ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA
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Guarani, Minas Gerais (Brasil)
"Somos
os jovens cristãos..."
Peixotinho
precisava descansar e foi
aconselhado por um amigo médico a
passar alguns dias em Astolfo
Dutra, Minas Gerais.
A
Fundação Espírita Abel Gomes,
instituição que acolhe meninas
desamparadas, fica numa área
tranqüila da cidade, cercada de
muito verde, e de ar muito puro, e
seria ótimo pouso para o seareiro
cansado. (Peixotinho foi um dos
maiores médiuns de efeitos
físicos que o Brasil conheceu;
talvez um dos maiores do mundo!)
Na
Fundação, às terças-feiras e
aos sábados, de oito às dez
horas da noite, realizava-se um
trabalho de vibrações a que se
chamava, à época, sessão de
cura. Era um trabalho leve, sem
comunicação de Espíritos
desequilibrados, com preces,
leituras, pequenos comentários e
cantos, a que compareciam
companheiros que, durante o dia,
não tivessem feito uso de carne,
fumo e álcool, nem houvessem
abrigado pensamentos menos
dignificantes.
Isso
foi por volta de 1946-1947.
Minha
mãe (Anita) era uma das
beneficiárias daquele trabalho:
estava chegando o termo de sua
jornada na terra. Ficava deitada
num quarto contíguo à sala de
reunião. Peixotinho, também
necessitado de ajuda, ocupou o
outro quarto, ao lado do quarto
dela.
Reunião
que segue, meu pai, dirigente do
trabalho, sente leve mão pousada
sobre sua cabeça. Pensando que
fosse o Diogo, excelente médium
passista que participava da
reunião, abre os olhos, volta a
cabeça e se encanta com a figura
luminosa de Abel Gomes,
materializado ali, na sua frente!
Emocionado, pede aos companheiros
que abram os olhos e testemunhem
aquele momento histórico do
Espiritismo em Astolfo Dutra.
Abel
Gomes deslizou (Abel não andava
como a gente; deslizava, como se
flutuasse no ar) pelo assoalho e
se dirigiu ao quarto onde estava
minha mãe, com ela conversando
por alguns instantes,
permitindo-nos ouvir a sua voz e a
voz dela.
Sai
Abel para que pudessem chegar
sucessivamente Fidelinho, Célia e
Taninha, duas jovens de Astolfo
Dutra, desencarnadas na flor da
idade, e Scheilla, a enfermeira
alemã, última a se materializar,
que, ao se despedir, dissera ter
deixado uma lembrança pra nós,
na primeira gaveta, fechada a
chave, da escrivaninha que servia
à secretaria da Fundação.
Curiosos,
fomos ver o presente. Era, em
escrita direta, com sua letrinha
de moça caprichosa, em alto
relevo, a letra do Hino da
Juventude Espírita Francisco
Cândido Xavier, de Astolfo Dutra,
que, musicada por Francisco
Guércio, filho da terra, está se
tornando o hino da juventude
espírita brasileira.
"Somos
os jovens cristãos...", eis
as palavras iniciais do lindo
hino, que todos os anos é cantado
no início das palestras que
compõem as Semanas Espíritas da
referida cidade.