Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 27)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. A situação de
Agenor, um dos
pacientes da ala
dos sonâmbulos,
foi agravada
pelo seu
comportamento
sexual
irresponsável?
Sim. Segundo Dr.
Inácio, as
perturbações do
sexo insaciável
conduziram
Agenor ao
desrespeito pelo
santuário
genésico,
corrompendo
diversas
pacientes que
lhe buscavam o
apoio
terapêutico,
porquanto fora
médico. Com
avidez incomum
para amealhar
moedas e açodado
no comportamento
sexual pela
mente
transtornada,
seduzia as
pacientes que o
buscavam
aflitas,
mantendo
conúbios
infelizes sob a
justificativa de
que, através
desse
relacionamento,
se lhes tornava
mais fácil a
recuperação da
saúde. Hábil na
conversação, e
sedutor, iludiu
algumas mulheres
que lhe caíram
nas teias
ardilosas, e
quando algumas
se apresentaram
grávidas, não
trepidou em
propiciar-lhes o
aborto criminoso
com que se
evadia da
responsabilidade
paterna.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
B. Apesar de
todos os lances
trágicos de sua
infeliz
existência, por
que motivo
Agenor mereceu
ser acolhido no
Sanatório
Esperança?
Segundo Dr.
Inácio, Agenor
ali se
encontrava
porque, apesar
de todas as
coisas erradas
que fez,
momentos houve,
no início de
suas
experiências, em
que procurou
auxiliar
desinteressadamente
a diversas
pessoas, quando
socorreu como
médico muitos
enfermos pobres,
e esse concurso
no Bem não ficou
desconhecido
pelos Códigos
soberanos. O
Senhor continua
desejando o
desaparecimento
do pecado, do
erro, do mal,
não o do
pecador, do
equivocado,
havendo sempre a
bênção para o
recomeço, jamais
uma punição
eterna ou um
castigo sem
remissão.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
C. Um Espírito
como Agenor, que
tantas vítimas
fez com suas
atitudes,
necessita de
quanto tempo
para despertar
da condição de
sonâmbulo em que
se encontra?
Em face de uma
pergunta
semelhante, Dr.
Inácio explicou:
“Não existe
pressa no
relógio da
Eternidade... O
tempo é dimensão
muito especial
em nossa
Comunidade,
apesar de aqui
nos encontrarmos
sob as vibrações
e o magnetismo
do Sol. Nesse
caso, muitos
fatores estão no
acontecimento em
si mesmo,
aguardando
solução
adequada... O
certo é que,
estando amparado
em nosso
pavilhão, isso
já lhe constitui
uma bênção de
reconforto e de
esperança após
os longos anos
de martírio em
região
particular para
onde foi
empurrado pelos
seus algozes e
comparsas
espirituais”.
Resumindo: não
existe um prazo
definido; tudo
dependerá do
próprio
paciente.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
Texto para
leitura
141. Uma
vítima do sexo
insaciável
– Prosseguindo
em suas
explicações
relativas ao
caso Agenor, o
Diretor informou
que as
perturbações do
sexo insaciável
conduziram-no ao
desrespeito pelo
santuário
genésico,
corrompendo
diversas
pacientes que
lhe buscavam o
apoio
terapêutico,
porquanto se
apresentava como
portador de
valores dessa
natureza. Médico
que era,
percebera ele
que, na raiz de
muitos
transtornos
psicológicos e
distúrbios
orgânicos,
existem razões
anteriores à
concepção, face
às consequências
de condutas
equivocadas em
outras
existências e
subsequentes
perturbações
espirituais,
concebendo
estranho método
de atendimento,
e conseguindo,
às vezes,
dialogar com os
desencarnados em
perturbação,
sensibilizando-os,
em algumas
ocasiões. Com
avidez incomum
para amealhar
moedas e açodado
no comportamento
sexual pela
mente
transtornada,
seduzia as
pacientes que o
buscavam
aflitas,
mantendo
conúbios
infelizes sob a
justificativa de
que, através
desse
relacionamento,
se lhes tornava
mais fácil a
recuperação da
saúde. Hábil na
conversação, e
sedutor, iludiu
algumas mulheres
que lhe caíram
nas teias
ardilosas, e
quando algumas
se apresentaram
grávidas, não
trepidou em
propiciar-lhes o
aborto criminoso
com que se
evadia da
responsabilidade
paterna. Como
ninguém consegue
desrespeitar as
Leis da Vida sem
sofrer-lhes as
imediatas
consequências,
uma jovem se lhe
afeiçoou
apaixonadamente,
transformando-se
em fardo
desagradável.
Havendo
concebido dele
um filho, e
sendo obrigada a
abortá-lo no
quarto mês de
gestação, ao ser
desprezada com
indiferença
apelou para o
suicídio, em que
sucumbiu
martirizada e
desditosa...
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
142. Não
existe punição
eterna –
Despertando em
profunda
desolação e
vigiada por
verdugos
impenitentes, a
suicida foi
arrebanhada por
um dos perversos
inspiradores do
ato insensato,
que a conduziu
ao campo
vibratório do
desarvorado,
ampliando-lhe os
tormentos
mentais que já o
sitiavam
interiormente.
Vencido pela
consciência de
culpa, passou
Agenor a
recordar-se da
jovem
obsessivamente,
a ouvi-la na
tela mental e a
desejá-la como
anteriormente,
enquanto
prosseguia nos
desatinos a que
se entregava
cada vez mais
ávido e
alucinado.
Concluído o
relato, Dr.
Inácio
acercou-se do
leito e, a seu
convite, Miranda
pôde observar
profundamente o
que existia além
da camada
externa que
envolvia o
Espírito,
detectando a
deformidade que
o assinalava,
fazendo
recordar-se do
estado de larva
que precede à
forma
definitiva. A
diferença é que
ali ocorria o
oposto: as
desvairadas
aspirações que o
dominavam
perturbaram-lhe
em demasia a
mente, e a
hipnose bem
urdida pelos
inimigos
produziu na
plasticidade do
perispírito a
degenerescência
chocante que
agora se
manifestava.
Miranda percebeu
também que,
mentalmente,
Agenor
continuava
ligado à suicida
que se lhe
imantava ao
pensamento
embora estando
distante,
enquanto vozes
desesperadas e
acusadoras
ressoavam na
acústica mental,
recordando-o dos
crimes
cometidos. O
Diretor explicou
então que Agenor
ali estava
porque, apesar
de todos os
lances trágicos
da sua infeliz
existência,
momentos houve,
no início das
experiências, em
que procurou
auxiliar
desinteressadamente
a diversas
pessoas, quando
socorreu como
médico muitos
enfermos pobres,
e esse concurso
no Bem não ficou
desconhecido
pelos Códigos
soberanos. O
Senhor continua
desejando o
desaparecimento
do pecado, do
erro, do mal,
não o do
pecador, do
equivocado, do
doente que ficou
mau, havendo
sempre a bênção
para o recomeço,
jamais uma
punição eterna
ou um castigo
sem remissão.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
143. Não
há pressa no
relógio da
Eternidade
– O caso Agenor
era, como se vê,
bastante
complexo. De
quanto tempo
necessitaria ele
para o
despertar? A
essa pergunta de
Miranda, o
Diretor
respondeu: “Não
existe pressa no
relógio da
Eternidade... O
tempo é dimensão
muito especial
em nossa
Comunidade,
apesar de aqui
nos encontrarmos
sob as vibrações
e o magnetismo
do Sol. Nesse
caso, muitos
fatores estão no
acontecimento em
si mesmo,
aguardando
solução
adequada... O
certo é que,
estando amparado
em nosso
pavilhão, isso
já lhe constitui
uma bênção de
reconforto e de
esperança após
os longos anos
de martírio em
região
particular para
onde foi
empurrado pelos
seus algozes e
comparsas
espirituais”. Ao
ouvir tais
palavras,
Miranda alongou
os olhos pelo
ambiente repleto
de leitos
ocupados e
sentiu-se
estremecer de
preocupação em
relação a si
mesmo, bem como
a todos aqueles
que deambulam
anestesiados
pela ilusão,
mantendo-se
longe dos
compromissos
espirituais, ou
mesmo quando
tomam contato
com as lições de
vida eterna em
quaisquer das
doutrinas
religiosas do
planeta, mas, ao
invés de
adaptarem o
comportamento às
suas diretrizes
moralizadoras,
submetem-nas ao
seu talante,
continuando
irresponsáveis e
fingindo-se
autossuficientes.
Toda uma
existência
carnal,
realmente, nada
significa para o
Espírito que
deve crescer no
rumo do
infinito,
ampliando a
capacidade de
entendimento da
realidade.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
14 – Impressões
marcantes.)
144. Uma
nobre Senhora
– De volta à
enfermaria onde
Ambrósio
continuava seu
tratamento,
Miranda ficou
conhecendo uma
nobre Senhora,
portadora de
expressiva
beleza, que
havia conhecido
o médium durante
a vilegiatura
carnal e
mantinha por ele
devotamento
fraternal.
Feitas as
apresentações
por Alberto, que
explicou a ela
os objetivos da
presença de
Miranda naquele
Sanatório
espiritual, ela
externou
simpatia pelo
projeto no qual
se encontrava
envolvido o
autor da obra em
exame e
ofereceu-se a
narrar sua
experiência na
derradeira
existência.
Narrou ela:
“Conheci a
provação da
facilidade
econômica,
havendo nascido
em uma família
paulistana
possuidora de
largos tratos de
terras e
abundantes bens
de vária
natureza.
Experimentei a
ternura de pais
devotados e
generosos, que
me mimaram por
demorados anos,
enriquecendo-me
de carinho e
falando-me dos
deveres da
consciência
perante a vida e
a humanidade.
Pude estudar em
escolas
requintadas,
embora não me
houvesse
interessado por
adquirir um
diploma de
qualquer
especialidade.
Senti, desde
muito cedo, que
havia nascido
para o lar,
anelando por uma
família que
pudesse
contribuir
favoravelmente
para a
sociedade. Muito
sensível, passei
a identificar
fenômenos
mediúnicos que
me alegravam,
ensejando-me
convivência com
os Espíritos,
que passei a
amar. Nesse
ínterim, travei
conhecimento com
o Espiritismo, e
confesso que me
fascinei com os
romances
mediúnicos,
firmados por
Entidades nobres
através de
seareiros
dignos. As
histórias,
repassadas de
sabedoria,
fundamentadas
nos postulados
kardequianos, me
tocavam
profundamente.
Procurei
introjetar
algumas daquelas
vidas, de forma
que me servissem
de modelo para o
cotidiano
existencial.
Porque essas
mensagens fossem
reveladoras,
participando de
experiências
práticas em um
grupo familiar,
comecei a
psicografar
breves páginas,
que me
constituíram
verdadeiras
bênçãos. Muito
bem relacionada
socialmente, não
temi informar às
amigas e aos
familiares as
descobertas
preciosas da
Doutrina dos
Imortais. Na
minha
ingenuidade
supunha que
todos estivessem
amadurecidos
para as
reflexões
profundas da
vida após o
túmulo,
esquecendo-me de
que muitos são
chamados, mas
somente poucos
serão
escolhidos.
Compreensivelmente,
minhas palavras
e entusiasmo
foram mal
interpretados, e
mesmo
censurados,
levando-me ao
retraimento em
torno das ideias
que abraçava”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
15 – A
consciência
responsável.)
145.
Colhemos
conforme
plantamos
– A nobre
Senhora,
enquanto
recordava,
demonstrou forte
emoção que a fez
parar por um
momento, mas
logo prosseguiu:
“Foi naquele
pequeno grupo
que conheci o
homem honrado e
brilhante com
quem me casei
posteriormente.
Exercendo um
alto cargo em
respeitável
Empresa,
tornara-se
espírita premido
pela lógica dos
postulados
doutrinários e
pelos
esclarecimentos
que oferecia em
torno dos
ensinamentos de
Jesus,
porquanto,
estudioso do
Evangelho, não
podia concordar
com as peias
dogmáticas e as
interpretações
absurdas que
eram oferecidas
pela Igreja de
Roma. O nosso
foi um
reencontro,
porquanto as
afinidades que
nos vinculavam
eram numerosas,
ensejando-nos um
relacionamento
afetivo,
profundo e
sério.
Consorciamo-nos,
para júbilo dos
meus pais, que
ainda se
encontravam
reencarnados, e
construímos a
casa que deveria
hospedar-nos,
como se fosse um
ninho encantado
para a vivência
do amor. À
medida que os
anos se
passaram,
relacionamo-nos
com outras
famílias
espíritas e
tornamo-nos
membros ativos
de respeitável
Instituição
devotada à
divulgação do
Espiritismo.
Como a
felicidade no
mundo não é
completa,
constatamos com
tristeza a
impossibilidade
de sermos pais,
por impedimento
orgânico de
minha parte.
Conseguimos, no
entanto,
sobrepor à
tristeza e
decepção a
compreensão de
que na Terra
colhemos
conforme a
semeadura
anterior, e
resolvemo-nos
por contribuir
de maneira
positiva em
favor das
crianças muito
necessitadas que
acorriam ao
Departamento
assistencial do
Núcleo que
frequentávamos.”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
15 – A
consciência
responsável.)
(Continua no
próximo número.)