GERSON SIMÕES
MONTEIRO
gerson@radioriodejaneiro.am.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Amparou filhos
de escravos
A professora
Anália Franco,
após a Lei do
Ventre Livre
(1871) conceder
a liberdade aos
filhos de
escravos, tomou
conhecimento que
eles ao nascerem
já estavam
previamente
destinados à
“Roda”, da Santa
Casa de
Misericórdia,
onde eram
deixados os
recém-nascidos
abandonados. E
as crianças, por
serem impróprias
ao trabalho,
eram expulsas
das fazendas,
passando a
perambular pelas
estradas. Diante
disso, Anália
trocou o seu
cargo de
professora na
capital de São
Paulo por outro
na área rural, a
fim de
socorrê-las.
Em certa cidade
do Norte do
Estado,
conseguiu,
inicialmente,
uma casa de
graça numa
fazenda para
instalar uma
escola primária.
Mas quando a
fazendeira
condicionou:
"desde que não
houvesse a
promiscuidade de
crianças brancas
e negras”,
Anália não
aceitou essa
humilhante
condição, e teve
de pagar
aluguel. Fundou,
então, a
primeira Escola
Maternal, a qual
se transformou
num albergue
para filhos de
escravos.
A fazendeira,
porém,
conseguindo a
remoção da
escola de suas
terras, obrigou
Anália a alugar
uma casa na
cidade. O
aluguel, que
correspondia à
metade do seu
salário, era
insuficiente
para alimentar
as crianças. Em
razão disso,
certa manhã, foi
pessoalmente
pedir esmolas,
levando consigo
pelas ruas os
“seus alunos sem
mães”, como ela
os chamava nos
seus escritos.
Anália Franco,
missionária da
educação,
romancista,
escritora,
teatróloga e
poetisa, fundou
71 escolas, dois
albergues, uma
colônia
regeneradora
para mulheres,
23 asilos para
crianças órfãs,
um grupo
musical, uma
orquestra, um
grupo dramático,
em 24 cidades de
São Paulo.
Nascida em 1º de
fevereiro de
1856, era
espírita, fé que
dividia com seu
esposo Francisco
Antônio Bastos.
Ela desencarnou
em 13 de janeiro
de 1919, vítima
da gripe
espanhola,
quando iria
fundar no Rio de
Janeiro mais uma
instituição de
amparo à
infância.
Posteriormente,
seu esposo
concretizou essa
idéia, fundando
o Lar Anália
Franco para
meninas órfãs,
na Av. Marechal
Rondon, 875, no
Rocha.
A meu ver, a
melhor homenagem
a essa
extraordinária
mulher que todos
admiramos é
ajudar as
crianças desse
Lar, fundado em
nome dela, sob a
amorosa
inspiração de
Jesus.
GERSON SIMÕES
MONTEIRO é
presidente da
Fundação
Cristã-Espírita
Paulo de Tarso,
do Rio de
Janeiro, RJ, e
diretor da Rádio
Rio de Janeiro.