F.
ALTAMIR DA CUNHA
altamir.cunha@bol.com.br
Natal, Rio Grande do Norte
(Brasil)
Fanatismo
e fé raciocinada
Quando
falarmos de fé, devemos sempre
nos preocupar em diferenciá-la de
crença ou rótulo religioso. A
vida ensina que nem sempre ter uma
crença ou religião é ter fé.
Léon
Tolstoi definia a fé como "A
força da vida". Santo
Agostinho assim a definia:
"Fé é acreditarmos no que
não vemos, e a recompensa dessa
fé é vermos aquilo em que
acreditamos"; já Allan
Kardec, o codificador da Doutrina
Espírita, a definiu: "Fé
verdadeira é aquela que enfrenta
a razão em todas as épocas da
humanidade".
Incontestavelmente,
todas as definições apresentam
uma grande verdade. A fé é uma
força indispensável para a
superação dos obstáculos que se
apresentam na vida; a fé que
acredita no que não vê é aquela
ensinada por Jesus a Tomé:
"Você creu porque viu, mas
bem-aventurados os que crêem sem
ver". Porém, a fé
raciocinada apresentada por Kardec
é a que traz em si o dispositivo
indispensável para não se
transformar em fanatismo - encara
a razão.
Quando
fazemos uma retrospectiva na
história da humanidade,
constatamos inúmeras guerras que
resultaram em morte e destruição
de milhões de pessoas; tudo isso
em função do fanatismo religioso
(crença), ou seja, da fé não
raciocinada.
É,
em verdade, um paradoxo
inaceitável uma nação se
indispor contra outra, declarando
guerra e ceifando a vida de
milhares de pessoas.
Mais
paradoxal torna-se quando
justifica suas ações nefastas
como defesa de princípios
religiosos, sob a proteção de
Deus. Embora receba outros nomes
em algumas nações, Deus é o
mesmo Criador de toda a
humanidade, para a qual
estabeleceu como lei maior a lei
do amor.
A
fé raciocinada assim nos faz
pensar: se nós fomos criados pelo
mesmo ser superior, que é Deus,
somos todos irmãos, independente
de nacionalidade ou filiação
religiosa. Formamos a grande
família universal.
Jesus
sabiamente corroborou essa verdade
quando, informado de que sua mãe
e seus irmãos estavam à sua
procura, afirmou que sua mãe e
seus irmãos seriam todos os que
fizessem a vontade do Pai que
está no céu.
Em
matéria de fé, é aconselhável
que experimentemos sempre se ela
enfrenta a razão sem
contradição.
A
fé que é discriminadora e
orgulhosa fere a lei de amor.
Portanto, não é fé; mas, sim,
fanatismo.