Um leitor me pergunta:
Se riqueza e pobreza são provas,
qual delas é a mais difícil?
Não há quanto
a esse assunto nenhuma dúvida.
Segundo o Espiritismo, riqueza e
pobreza nada mais são que provas
pelas quais o Espírito necessita
passar, tendo em vista um objetivo
mais alto, que é o seu progresso.
Deus concede a uns a prova da
riqueza, e a outros a da pobreza,
para experimentá-los de modos
diferentes. Aliás, essas provas
são, com freqüência, escolhidas
pelos próprios Espíritos, que,
no entanto, nelas geralmente
sucumbem.
Tanto uma
quanto outra são provas muito
difíceis, porque se na pobreza o
Espírito pode ser tentado à
revolta e à blasfêmia contra o
Criador, na riqueza expõe-se ele
ao abuso dos bens que Deus lhe
empresta, deturpando, com esse
comportamento, seus augustos
objetivos.
Espíritos
realmente evoluídos, tanto quanto
os que compreendem perfeitamente o
significado da lei de causa e
efeito, podem solicitar a prova da
pobreza como oportunidade para o
acrisolamento de qualidades ou a
realização de certas tarefas que
a riqueza certamente prejudicaria.
Em muitas vezes, também, o mau
uso da fortuna em precedente
existência leva o Espírito a
pedir seu retorno em uma
condição oposta, com o que
espera reparar abusos cometidos e
pôr-se a salvo de novas
tentações.
A pobreza é,
para os que a sofrem, a prova da
paciência e da resignação. A
riqueza é, para os que a
usufruem, a prova da caridade e da
abnegação. É preciso
entendamos: a existência
corpórea é passageira e a morte
do corpo priva o homem de todos os
recursos materiais de que
eventualmente disponha no plano
terráqueo. Pobres e ricos voltam,
pois, à vida espiritual em
idênticas condições, o que
mostra que a posição social do
rico ou do pobre não passa de
expressão transitória.
Compreendamos também que
nenhuma das provas citadas
constitui obstáculo à chamada
salvação. Se isso ocorresse,
Deus, que as concede, teria dado a
seus filhos um instrumento de
perdição, idéia que repugna à
razão. No tocante à riqueza, é
fácil, enfim, perceber que, pelas
tentações que gera e pela
fascinação que exerce, constitui
ela uma prova muito arriscada e
mesmo mais perigosa que a
miséria.