recepção de missionários do bem, procedentes de esferas elevadas; organizar-se-iam leitos para alguns desencarnados prestes a serem trazidos; duas enfermeiras trariam vinte crianças recém-desencarnadas, no sentido de se avistarem com as mães que viriam da Crosta, para reencontro confortador, em caráter temporário; variadas delegações de trabalho espiritual, junto a instituições piedosas, encontrar-se-iam no abrigo para combinar providências; duas novas missões de socorro alcançariam o asilo, dentro de breves horas, e demorar-se-iam até pela manhã, conforme aviso prévio; todos os trabalhos preparatórios da mudança assinalada para o dia seguinte deveriam ser levados a efeito... E outras medidas de menor significação foram recomendadas pela diretora da Casa, surpreendendo a André Luiz semelhante quadro de obrigações, porquanto a Irmã Zenóbia estaria ausente do instituto apenas quatro horas. (Cap. 6, pp. 81 e 82)

33. Espíritos atolados no charco - Ao transpor o limiar do instituto, Zenóbia recomendou ao grupo fosse apagado, no trajeto, todo o material luminoso, propondo a todos seguissem silenciosos, a pé, pois não seria razoável utilizar a volitação em distância tão curta. Ademais, era preciso guardar a maior quietude perante os pobres que habitavam aqueles sítios. Qualquer desatenção prejudicar-nos-á o objetivo, acrescentou a dirigente. A paisagem escura e misteriosa infundia pavor. Vagavam no espaço estranhos sons. Ouviam-se perfeitamente gritos de seres selvagens e, no meio deles, dolorosos gemidos humanos, emitidos talvez a imensa distância... Aves de monstruosa configuração, mais negras do que a noite, de longe em longe se afastavam de nosso caminho, assustadiças. E apesar da sombra espessa podia-se observar alguma coisa da infinita desolação ambiente. Um especialista na travessia daquelas sendas estreitas ia à frente. Atingiram zona pantanosa, em que sobressaía rasteira vegetação. Ervas mirradas e arbustos tristes assomavam indistintamente do solo. Fundamente espantado, ao ladear imenso charco, André ouviu soluços próximos. Ele tinha a nítida impressão de que as vozes procediam de pessoas atoladas em repelentes substâncias, tais as emanações desagradáveis que pairavam no ar. Ao indagar a Jerônimo, que caminhava ao lado, se ali jaziam almas humanas, lamentos indiscriminados se transformaram, de súbito, em rogativas tocantes: – Ajude-nos, quem passa, por amor de Deus! – Salvai-nos, por caridade!... – Socorro, viandantes! socorro! socorro! Verificou-se, então, o imprevisto: figuras animalescas e rastejantes, lembrando sáurios de descomunais proporções, avançaram para a caravana, ausentando-se da zona mais funda dos charcos. Eram em grande número e davam para assustar o ânimo mais intrépido. André pensou em volitar e fugir depressa, mas o grupo permanecia sereno e, a um sinal de Zenóbia, dez auxiliares utilizaram minúsculos aparelhos, emitindo raios elétricos de choque, através de insignificantes explosões, o que fez os atacantes monstruosos recuarem, precipitando-se no pântano. As lamentações dos prisioneiros invisíveis daquela substância viscosa multiplicavam-se, porém, sem que a expedição se detivesse. (Cap. 6, pp. 82 a 85)

34. O caso Domênico - Alguns minutos depois, a caravana havia ultrapassado a região dos charcos, penetrando escarpada região. Foi quando Zenóbia determinou que vinte auxiliares que seguiam com o grupo se postassem em determinado ponto, com a recomendação de aguardar o retorno dos demais. Zenóbia passou a conduzir o pequeno grupo, esclarecendo que agora eles podiam falar e atender aos objetivos da expedição. A região era como se fosse um oásis de paz, em meio de extenso deserto de sofrimentos. De fato, ali a atmosfera rarefazia-se de maneira sensível e a Lua parecia menos rubra, a relva mais doce, o ar mais tranqüilo. Zenóbia explicou, em se referindo aos sofredores do pântano, que não era impermeável àquelas rogativas. Na verdade, as imprecações dos infelizes dilaceravam-lhe o coração. No entanto, a Casa Transitória de Fabiano lhes vinha prestando o socorro possível, ajuda essa que, até o momento, fora repelida pelos irmãos infortunados. Debalde libertamo-los, periodicamente, dos monstros que os escravizam, organizando-lhes refúgio salutar. Fogem de nossa influenciação retificadora e tornam espontaneamente ao charco – informou Zenóbia. Era, pois, imprescindível que o sofrimento lhes solidificasse a vontade, para as abençoadas lutas do porvir. Ela referiu-se, em seguida, à entidade que constituía o objetivo central da expedição. Tratava-se do ex-padre Domênico, entidade a quem Zenóbia muito devia, e que, investido nas funções sacerdotais, fora incapaz de manter-se fiel ao Senhor até o fim de seus dias na Terra. Domênico aproveitara-se do cargo para concretizar propósitos menos dignos, conspurcando a paz de corações sensíveis. Recebera todas as advertências e avisos tendentes a modificar-lhe a conduta criminosa, mas havia desprezado toda espécie de assistência salvadora. Ela mesma havia colaborado, por anos consecutivos, nos serviços de orientação que eram ministrados ao padre, mas um dia, devido à própria fragilidade, havia-o abandonado à própria sorte, absorvida por sentimentos de horror em face das atitudes do clérigo. Mais de quarenta anos rolaram entre ambos, e, nos últimos tempos, seus sofrimentos acentuaram-se de maneira terrível, obrigando-a a mobilizar suas humildes possibilidades em seu favor. O ex-padre mantinha-se em padrão vibratório dos mais inferiores: apesar de desencarnado há muito tempo, permanecia insensível às exortações de amor e paz, conservando-se em posição psíquica negativa. Precipitou-se em temível aridez do coração, envolvendo-se em forças que o aniquilavam e entorpeciam cada vez mais. Era, portanto, indispensável que regressasse à Crosta, em novo corpo, para recapitular o pretérito em serviço expiatório, de vez que, mantendo-se em pesadas trevas interiores, subtraía-se sistematicamente a qualquer esforço de auto-exame. (Cap. 6, pp. 85 a 87)

35. A função das lágrimas - O projeto era Domênico voltar à carne na condição de filho sofredor de uma das suas vítimas de outro tempo – vítima e verdugo –, porque, num gesto de vingança cruel, o ofendido o eliminou com a morte. Para reintegrar-se nas correntes carnais, preciosas e purificadoras, deveria o infortunado adquirir, pelo menos, a virtude da resignação, de modo a não aniquilar o organismo daquela que, desempenhando sublime tarefa de mãe, lhe conferiria, carinhosamente, a nova personalidade. Para isso, era imprescindível que se melhorasse interiormente. Se um raio de luz lhe penetrasse o íntimo, se possibilitasse a ele a eclosão de algumas lágrimas que lhe desabafassem o coração, dilatando-lhe o entendimento, Domênico experimentaria novas percepções visuais e, provavelmente, conseguiria enxergar Ernestina, que lhe foi desvelada genitora, na derradeira romagem dos círculos carnais. A irmã Ernestina seria, no momento oportuno, chamada a cooperar nesse projeto, a fim de o recolher e conduzir à Crosta para as providências atinentes à reencarnação. Zenóbia estava convencida de que, podendo ver a genitora, o ex-padre Domênico se transformaria em breves dias, preparando-se para a reencarnação próxima, com o valor desejado. Dois companheiros da Casa Transitória velavam pelo infeliz, que estava estendido em decúbito dorsal. Zenóbia aproximou-se, sentou-se na erva rasteira e colocou a cabeça do infeliz em seu colo. O ex-padre, trajando um hábito esfarrapado e negro, exibia um semblante horripilante. Seus traços fisionômicos inspiravam compaixão. Cabelos em desalinho, olhos fundos, boca e nariz tumefactos em horrível máscara de ódio e indiferença, dava ele a impressão de celerado comum, que somente a doença conseguira imobilizar para a prestação de contas com a justiça. Domênico não acusou emoção alguma ao contacto daquele colo amoroso e nem se apercebeu da presença dos novos amigos. De olhar parado no espaço, num misto de desespero e zombaria, semelhava-se a uma estátua de insensibilidade, vestida de farrapos hediondos. Zenóbia chamou-o pelo nome, diversas vezes. Parecia que ele tinha dificuldades de audição, porque só depois de algum tempo foi que respondeu, irritadiço: – Quem me chama? quem me chama? O' poderes orgulhosos que desconheço, deixai-me no inferno! Não atenderei a ninguém, não desejo o céu reservado a prediletos... Pertenço aos demônios do abismo! Não me perturbem!... Odeio, odiarei para sempre!... Zenóbia, com imenso afeto, disse-lhe que eram amigos que o chamavam e que lhe desejavam o bem. Domênico não percebeu a frase confortadora, pois continuou praguejando: – Malvados! Gozam no paraíso, enquanto sofremos dores atrozes! Hão de pagar-nos! Deram-me direitos no mundo, prometeram-me a paz celestial, conferiram-me privilégios sacerdotais e precipitaram-me nas trevas! Desalmados! Satã é mais benigno!... (Cap. 6, pp. 88 a 90)

36. Singular efeito da prece - Zenóbia, longe de irritar-se, proferiu uma oração em favor de Domênico, pedindo a Jesus concedesse ao infeliz a possibilidade de ouvir aqueles que o amavam. Mais uma vez André pôde ver o valor inestimável da prece, porquanto, em seguida à súplica, ele observou que de todos se irradiavam forças brilhantes que alcançavam o tórax de Zenóbia, como a reforçar-lhe as energias, e de suas mãos carinhosas e beneméritas, então iluminadas de claridade doce e branda, emanavam raios diamantinos. A amorável amiga colocou-as sobre a fronte do desventurado, dando a todos a certeza de que maravilhosas energias se haviam improvisado em benefício dele. Chamou-o, novamente, grave e terna. Ele, podendo agora ouvir claramente, bradou: – Quem está aqui? Zenóbia respondeu que eram amigos que trabalhavam em seu favor, para que ele obtivesse paz e luz. Domênico gritou, acusando ligeira transformação íntima, mas de novo asseverou ter sido traído em seu ministério sacerdotal. Estou cego e atormentado no inferno por deliberado menosprezo das forças divinas que me desampararam totalmente! – disse ele a Zenóbia. Foi quando o padre Hipólito, a pedido da dirigente, começou a falar-lhe, pedindo-lhe não se rebelasse contra a determinação da Justiça Divina. Domênico estranhou a menção à justiça, pois ele se considerava injustiçado, porquanto, padecendo há muitos anos nas trevas, ninguém se havia lembrado de lhe fazer justiça, em face de suas prerrogativas no apostolado como sacerdote fiel à crença... Hipólito o advertiu com voz firme: – Acalma-te! A consciência é juiz de cada um de nós. Possivelmente envergaste a batina fiel à crença, mas desleal ao dever. Temos conosco alguém com bastante poder de penetração nos escaninhos de tua vida mental. Espera! Vamos orar em silêncio para que a bênção do Senhor se faça sentir em teu coração e, em seguida, passaremos a auxiliar-te para que releias, com a serenidade precisa, o livro de tuas próprias ações, compreendendo a longa permanência nos despenhadeiros fatais. Domênico emudeceu por momentos e o pequeno grupo orou, fervoroso, rogando luz para a irmã Luciana. (Cap. 6, pp. 91 e 92)   (Continua no próximo número.)
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita