CRISTIAN MACEDO
cristianmacedo@potencial.net
Porto Alegre,
Rio Grande do
Sul (Brasil)
Sobre O
Consolador
Um ano desta
revista
eletrônica
consoladora.
Iniciativa do
nosso amigo
Astolfo Olegário
de Oliveira
Filho, de José
Carlos Munhoz
Pinto e de uma
equipe dinâmica,
O Consolador
é um veículo
livre, aberto e,
acima de tudo,
tribuna de
qualidade
doutrinária
ímpar.
Com a rapidez e
a democracia
própria da
internet,
pessoas de todo
o mundo acessam
este periódico,
certos de que
semanalmente a
diversidade e a
qualidade se
mantêm.
Mas comecei meu
artigo dizendo
que esta revista
é realmente
consoladora.
Então aproveito
a deixa para
pensar numa
questão: O que é
consolo para o
Espiritismo?
Pra começo de
conversa é bom
deixar claro que
o Espiritismo
foi organizado
por uma das
maiores mentes
que já
reencarnaram na
Terra. Além de
educador
notável, Kardec
era de uma
lucidez
filosófica
incrível.
Logo, quando
Allan Kardec
trata do tema
“consolo”, ele o
faz em caráter
eminentemente
filosófico.
Vários filósofos
tratam da
consolação em
seus tratados.
Podemos citar,
entre tantas
textos, o
clássico de
Boécio “A
Consolação da
Filosofia” e,
recentemente, “O
Consolo da
Filosofia”, de
Alain de Botton.
Então, se Kardec
tratava o
consolo no
sentido
filosófico, vale
diferenciar o
termo para o
senso comum e
para a
filosofia.
Para o senso
comum, consolo é
fruto de uma
atitude. Alguém
consola alguém.
O consolo é um
paliativo
emocional.
Conforme os
dicionários,
paliativo é algo
que só tem
eficácia
momentânea ou
incompleta. Uma
espécie de
medicamento que
não cura, mas
mitiga o
sofrimento do
doente. Ou, por
fim, uma delonga
que mantém uma
expectativa.
Para o leigo, o
consolo é
enxugar
lágrimas, chorar
junto, dar um
remedinho, dar
conselhos, ter
compaixão.
Podemos chamar
esses atos
bondosos de
compaixão e, em
alguns casos,
até mesmo de
caridade.
Filosoficamente,
consolo implica
conhecer algo
que lhe faça
entender
sofrimentos,
aflições ou
situações
comumente
inexplicáveis.
Aí percebemos
uma diferença
digna de nota:
para o leigo o
consolo é algo
puramente
emocional. Uma
atitude
carinhosa de
alguém para
outra pessoa.
Para o filósofo
o consolo é algo
que o próprio
indivíduo
estabelece para
si a partir do
conhecimento, da
razão e do bom
senso.
Para a
filosofia, e,
claro, para o
Espiritismo, não
são pessoas
carinhosas que
consolam outras
pessoas. O
Consolador
Prometido é a
Doutrina
Espírita, não os
espíritas.
Por mais que
alguém seja
carinhoso,
bondoso,
atencioso (e
espírita) isso
não o torna um
“consolador”.
Para o senso
comum pode até
ser. Segundo o
Espiritismo,
não.
A Doutrina
Espírita consola
porque
esclarece. Ela
permite a todos
que travam
contato com seu
conteúdo uma
vida mais
tranqüila, mais
lúcida e feliz,
apesar das
aflições comuns
ao mundo físico
de imperfeições.
Ao saber que a
vida continua
qualquer
sofrimento
diminui. Eis o
consolo. A
certeza do
futuro é a
matriz do
consolo
espírita.
Vale lembrar
Kardec:
“Como
civilizado, o
homem raciocina
sobre a sua
infelicidade e a
analisa. Mas,
também, lhe é
facultado
raciocinar sobre
os meios de
obter consolação
e de
analisá-los.
Essa consolação
ele a encontra
no sentimento
cristão, que lhe
dá a esperança
de melhor
futuro, e no
Espiritismo que
lhe dá a certeza
desse futuro.”
(O Livro dos
Espíritos, item
933.)
“Se a luz da
verdade já lhe
houver penetrado
a alma, em sua
fé no futuro
haurirá
consolação.” (O
Livro dos
Espíritos, item
940, a.)
“...verdade
consoladora da
qual grande
força haurem as
criaturas, para
suportarem as
vicissitudes da
vida.” (O
Evangelho
segundo o
Espiritismo,
capítulo XXIII,
item 6.)
“Trata de ter
pura a
consciência em
meio dos males
que te afligem e
já bastante
consolado te
sentirás.” (O
Livro dos
Espíritos, item
852.)
“Sempre, porém,
lhe é dado
haurir
consolação na
própria
consciência, que
lhe proporciona
a esperança de
melhor futuro,
se fizer o que é
preciso para
obtê-lo.” (O
Livro dos
Espíritos, Item
924.)
*
Parabéns ao
Astolfo
Olegário, ao
José Carlos e à
equipe de O
Consolador
pela tarefa
consoladora de
divulgar o
conteúdo
espírita de
forma séria e
límpida.