Darci Oswaldo
andava desassossegado. Mal punha
os olhos no livro, pra iniciar seu
trabalho, tinha a impressão que
alguém atravessava a sala pela
sua esquerda. Levantava os olhos
para ver quem era, se sua esposa,
ou algum de seus filhos, não era
ninguém. Parece que o vulto se
escondia atrás do armário. Ia
para a copa. A sombra passava à
sua direita. Olhava rápido, mas a
sombra escondia atrás da
geladeira.
Aquilo o estava
incomodando demais. Já começava
a ficar com medo! A qualquer hora,
em qualquer lugar, na sala ou no
jardim, lá estava ele às voltas
com aquela sombra a brincar de
esconder. De manhã, ao acordar,
de noite, ao pôr-se na cama,
aquela assombração a lhe pôr
grilos à cabeça!
Colega de
repartição, animou-se a
contar-me o que estava acontecendo
com ele. Convidei-o a comparecer
à nossa reunião. Quando ele
chegou, apresentei-o ao grupo,
mas, como de costume, nada falei
sobre o seu problema.
Mal começada a
reunião, Dona Antônia, uma das
médiuns videntes que trabalhava
conosco, descreve o drama do
Darci, tal qual ele me contara
antes! E identifica a causa.
Tratava-se de um ex-companheiro de
trabalho dele, no Rio de Janeiro,
alto, gordo, que costumava usar a
camisa desabotoada, pondo o peito
à mostra, e que, já
desencarnado, vinha se apresentar
ao velho amigo!
Conversamos com
o "morto"; demos-lhe a
ajuda permitida; ele foi recolhido
por assistentes espirituais, e o
problema ficou
"provisoriamente"
resolvido. Provisoriamente,
dizemos nós, porque o fato sugere
uma mediunidade que precisa ser
trabalhada, para que o sensitivo
aprenda a se defender de certas
companhias indesejadas.
Meses depois,
Darci, remexendo papéis antigos,
depara-se com uma dessas
fotografias de fim de ano, dos
companheiros de trabalho, estando
no grupo o colega falecido.
Pedi-lhe a foto emprestada e
levei-a à reunião.
Eu costumava
ficar à porta, aguardando os
companheiros para saudá-los um a
um. Quando Dona Antônia chegou,
mostrei-lhe a foto e perguntei se
ela conhecia alguém que estivesse
naquela foto. Ela não titubeou.
Com o dedo apontando as figuras,
identificou de pronto: - Este
(apontando para o Darci) é o seu
colega que esteve aqui, há alguns
meses, e este (apontou um jovem
gordo, camisa aberta o peito) é o
Espírito que o perturbava e que
nós conseguimos encaminhar para o
bem.
Casos como esse, do Darci, são
muito comuns. Temos lidado com
dezenas deles, ao longo do tempo
em que vimos trabalhando nessa
área da Doutrina.
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