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Crônicas e Artigos
Ano 1 - N° 6 - 23 de Maio de 2007

CRISTIAN MACEDO
cristianmacedo@potencial.net
Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil)

Entre Ronaldinho e Armando Nogueira

Quando eu conheci Ronaldinho Gaúcho tornei-me fã.

Ele é um craque de futebol. Sabe lançar, cruzar, cobrar faltas e escanteios, carregar a bola, driblar, fazer gols... Já ganhou muitos prêmios, além, é claro, dos títulos nos clubes em que atuou.

Outro grande nome do futebol, que também admiro muito, é Armando Nogueira. Seus comentários são brilhantes. Ele consegue envolver a todos com suas palavras poéticas, cheias de beleza e sabedoria.

Poderíamos comparar o que Ronaldinho faz com os pés, Armando Nogueira faz com as palavras.

Desejo de jogar

Diante dessas duas figuras, o futebol se torna mais atraente. A maioria dos apreciadores de futebol gostaria muito saber jogar bola. O sonho de ser um craque já passou pela cabeça de muita gente.

Agora vamos imaginar um sujeito fictício. Seu nome: Nicanor.

Nicanor adora futebol. Ao ver Ronaldinho Gaúcho jogando ele é tomado de entusiasmo e decide jogar futebol.

Nicanor é muito informado. É um autodidata. Desse modo, resolve ler tudo sobre futebol. É claro que na sua bibliografia estará os dez livros que Armando Nogueira escreveu: O Homem e a Bola, A ginga e o Jogo, A chama que não se apaga, entre outros.

Assistirá ao campeonato espanhol, para ver seu ídolo jogar. Nicanor organizará seus horários para assistir aos jogos, programas de futebol na TV e gravações clássicas de partidas históricas envolvendo Pelé, Garrincha, Tostão, etc.

Seu desejo é conhecer o futebol... afinal ele quer ser um craque.

O que importa nos campeonatos

Nosso amigo Nicanor, após muito tempo de estudo, se deparará com um problema: seu conhecimento e sua capacidade de discorrer sobre futebol serão magníficas, mas sua ginga, seu chute e cabeceio...

Nicanor perceberá que não é possível tornar-se um craque sem treino. Muito treino.

Com o estudo ele tornou-se um excelente comentarista, mas os campeonatos exigem dos clubes bons jogadores.

Você deve estar pensando: "esse Nicanor é um tanto ingênuo. Todo mundo sabe que não nos tornamos excelentes em alguma coisa apenas lendo."

Realmente parece muita ingenuidade alguém pensar que lendo iria adquirir algo que só se adquire treinando.

Por isso é tão estranho ver pessoas que dizem que gostariam muito de conquistar virtudes, mas ficam apenas lendo, assistindo a palestras ou cursos sobre virtudes.

Sobre as virtudes na vida

Quando lemos muito sobre virtudes, passamos a fazer parte do rol daqueles que conhecem virtudes. Passamos a ser comentaristas de virtudes.

Somos chamados para dar aulas, palestras, workshops... os mais ousados, escrevemos livros sobre o tema.

Teorizar fica mais fácil... é confortável e exige pouco esforço. Mas a vida pede pessoas virtuosas e não apenas que saibam sobre virtudes.

Conhecer as virtudes e não praticá-las é semelhante ao comentarista de futebol... é bom a gente ouvir, mas sua fala não faz nosso time ganhar campeonato.

Precisamos ser jogadores. Aristóteles, quando escreveu a seu filho tratando das virtudes, já dizia quanto inútil era refugiar-se nos argumentos e quanto as pessoas perdem se não criam hábitos virtuosos.

Na vida, as virtudes são conquistadas pelo esforço, pela razão, pela tomada de consciência. Não adianta só conhecer. A sabedoria está em criar hábitos virtuosos. Por isso é bom disciplinarmos nosso tempo e treinar, treinar e treinar...

A vida merece mais craques. 
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita