AIGLON
FASOLO
aiglon@nemora.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
Sobre
as pesquisas psíquicas na
ex-União Soviética
(4ª
parte)
Rússia
– Nelya Mikhailova não
surgiu como médium consumada de
PK no cenário científico
soviético. Alguns anos antes,
estivera convalescendo de uma
doença num hospital de Leningrado.
Para passar o tempo, dedicou-se ao
bordado. Certo dia, quando a
enfermeira lhe trouxe uma sacola
de meadas de várias cores, Nelya,
sem olhar, enfiou a mão na
sacola. Queria uma linha vermelha,
outra amarela e outra verde.
Quando retirou a mão do fundo da
sacola, eram essas as cores que
estava segurando. Num relance,
compreendeu que as escolhera entre
muitas meadas misturadas dentro da
sacola, sem as ver. De uma forma
ou de outra, a sua mão
reconhecera as cores.
Voltando para
casa, viu um artigo de jornal a
respeito de Rosa Kuleshova, que,
dizia-se, era capaz de
"ver" as cores com as
mãos. "Também posso fazer
isso!" pensou Nelya, agitada.
Precisando submeter-se a um exame
médico, mencionou a idéia aos
seus médicos, os Drs. S. G.
Feinburg e G. S. Belyaev. É uma
das típicas ironias da ciência
que o Dr. Feinburg, cético
confirmado a respeito da
"visão sem olhos" e da
capacidade psíquica em geral,
acabasse sendo um dos primeiros
confirmadores da existência de
tais aptidões.
O descobrimento
dos seus novos talentos não
tardou a levar Nelya a um dos
maiores fisiologistas da Rússia,
o Dr. Leonid Vasiliev. O Dr.
Vasiliev realizou meticulosas
experiências sobre a sua
capacidade e fez que ela
demonstrasse os seus dotes
paranormais diante de dezenas de
cientistas. Em 1964, convocou-se
uma conferência especial de
notáveis cientistas para assistir
à demonstração de Mikhailova e,
de acordo com o número de janeiro
de Smena, a conferência foi um
sucesso.
O Dr. Vasiliev
entrou a fazer conjeturas sobre
como poderia ocorrer a visão
cutânea. Se as mãos de
Mikhailova podiam "ver",
era possível que estivessem
emitindo alguma espécie de
energia "X". Ora, se
havia uma energia, ela talvez
pudesse fazer outras coisas além
de ver sem olhos. No meio de uma
experiência de visão cutânea
com Mikhailova, Vasiliev se
lembrou de que um famoso
pesquisador grego, o Dr. A.
Tanagras, descobrira que um dos
seus pacientes era capaz de fazer
girar a agulha de uma bússola
mantendo as mãos acima dela. Na
inspiração do momento, Vasiliev
arranjou uma bússola, colocou-a
diante de Nelya, e animou-a a
tentar. Ela nunca experimentara
fazer isso antes e, naturalmente,
não tivera a oportunidade de
preparar-se com antecedência para
o teste. Estendeu as mãos sobre a
bússola e ali as conservou. A
agulha moveu-se. O Dr. Vasiliev
descobrira uma talentosa portadora
de PK! Daí por diante executou
uma série de experiências de PK.
Logo descobriu que Mikhailova, por
meio do PK, era capaz de mover
também outros objetos a
distância. Nelya Mikhailova, a
mocinha que estivera na frente de
batalha durante o cerco de
Leningrado, via-se agora na frente
de outra luta, para descobrir
novos potenciais do ser humano.
Fez inúmeras demonstrações de
PK para cientistas. Em certa
ocasião, pesquisadores
universitários lhe pediram que
modificasse o curso da areia numa
ampulheta. Em lugar de mudar o
curso da areia, consoante os
relatos, ela mudou, a distância,
a própria ampulheta.
No verão de
1969 chegaram ao Ocidente
notícias de uma fonte fidedigna
de que novos trabalhos sobre PK e
Nelya Mikhailova continuavam a
realizar-se na Rússia. O trabalho
envolve intensas investigações
dos campos que lhe cercam o corpo.
Diz-se que os soviéticos
encontraram outras pessoas, além
de Nelya Mikhailova, dotadas de
talentos semelhantes.
Pesquisas sobre
PK, de natureza não revelada,
estão sendo levadas a cabo em
Tbilisi, na Geórgia. Fora disso,
cientistas soviéticos afirmam
estar investigando o
pronunciamento de um biologista
francês, segundo o qual, através
do PK, os seres humanos podem
influir no ritmo de
degenerescência radioativa. Esse
cientista, que prefere permanecer
anônimo, se bem seja muito
conhecido na literatura
parapsicológica, pediu a
adolescentes que tentassem
acelerar ou retardar a decadência
radioativa da matéria. E, segundo
afirma, o contador geiger
mostrou que eles foram bem
sucedidos numa série de testes.
É interessante que ele tivesse
escolhido crianças, um grupo
freqüentemente associado a
exibições do gênero trasgo. Mas
os russos estão provavelmente
mais interessados na afirmativa de
que o enigmático PK pode
influenciar a matéria básica.
Talvez Nelya também possa afetar
a matéria radioativa.
Nelya parece
ser uma médium versátil, como
Eusapia Paladino e outros médiuns
famosos de antanho. Afirma-se que
ela é telepata, clarividente,
psicométrica e dotada de PK. Os
soviéticos, porém, não a
encaram como artista ou como
personalidade de exótica
plumagem. Vêem em Nelya um meio
para descobrir princípios. As
questões importantes a seu
respeito não devem centralizar-se
na médium propriamente dita, mas
em descobrimentos científicos
como o do Dr. Sergeyev – de que
os campos biológicos flutuantes
estão, aparentemente,
relacionados com o PK. Os
comentários dos esquadrões de
combate à fraude e as denúncias
de "ímãs em lugares
íntimos", totalmente
impertinentes, não têm qualquer
relação com a pesquisa em
neurofisiologia. Nelya tem sido um
meio para ajudar os cientistas a
elucidarem esses novos caminhos. E
não é muito fácil ser um meio.
Existem os ataques pessoais,
soezes, de noticiaristas como Lvov,
que acarretam uma fuzilaria de
cartas e chamados telefônicos
desagradáveis. Além das
perseguições públicas, Nelya
também é submetida a uma grande
tensão física durante os testes
de PK.
Mas Nelya
Mikhailova cresceu lutando;
cresceu durante o cerco de
Leningrado, numa das piores
situações de privação e
tensão que o mundo já conheceu.
Não há razões para crermos que
venha a atirar a toalha no tablado
enquanto os cientistas acreditarem
que podem descobrir mais coisas
sobre o potencial e a maravilha
ainda não compreendida do ser
humano, amarrando-a como um
astronauta e prendendo-a num
laboratório cheio de máquinas. (Continua
no próximo número.)