VAGNER SANTOS
NUNES
vagnernunes.ba@gmail.com
Salvador, BA
(Brasil)
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Ensaio sobre
transexualidade
Após passar um
tempo vendo a
transexualidade
sendo confundida
com a
homossexualidade
em algumas
palestras, e até
mesmo em alguns
livros
espíritas,
decidi refletir
sobre a
temática.
Entretanto, o
mais
interessante é
que a reposta
para os meus
questionamentos
foi encontrada
em um lugar em
que nunca havia
pensado antes:
O Livro dos
Espíritos.
Primeiramente
gostaria de
diferenciar
identidade
sexual e
identidade de
gênero. A
identidade
sexual diz
respeito à
orientação
sexual do
indivíduo, que
pode ser:
heterossexual,
bissexual ou
homossexual. Em
contrapartida, a
identidade de
gênero está
associada a como
o indivíduo se
percebe: homem
ou mulher.
Portanto, uma
menina que se
percebe como
menino é
definida como um
sujeito
transgênero, ou
transexual. Logo
é possível
concluir que
identidade
sexual e
identidade de
gênero são
coisas
distintas,
embora estejam
relacionadas à
sexualidade
humana.
Posto isso,
gostaria de
relatar a minha
visão acerca da
transexualidade
com base n’ O
Livro dos
Espíritos.
Na questão de nº
335, Allan
Kardec pergunta
o seguinte:
335 – O Espírito
tem o direito de
escolher o
corpo no
qual vai
encarnar ou
somente o gênero
de vida que lhe
deve servir de
prova?
Pode, também,
escolher o
corpo, porque as
imperfeições
desse corpo são
para ele provas
que ajudam o seu
progresso, se
vence os
obstáculos que
nele encontra,
mas a escolha
não depende
sempre dele; ele
pode pedir.
– Poderia o
Espírito, no
último momento,
recusar o
corpo
escolhido por
ele?
Se o
recusasse,
sofreria sempre
mais do que
aquele que não
tentou nenhuma
prova.
As perguntas
citadas acima,
elaboradas por
Allan Kardec,
possibilitaram-me
refletir sobre
questões acerca
da
transexualidade,
e que nunca
tinha visto em
textos na
internet. Mas
como isso é
possível? Apenas
duas perguntas
que foram
respondidas pelo
Espírito Verdade
seriam
suficientes para
destrinchar a
transexualidade?
Não, mas elas
podem nos
apontar novos
caminhos e
reflexões mais
lógicas sobre a
temática.
É sabido que o
Espírito possui
o livre-arbítrio
e muitas das
vezes ele mesmo
escolhe o gênero
das provas e o
corpo ao qual
irá se unir,
conforme
descrito acima.
Contudo, segundo
a resposta do
Espírito
Verdade, se o
Espírito recusar
o corpo
escolhido no
último momento
poderá sofrer
mais que as
provas a que nem
chegou a se
submeter no
corpo escolhido.
Sendo assim,
chegamos à
problemática
deste ensaio:
“estou no corpo
errado!”.
Atualmente é
muito comum em
jornais,
internet e
programas de TV
lermos ou
ouvirmos
transexuais
expressarem
repulsa pelo seu
corpo, e
geralmente
utilizam uma
frase muito
comum: “este
corpo não é meu,
estou no corpo
errado”.
Então,
suponhamos que
um Espírito,
antes de
encarnar, tenha
escolhido nascer
no corpo de um
menino, porém,
ainda no período
da gestação,
recusa o corpo
escolhido;
então, qual será
o desfecho dessa
história? De
acordo com a
resposta do
Espírito
Verdade, ele
sofrerá bem mais
do que se
tivesse
encarnado no
corpo escolhido
primeiramente, e
não é exatamente
isso que ocorre
com os
transexuais?
Eles não
manifestam a
todo instante o
sofrimento por
estarem em um
corpo “errado”?
Não é possível
concluir este
ensaio, todavia
deixo aqui minha
reflexão. Após
recusar o corpo
escolhido, não
há dúvidas de
que esse
Espírito tende a
sofrer bastante
na sua
encarnação, e
essa sua escolha
ainda no plano
espiritual de
recusar o corpo
escolhido
primeiramente é
visível na fala
de crianças
transexuais, que
afirmam veemente
a recusa do
corpo. Logo, é
possível afirmar
que o corpo
material é
masculino, por
exemplo, mas no
inconsciente
está presente
essa recusa, e
por isso ele se
percebe como
feminino. Vale
ressaltar que a
ideia aqui
proposta não tem
ligação com
vidas
pretéritas.
Por fim, não é
isso que
acontece com os
transexuais, um
sofrimento
psíquico
imensurável?
Teriam eles
consciência da
sua escolha em
recusar o seu
corpo no período
da gestação?
Penso em apenas
uma resposta, a
transexualidade
é por esse viés
apenas uma
consequência do
livre-arbítrio.
Em
contrapartida,
devemos ajudar
esses Espíritos
para não
falharem nas
suas provas, que
se tornam bem
mais difíceis à
medida que se
encontram no
instrumento
inadequado.
Lembremos
diariamente das
palavras de
Jesus:
“Amemo-nos uns
aos outros como
a nós mesmos”.
Referências:
KARDEC, Allan.
O Livro dos
Espíritos.
Instituto de
Difusão
Espírita,
Araras, SP, 182a
edição, 2009.