Interessante
fazermos algumas reflexões
sobre o exemplo deixado por
Allan Kardec (1804-1869) para
a divulgação espírita. Os
livros da codificação, a
Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas e a Revista
Espírita foram os meios pelos
quais, em cerca de doze anos,
o puseram em relação com
todos os continentes do
planeta, disseminando a Nova
Revelação, através de quase
trezentas cidades, conforme
pudemos pesquisar em suas
obras.
Além
destes caminhos, queremos
destacar aqui outro recurso
encontrado pelo codificador
para divulgar a mensagem
espírita, que foi através da
oratória. Ficou conhecida a
viagem que fez em 1862, em
função do opúsculo que
publicou neste mesmo ano,
fazendo constar alguns
discursos ocorridos nesta
ocasião. Porém, ele fez
também outras viagens,
conforme pudemos extrair dos
artigos constantes na Revista
Espírita. Sem dúvida, o
ensinamento oral, somado às
outras formas de divulgação,
é um antigo recurso que tem
possibilitado que se esparzam
muitas idéias e ideais e, por
isso mesmo, o próprio Allan
Kardec faz referência, na
Revista Espírita, de junho de
1862, que iriam surgir os
Paulos de Tarso do
Espiritismo, isto é,
haveria pessoas que
difundiriam pela oratória a
Boa Nova rediviva.
Para fazer
este importante relatório
histórico-biográfico sobre
as viagens de Allan Kardec,
pesquisamos em todos os
volumes de A Revista
Espírita, de 1858 a 1869,
Ed. Edicel, 1991, e pudemos
elencar as viagens feitas pelo
Codificador, concluindo que, a
partir de 1860, ele percorreu
a França de norte a sul, para
suas pesquisas e palestras,
indo inclusive a dois outros
países (Bélgica e Suíça),
inobstante suas incansáveis
tarefas à frente dos
inúmeros compromissos
doutrinários em Paris.
Conforme o
roteiro abaixo reproduzido,
Kardec viajou um total
superior a 15 mil quilômetros
para a divulgação
doutrinária espírita. Após
150 anos do advento da
Codificação Espírita,
constatamos que muitos
companheiros do Brasil têm
viajado para o exterior,
"exportando o Espiritismo
e o Evangelho", com a
diferença de que, ao tempo de
Allan Kardec, não havendo
avião, o meio de transporte
usado era o cabriolé e o
Codificador cumpriu com
idealismo sua tarefa de
divulgação oral das novas e
eternas verdades.
Roteiro
das viagens de Allan Kardec
1860,
Setembro: Discurso
oferecido pelos espíritas
lioneses ao sr. Allan Kardec,
a 19 de setembro de 1860; ele
se felicita pelo cordial
acolhimento recebido por toda
parte e, notadamente, em Sens,
Mâcon, Lyon e Saint-Etienne:
RE 1860/312, 347.
1861,
Setembro: – Foi ele
novamente a Lyon este ano;
antes de falar dos espíritas
de Lyon, disse que não
devemos esquecer dos de Sens e
de Mâcon, que visitou de
passagem, e outras cidades
como Lille e Bordéus: RE
1861/305, 316, 343;
1862,
Setembro: sete semanas,
num percurso de cento e
noventa léguas (Obs.: 1
légua = 6.600 metros), no
qual visitou uma vintena de
localidades e assistiu a mais
de cinqüenta reuniões:
reconhecimento aos espíritas
de Provins, Troyes, Sens, Lyon,
Avignon, Montpellier, Cette,
Toulouse, Marmande, Albi,
Saint Gemme, Bordéus, Royan,
Merchers sur-Garone, Marennes,
Saint Pierre d’Oléron,
Rochefort, St Jean d’Angély,
Angoulème, Tours e Orléans.
Em seu percurso visitou os
possessos de Morzine; O
Espiritismo em Rocheford;
observações feitas na comuna
de Morzine, Alta Sabóia,
comuna de Chablais; Episódio
da Viagem do Sr. Allan Kardec;
- Viagem Espírita,
pág 18 e 19: RE 1862/321,
355, 365;
1863:
em sua viagem, viu o jovem
obsidiado de Zimmerwald; fez
também uma curta viagem a
Morzine: RE 1863/4, 38
1864:
durante a excursão espírita
que fez neste ano, tendo ido
passar alguns dias em casa do
sr. W., membro da Sociedade
Espírita de Paris, no cantão
de Berne, Suíça, cedendo às
insistentes solicitações dos
espíritas de Bruxelas e
Antuérpia, fez-lhes curta
visita; fez também uma das
mais honrosas menções ao
grupo espírita de Douai, que
visitou de passagem: RE
1864/290, 304, 307
1865,
Fevereiro: de volta de uma
longa viagem que acabara de
fazer, encontrou uma carta que
alguém lhe escreveu sobre
Hillaire; fez observações
sobre um camponês do cantão
de Berne: RE 1865/85, 279.
(Obs.: Se foi longa a viagem,
deve ter ido a várias
cidades);
1866,
Agosto: menciona uma
comunicação que lhe foi
dirigida durante a viagem que
acabara de fazer; disse que no
ano anterior só havia reunido
uns trinta convivas (Obs.:
Portanto, em 1866, pois a
Revista Espírita em que
consta esta citação é de
1867; ele está se referindo
aqui ao banquete na Sociedade
de Bordéus): RE 1866/309,
Nota; 1867/197.
1867:
Mau grado às ocupações que
o retinham em Paris, foi-lhe
possível atender ao gentil
convite que lhe foi feito para
nele tomar parte (Obs.:
refere-se a um banquete na
Sociedade de Bordéus); não pôde
então parar senão alguns
instantes em Tours e Orléans,
que estavam em seu caminho: RE
1867/197, 199.
Fica este importante
registro sobre a história do
início da 3ª Revelação.