Alguns
Espíritos podem ser atraídos por
coisas materiais; podem sê-lo por
certos lugares, aos quais parecem
eleger por domicílio, até que
cessem as circunstâncias que os
levaram ali: a simpatia por
algumas pessoas que ali comparecem
ou o desejo de se comunicarem com
elas. Suas intenções nem sempre
são louváveis, porquanto podem
querer exercer uma vingança sobre
indivíduos dos quais têm motivos
de queixas. A permanência num
lugar determinado pode ser
também, para alguns Espíritos,
uma punição que lhes é
infligida, sobretudo se eles
cometeram algum crime ali, para
que tenham constantemente esse
crime diante dos olhos. Não se
deve temer os lugares assombrados,
porque os Espíritos que assombram
certos lugares e neles fazem
barulho procuram antes se divertir
às custas da credulidade e do
medo do que fazer mal. O melhor
meio de afastá-los daí é atrair
os bons Espíritos, o que se
consegue fazendo muito o bem.
Façamos sempre o bem e apenas
teremos bons Espíritos ao nosso
lado. (Item 132, parágrafos 5 a
14)
65. Os
Espíritos voltam ao local onde
foram enterrados?
Geralmente,
não. O corpo era apenas uma
vestimenta e eles não se importam
com o invólucro que os fez sofrer
mais do que o prisioneiro com suas
cadeias. A lembrança das pessoas
que lhes são queridas é a única
coisa à qual ele dão valor.
(Item 132, parágrafo 8)
66. Que é
tiptologia?
É a linguagem
das pancadas. As primeiras
manifestações inteligentes foram
obtidas por pancadas, que
ofereciam recursos muito limitados
à comunicação com os
Espíritos. As pancadas eram
obtidas de dois modos por médiuns
especiais. O primeiro, a que se
deu o nome de tiptologia pelo
básculo, consistia no movimento
da mesa que se levanta de um lado,
depois cai batendo com o pé.
Bastava para isso que o médium
pousasse as mãos nos bordos da
mesa. Uma pancada significava sim
e duas, não. O inconveniente
estava na brevidade das respostas
e na dificuldade de se formular
perguntas de modo a conseguir-se
um sim ou um não. Depois surgiu a
tiptologia alfabética, em que
cada letra do alfabeto era
designada por um certo número de
pancadas, isto é, uma pancada
para o a, duas para o b,
e assim por diante. Esse método
é também muito moroso e, por
isso, surgiu um modo de uso mais
corrente, em que a pessoa tinha
diante de si um alfabeto
inteiramente escrito, bem como a
série de números marcando as
unidades. Enquanto o médium está
na mesa, uma outra pessoa percorre
sucessivamente as letras do
alfabeto, se se trata de uma
palavra, ou a dos números; ao
chegar na letra necessária, a
mesa bate por si mesma uma pancada
e se escreve a letra, e por aí
prosseguia a experimentação.
Mais tarde utilizou-se a chamada
Mesa-Girardin, em lembrança ao
uso que dela fazia a senhora
Emília de Girardin. Esse
instrumento consiste em uma tampa
de mesa móvel, de 30 a 40
centímetros de diâmetro, girando
livre e facilmente sobre seu eixo,
como uma roleta. Ao seu redor, na
superfície, estão desenhados os
números, as letras e as palavras
sim e não. No centro havia uma
agulha fixa. Ao pousar o médium
seus dedos no bordo da mesinha,
esta gira e pára quando a letra
desejada está sob a agulha.
(Itens 139 a 144)
67. Os
Espíritos que se comunicam
através de pancadas são chamados
Espíritos batedores?
Não; a
tiptologia é um meio de
comunicação como qualquer outro
e não é menos digno dos
Espíritos elevados do que a
escrita ou a palavra. Os
Espíritos que se valem de
pancadas não são, por esse
motivo, Espíritos batedores. Este
nome deve ser reservado para
aqueles que se podem chamar
batedores de profissão e que, por
esse meio gostam de fazer coisas
para divertir um grupo. São
Espíritos inferiores, a que se
aplica muito bem a designação de
charlatães ou saltimbancos do
mundo espiritual. (Item 145)
68. As
comunicações espíritas
dividem-se em quantas categorias?
Tendo em vista
a variedade infinita que existe
entre os Espíritos, sob o duplo
aspecto de inteligência e de
moralidade, as comunicações por
eles transmitidas podem agrupar-se
em quatro categorias principais.
Segundo suas características mais
pronunciadas, elas são:
grosseiras, frívolas, sérias ou
instrutivas. (Item 133)
69. Que são
comunicações instrutivas?
Instrutivas
são as comunicações sérias
cujo principal objeto consiste num
ensinamento qualquer dado pelos
Espíritos, sobre as ciências, a
moral, filosofia etc. São mais ou
menos profundas, conforme o grau
de elevação e de
desmaterialização do Espírito.
Qualificando de instrutivas as
comunicações, supomo-las
verdadeiras, pois o que não for
verdadeiro não pode ser
instrutivo, ainda que dito na mais
imponente linguagem. Aí, nessa
categoria, não podemos incluir
certos ensinos que de sério
apenas têm a forma, muitas vezes
empolada e enfática, com que os
Espíritos que os ditam, mais
presunçosos do que instruídos,
contam iludir os que os recebem.
(Item 137)
70. Deve-se
criticar as comunicações
espíritas?
Uma
comunicação espírita pode ser
séria, isto é, ponderosa quanto
ao assunto e elevada quanto à
forma, e no entanto ser falsa. Nem
todos os Espíritos sérios são
igualmente esclarecidos; há muita
coisa que eles ignoram e sobre que
podem enganar-se de boa fé. Por
isso é que os Espíritos
verdadeiramente superiores nos
recomendam, de contínuo, que
submetamos todas as comunicações
ao crivo da razão e da mais
rigorosa lógica. (Item 136)
71. O que é
médium?
Toda pessoa que sente num grau
qualquer a influência dos
Espíritos é médium, isto é,
intermediário entre aqueles e o
mundo corpóreo. Essa faculdade é
inerente ao homem e, por isso,
não constitui um privilégio
exclusivo. Poucas pessoas há que
não revelem rudimentos da
faculdade. Pode-se dizer, pois,
que todos são médiuns.
Aplica-se, porém, o qualificativo
de médium somente àqueles cuja
faculdade medianímica é
claramente caracterizada e se
traduz por efeitos patentes e uma
certa intensidade, o que requer um
organismo mais ou menos sensitivo.
É de notar, ainda, que essa
faculdade não se revela em todos
da mesma maneira; os médiuns têm
geralmente uma aptidão especial
para esse ou aquele gênero de
fenômenos, o que dá tantas
variedades de médiuns quantas
são as espécies de
manifestações. (Item 159) (Continua
no próximo número.)
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