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Editorial
Ano 1 - N° 51 - 13 de Abril de 2008
 


Dilemas da reprodução assistida
e a ética cristã

 

Segundo os especialistas em reprodução assistida, a ciência, sendo capaz de vencer hoje 90% dos casos de infertilidade, devolveu aos casais humanos a esperança de terem os próprios filhos, possibilidade que em época não distante era vedada a muitas pessoas.

As técnicas já disponíveis permitem atender os mais variados casos, inclusive os das mulheres que não produzem óvulos ou estejam casadas com homens inférteis. E o progresso científico, que não se cansa de surpreender a Humanidade, promete muito mais.

Os números que têm sido divulgados falam por si mesmos da grandiosidade desse trabalho. Desde 1978, quando Louise Brown veio ao mundo, já nasceram neste planeta mais de 300.000 bebês de proveta, 7.000 deles no Brasil, onde existem no momento milhares de embriões congelados.

Muitas pessoas, em nosso meio, perguntam como a Doutrina dos Espíritos se coloca ante tal assunto, que não foi, evidentemente, tratado por Kardec, da mesma forma que o Codificador não tratou da questão dos transplantes, tema estranho à sua época.

Em sã consciência, independentemente da opinião dos Espíritos Superiores, nós os espiritistas não podemos ir contra uma conquista científica que age a favor da vida, ao contrário dessa onda infeliz que apregoa a eutanásia e o aborto eugênico, que conspiram contra a vida.

Lembramos aqui as palavras que Dr. Jorge Andréa, ao examinar a questão dos transplantes, inseriu no seu livro "Psicologia Espírita", págs. 42 e 43: "A conquista da ciência é força cósmica positiva que não deve ser relegada a posição secundária por pieguismos religiosos. Por isso, chegará o dia em que poderemos avaliar até que ponto as influências espirituais se encontram nesses mecanismos, a fim de que as intervenções sejam coroadas de êxito e pleno entendimento".

Não constitui, pois, atitude coerente pôr-nos contra a corrente do progresso como fazem certas religiões que, na defesa dos seus dogmas, colocam óbices a avanços que concorrem, ao favorecerem a reencarnação dos Espíritos, para a evolução do planeta.

Essa postura não implica, porém, ignorar os problemas que se verificam na área da fertilização assistida, como o descarte de embriões, um dos dilemas advindos desse trabalho que, no entanto, podem ser perfeitamente resolvidos. 

Peter Brinsden, que participou da equipe responsável pelo nascimento do primeiro bebê de proveta em 1978, disse, a respeito do assunto, que há em todo o mundo milhares de embriões congelados e abandonados pelos pais, fato que se dá por causa do egoísmo dos próprios casais, que fazem tudo por um filho e pagam por isso, mas depois do parto não pensam mais no que restou.

Esse egoísmo referido pelo notável cientista tem, contudo, no próprio comportamento humano a sua solução. É aí que pode e certamente deve entrar a força da religião, para que a ética cristã seja respeitada e dê a essa prática o respaldo moral que não pode faltar em nenhuma realização humana.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita