Conta a
Bíblia que havia um homem na
terra de Hus (cuja
localização é incerta),
chamado Jó, que era íntegro,
reto, temente a Deus e se
desviava do mal. Tinha sete
filhos e três filhas.
Possuía sete mil ovelhas,
três mil camelos, quinhentas
juntas de bois e quinhentas
jumentas, e muitos empregados.
Finaliza o livro sagrado no
capítulo 1, versículo 3,
dizendo: (...) de modo que
este homem era o maior de
todos os do Oriente.
A figura de
Jó tem merecido amplo estudo
dos estudiosos da Bíblia.
Principalmente pelo livro
discutir o problema do
sofrimento, uma vez que Jó
não entende o próprio
infortúnio quando perde bois,
jumentas, ovelhas, empregados,
filhos e filhas, e ganha
úlceras malignas.
Vulto
discutido, Jó divide ainda
hoje as opiniões, pois uma
parte acha tratar-se de um
personagem fictício; e outra,
de um ser bem real. Para nós,
neste momento de reflexão,
importa o exemplo de fé que
ele deixa à posteridade
quando passa por difíceis
provas – sem questionar a
procedência, a história é
válida e tão profícua
quanto um conto moral.
Quem neste
mundo de Deus está isento da
dor ou de uma provação?
Ninguém. A vida exige de cada
ser a sua cota de devotamento
e empenho. Aos crentes, aos
piedosos, aos maus e aos
ingratos, não importa a
categoria evolutiva, tem o
homem um papel a desempenhar
na trilha da própria
evolução.
Aliás, a
sua evolução depende somente
dele e de ninguém mais, pois
pessoa alguma evolui por
osmose, tentando absorver a
bondade que o companheiro do
lado conquistou à custa de
muito sacrifício e muita
renúncia. "A cada um
segundo a sua obra",
ensina a Bíblia em Salmos,
62:12.
Por aí
vemos a inutilidade da inveja
no desejo violento de possuir
o bem do outro ou a graça que
o vizinho ou o amigo deixa
transparecer. É realmente
digno de pena, quem assim age,
pois nada tira do aprendizado
e nada resgata da oportunidade
que Deus dá de poder refazer
a obra do passado, segundo
ensina a doutrina espírita.
Além de
não saber amar é mal amado.
Existe pior castigo do que
isso?
Esquece que
mais adiante a vida fará suas
cobranças, quando não as
realiza hoje mesmo nas
frustrações do coração e
no vazio do ser.
Como é
difícil ao homem da Terra
aprender algo tão simples,
que apenas o bem e o amor
comandam a verdadeira
felicidade. E que jamais
alguém é feliz ferindo,
matando, cobiçando ou
roubando. Muito menos
provocando qualquer tipo de
dor, seja ela física ou
moral.
Daí o
exemplo de Jó nos servir de
lição. Quando informado
sobre a tragédia que lhe
tomba sobre a cabeça: a perda
de bens e pessoas queridas
relata a Bíblia no capítulo
1, versículo 20, que ele se
levanta, rasga seu manto,
raspa a cabeça e,
lançando-se em terra, adora a
Deus, dizendo: "Nu
saí do ventre de minha mãe,
e nu tornarei para lá. O
Senhor deu, e o Senhor tirou;
bendito seja o nome do Senhor".
Ao que o
texto conclui no versículo
seguinte: "Em tudo
isso Jó não pecou, nem
atribuiu a Deus falta alguma".
Portanto,
se alguma tragédia nos
atingir, ou cairmos em alguma
prova difícil que demanda
paciência e resignação,
possamos ter a serenidade
necessária para bem
compreender aquele momento,
retirando dele as lições
necessárias e as forças
novas que animarão nossa alma
e curarão nossas feridas não
importando as marcas
registradas.
Tenhamos em
mente o querido Mestre que
jamais negou, jamais contou
vantagem, jamais cobiçou. Na
sua humilde e carinhosa
figura, amou
incondicionalmente,
compreendendo e perdoando.
Sofreu sem
merecer e em tempo nenhum
acusou, pois sabia ser o
pecador um condenado por si
mesmo: "...com a mesma
medida com que medis, vos
medirão a vós"
(Lucas, 6:38).