A caixa de
bombons
Dinho, menino de
cinco anos, não
conseguia parar
quieto.
Impaciente,
andava de um
lado para outro,
com expressão de
sofrimento.
Percebendo a
inquietação do
menino, a mãe
perguntou:
— O que está
acontecendo, meu
filho?
Com as mãos
apertando a
barriga o
garotinho
reclamou, em
lágrimas:
— Minha barriga
dói, mamãe! Ai!
Ui! Ai! Não
agüento mais!...
Cheia de
ternura, a
mãezinha colocou
o pequeno no
colo e passou a
massagear- lhe a
região da dor,
enquanto ele se
aconchegava ao
seu seio.
— Por que,
mamãe, estou
sofrendo tanto?
Será que o Papai
do Céu não gosta
mais de mim? —
perguntou, com a
voz entrecortada
pelos soluços.
Acalentando-o
ainda mais junto
ao peito, a
mãezinha
explicou:
— Não é nada
disso, meu
filho. Deus ama
a todos nós da
mesma maneira: a
você, a mim e às
outras pessoas.
Nós é que,
muitas vezes,
com nossas
atitudes,
causamos o
próprio
sofrimento.
Fez uma pausa,
para ver se o
garoto estava
entendendo, e
perguntou:
— Vejamos: o que
foi que você
comeu hoje?
Dinho, que
prestava atenção
no que a mãe
dizia, franziu a
testa no esforço
de se lembrar,
e, parando de
chorar,
respondeu:
— Quando
levantei, tomei
um copo de leite
e comi bolachas.
— Ótimo! E na
hora do almoço?
— Comi arroz,
feijão, bife e
batatinha frita,
que gosto muito!
— Muito bem! E
foi só isso?
Será que não
esqueceu alguma
coisa?
O menino
concentrou-se e
depois
acrescentou,
satisfeito:
— Tomei sorvete
de morango!
— Isso mesmo,
Dinho. Mais
alguma coisa?
— Não. Só comi
isso.
— Pense bem, meu
filho!
Dinho não
saberia dizer se
foi o olhar da
mãe que parecia
saber tudo, mas
a verdade é que
baixou a cabeça,
com o rosto
vermelho,
sentindo-se
descoberto.
Lembrou-se de
que, na parte da
tarde, foi até o
armário onde sua
mãe guardava as
guloseimas para
repartir com a
família, pegou
uma caixa de
bombons e comeu
tudo, tudo,
tudo, sozinho,
escondido atrás
da casa. |
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Esfregando as
mãos, com medo
da reação da
mãe, ele contou
o que tinha
feito.
Sem reprovar o
comportamento do
menino, ela
considerou:
— Está vendo,
Dinho? A dor não
foi mandada por
Deus, meu filho.
Ela é
conseqüência da
sua gulodice. Se
você tivesse
repartido com
seus irmãos a
caixa de
chocolates, não
estaria passando
mal e sentindo
dor.
Nesse momento,
ouviram o
barulho de um
trem que
chegava. De
longe escutaram
seu apito
estridente:
PIUIIIIII...
PIUIIIII...
A mãezinha
aproveitou a
oportunidade e
explicou:
— Está escutando
o apito do trem?
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— Estou. |
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Nesse momento,
ouviram o
barulho de um
trem que
chegava. De
longe escutaram
seu apito
estridente:
PIUIIIIII...
PIUIIIII...
A mãezinha
aproveitou a
oportunidade e
explicou:
— Está escutando
o apito do trem?
— Estou.
— Pois bem! O
maquinista está
comunicando a
todos que o trem
está se
aproximando da
cidade e que é
preciso tomar
cuidado. É um
aviso! Da mesma
forma, meu
filho, a dor
também é um
alerta do nosso
corpo avisando
que algo não vai
bem dentro dele
e que é preciso
tomar cuidado.
Entendeu?
— Entendi,
mamãe. A dor é
nossa amiga! É
por isso que a
gente vai ao
médico?
— Isso mesmo,
meu filho!
Normalmente,
quando estamos
com algum
problema,
procuramos o
médico que
saberá nos
ajudar.
— Então, hoje
nós iremos ao
médico?
A mãezinha
sorriu,
completando:
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— Neste caso,
não há
necessidade. O
doutor, que
conhece você
muito bem e sabe
da sua gulodice,
já prescreveu um
remédio natural
para essas
ocasiões. Agora,
vou dar-lhe
algumas gotinhas
que ajudarão seu
organismo a
melhorar,
amenizando a
dor. Está bem?
Dinho sorriu,
confiante e
satisfeito.
Sentia-se
seguro, porque o
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Pai do Céu o
amava e
porque tinha
uma mãezinha
tão sabida e
tão boa.
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Tia
Célia