O
Livro dos Médiuns
Allan Kardec
(6ª
Parte)
Continuamos a
apresentar o estudo de "O
Livro dos Médiuns",
segunda
das cinco obras que constituem o
chamado Pentateuco Kardequiano,
que Allan Kardec lançou em Paris
no ano de 1861, o qual está sendo
aqui apresentado na forma de 175
questões objetivas.
Questões
objetivas
40. Que fazer
diante das manifestações
espíritas espontâneas?
Em geral, não
há motivos para se amedrontar; a
presença dos Espíritos pode ser
importuna, mas não perigosa. Se
são Espíritos que se divertem ,
devemos rir-nos de suas peças, e
não nos impacientar com elas:
eles, então, acabarão por se
cansar e se retirarão do local.
È sempre útil saber, contudo, o
que desejam. Se pedem alguma
coisa, podemos estar certos de que
cessarão suas visitas desde que
seu desejo esteja satisfeito. A
consulta nesses casos deverá ser
feita através de um médium em
boas condições de
desenvolvimento. Se o autor das
manifestações é um Espírito
infeliz, a caridade manda seja
tratado com as atenções que
merece; se é um malvado, é
preciso pedir a Deus que o torne
melhor. Em todos os casos, a prece
pode ter sempre apenas um bom
resultado. Mas a gravidade das
fórmulas de exorcismo os faz rir
e não as levam em nenhuma conta.
(Item 90)
41. Em que
consiste o fenômeno de
transporte?
Este fenômeno
difere das manifestações em que
ocorra movimento de objetos
inertes apenas pela intenção
benévola do Espírito que o
executa, pela natureza dos objetos
quase sempre graciosos e pela
maneira doce e freqüentemente
delicada por que são trazidos.
Consiste no transporte espontâneo
de objetos que não existem no
local onde se está; são com
freqüência flores, algumas vezes
frutos, bombons, jóias etc. Para
obter fenômenos dessa ordem, é
preciso contar com médiuns
sensitivos, isto é, dotados do
mais alto grau das faculdades
medianímicas de expansão e de
penetrabilidade, porque o sistema
nervoso desses médiuns,
facilmente excitável, lhes
permite, por meio de certas
vibrações, projetar ao seu redor
com profusão seu fluido
animalizado. Nem todos os
Espíritos podem produzi-los,
porque é preciso que entre o
médium e eles exista uma certa
afinidade, uma certa analogia, uma
certa semelhança que permita à
parte expansível do fluido
perispirítico do encarnado se
misturar, se unir, se combinar com
o do Espírito que quer executar o
transporte. Então este pode, por
meio de certas propriedades do
ambiente terrestre, por nós
desconhecidas, isolar, tornar
invisíveis e fazer moverem-se
certos objetos materiais e os
próprios encarnados. (Itens 96 a
98).
42. Um objeto
pode ser transportado para um
local fechado?
O Espírito
pode tornar invisíveis os objetos
a serem transportados, mas não
fazê-los penetráveis, nem
quebrar a agregação da matéria,
o que seria a destruição do
objeto. Tornando invisível o
objeto, pode transportá-lo quando
quer e não o desembrulhar senão
no momento conveniente para
fazê-lo aparecer. O caso é,
porém, diferente quanto aos
objetos compostos pelo Espírito.
Como este não introduz no recinto
senão os elementos da matéria
que são essencialmente
penetráveis, pode introduzir um
objeto num lugar, por mais fechado
que esteja, mas é somente neste
caso. Os Espíritos têm a
faculdade de penetrar e atravessar
os mais condensados corpos com a
mesma facilidade com que os raios
solares atravessam os vidros de
uma vidraça. (Item 99, pergunta no
20) (N.R.:
André Luiz , em seu livro
"Nos Domínios da Mediunidade",
cap. 28, pp. 268 a 271, e Ernesto
Bozzano, em "Fenômenos de
Transporte", tratam do tema e
afirmam, contrariamente ao que diz
Erasto neste item de "O Livro
dos Médiuns", que é
possível, sim, introduzir um
objeto num lugar hermeticamente
fechado. Recomendamos ao leitor
que leia sobre o assunto as obras
citadas.)
43.
Como o Espírito transporta o
objeto?
Ele o envolve
com um fluido haurido em parte no
perispírito do médium e, em
parte, dele mesmo e é nesta
combinação que oculta e
transporta o objeto sujeito do
transporte. Uma vez introduzido o
objeto no recinto, o Espírito o
desembrulha, isto é, tira o
elemento fluídico que o envolve,
tornando-o novamente visível.
(Item 99, perguntas nos
13 e 19)
44. Quais são
as manifestações espíritas mais
interessantes?
De todas as
manifestações espíritas, as
mais interessantes, sem
contradição, são aquelas pelas
quais os Espíritos podem
tornar-se visíveis. Aliás, este
fenômeno não é mais
sobrenatural do que os outros,
visto que os Espíritos podem
tornar-se visíveis durante o sono
e mesmo durante a vigília, o que
é, contudo, mais raro. (Item 100)
45. Há
inconveniente em se ver os
Espíritos a todo instante?
Haveria tanto
inconveniente em nos vermos
constantemente em presença dos
Espíritos como em ver o ar que
respiramos ou as miríades de
animais microscópicos que pululam
ao redor de nós e sobre nós.
Estando a todo momento rodeado de
Espíritos, o homem ficaria
perturbado com sua visão
incessante, que lhe embaraçaria
as ações e lhe tiraria a
iniciativa na maior parte dos
casos, enquanto que, julgando-se
só, age mais livremente. Deus
sabe melhor do que nós o que nos
convém e, se permite que vejamos
os Espíritos em certos casos, é
para dar uma prova de que tudo
não morre com o corpo e de que a
alma conserva sua individualidade
depois da morte. (Item 100,
perguntas nos 7 e 8)
46. Como podem
os Espíritos tornar-se visíveis?
O princípio é
o mesmo que o de todas as
manifestações; reporta-se às
propriedades do perispírito, que
pode sofrer diversas
modificações, à vontade do
Espírito. Em nosso mundo, os
Espíritos só podem manifestar-se
com a ajuda de seu invólucro
semimaterial e é assim que
aparecem algumas vezes com a forma
humana ou outra diferente, seja
nos sonhos, seja mesmo no estado
de vigília. Pela combinação de
fluidos do médium e dele mesmo,
produz-se no perispírito do
desencarnado uma disposição
particular que não tem analogia
para nós e que o torna
perceptível. (Item 100, perguntas
nos 21 a 23)
47. Por que
não vemos os Espíritos que
desejamos ver?
Os Espíritos não têm sempre
a possibilidade de se manifestarem
à vista, mesmo em sonhos, apesar
do desejo dos encarnados de
vê-los. Causas independentes da
sua vontade podem impedi-lo. É
muitas vezes também uma prova
cujo mais ardente desejo não pode
afastar. (Item 100, pergunta no
15) (Continua
no próximo número.)