Quando eu
conheci Ronaldinho Gaúcho
tornei-me fã.
Ele é um
craque de futebol. Sabe lançar,
cruzar, cobrar faltas e
escanteios, carregar a bola,
driblar, fazer gols... Já
ganhou muitos prêmios, além,
é claro, dos títulos nos
clubes em que atuou.
Outro grande
nome do futebol, que também
admiro muito, é Armando
Nogueira. Seus comentários são
brilhantes. Ele consegue
envolver a todos com suas
palavras poéticas, cheias de
beleza e sabedoria.
Poderíamos
comparar o que Ronaldinho faz
com os pés, Armando Nogueira
faz com as palavras.
Desejo de
jogar
Diante dessas
duas figuras, o futebol se torna
mais atraente. A maioria dos
apreciadores de futebol gostaria
muito saber jogar bola. O sonho
de ser um craque já passou pela
cabeça de muita gente.
Agora vamos
imaginar um sujeito fictício.
Seu nome: Nicanor.
Nicanor adora
futebol. Ao ver Ronaldinho
Gaúcho jogando ele é tomado de
entusiasmo e decide jogar
futebol.
Nicanor é
muito informado. É um
autodidata. Desse modo, resolve
ler tudo sobre futebol. É claro
que na sua bibliografia estará
os dez livros que Armando
Nogueira escreveu: O Homem e a
Bola, A ginga e o Jogo, A chama
que não se apaga, entre outros.
Assistirá ao
campeonato espanhol, para ver
seu ídolo jogar. Nicanor
organizará seus horários para
assistir aos jogos, programas de
futebol na TV e gravações
clássicas de partidas
históricas envolvendo Pelé,
Garrincha, Tostão, etc.
Seu desejo é
conhecer o futebol... afinal ele
quer ser um craque.
O que importa
nos campeonatos
Nosso amigo
Nicanor, após muito tempo de
estudo, se deparará com um
problema: seu conhecimento e sua
capacidade de discorrer sobre
futebol serão magníficas, mas
sua ginga, seu chute e
cabeceio...
Nicanor
perceberá que não é possível
tornar-se um craque sem treino.
Muito treino.
Com o estudo
ele tornou-se um excelente
comentarista, mas os campeonatos
exigem dos clubes bons
jogadores.
Você deve
estar pensando: "esse
Nicanor é um tanto ingênuo.
Todo mundo sabe que não nos
tornamos excelentes em alguma
coisa apenas lendo."
Realmente
parece muita ingenuidade alguém
pensar que lendo iria adquirir
algo que só se adquire
treinando.
Por isso é
tão estranho ver pessoas que
dizem que gostariam muito de
conquistar virtudes, mas ficam
apenas lendo, assistindo a
palestras ou cursos sobre
virtudes.
Sobre as
virtudes na vida
Quando lemos
muito sobre virtudes, passamos a
fazer parte do rol daqueles que
conhecem virtudes. Passamos a
ser comentaristas de virtudes.
Somos
chamados para dar aulas,
palestras, workshops... os mais
ousados, escrevemos livros sobre
o tema.
Teorizar fica
mais fácil... é confortável e
exige pouco esforço. Mas a vida
pede pessoas virtuosas e não
apenas que saibam sobre
virtudes.
Conhecer as
virtudes e não praticá-las é
semelhante ao comentarista de
futebol... é bom a gente ouvir,
mas sua fala não faz nosso time
ganhar campeonato.
Precisamos
ser jogadores. Aristóteles,
quando escreveu a seu filho
tratando das virtudes, já dizia
quanto inútil era refugiar-se
nos argumentos e quanto as
pessoas perdem se não criam
hábitos virtuosos.
Na vida, as
virtudes são conquistadas pelo
esforço, pela razão, pela
tomada de consciência. Não
adianta só conhecer. A sabedoria
está em criar hábitos
virtuosos. Por isso é bom
disciplinarmos nosso tempo e
treinar, treinar e treinar...
A vida merece
mais craques.