THIAGO
BERNARDES
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Curitiba,
Paraná (Brasil) |
|
Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 28)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. Qual foi o
passo em falso
que levou a
nobre Senhora ao
fracasso?
Segundo ela
mesma narrou, um
passo em falso
na difícil
ascensão, e tudo
pode
transformar-se
em sofrimento,
em desalinho, em
queda... Foi o
que lhe sucedeu,
porquanto,
convidada a
edificar uma
Obra de amor
para atender
criaturas
infelizes, que a
orfandade
recolhera e o
abandono social
crestara, passou
a imaginar uma
construção
fabulosa e se
deixou envolver
pela imponência
da ilusão,
pensando em
detalhes sem
importância, a
que atribuía
alto
significado, e
deixando o tempo
correr, precioso
patrimônio que
escapava,
enquanto os
candidatos
espirituais ao
amparo se
perdiam nos
cipoais dos
vícios e da
delinquência.
Resultado: ela
acabou
desencarnando
antes de
concluir a obra
com que tanto
sonhara.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
15 – A
consciência
responsável.)
B. Podemos
afirmar, sem
medo de errar,
que a
reencarnação é
uma dádiva de
Deus?
Sim. Dádiva e
não castigo,
como algumas
pessoas pensam.
A esse respeito
fazemos nossas
as palavras da
nobre Senhora
citada por
Manoel P. de
Miranda: “A
reencarnação é
dádiva de Deus,
sem a qual
ninguém lograria
o triunfo sobre
as próprias
paixões. Etapa a
etapa, o
Espírito se
liberta dos
limites, como o
diamante que sai
da parte bruta a
golpes da
lapidação, a fim
de brilhar como
estrela divina”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
15 – A
consciência
responsável.)
C. Mediunidade e
presunção não
combinam?
Evidente que
não. Mediunidade
e presunção não
podem andar
juntas sem
desastre à
vista. A frase
sintetiza o
equívoco que a
nobre Senhora
cometeu e
explica em
grande parte o
fracasso do
médium Ambrósio,
cuja derrocada
ela pôde
acompanhar.
Visitando-o, ela
não pôde
furtar-se à
reflexão de que
também tombara
em sutil
intercâmbio
nefasto, cuja
sintonia
facultara
através da
vaidade
exacerbada no
cumprimento do
dever. Sua é a
história de
muitos de nós,
médiuns
desprevenidos e
vitimados em nós
mesmos pela
luxúria, pela
prepotência,
pela sede de
glórias terrenas
e de
encantamentos
para a
egolatria.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
15 – A
consciência
responsável.)
Texto para
leitura
146.
Encontro com um
médium
incomparável
– Feita uma
breve pausa
oportuna, como
que para
concatenar as
recordações, a
nobre Senhora
continuou:
“Nessa ocasião,
um dos casais
que se nos
tornou muito
amigo e
afeiçoado
informou-nos que
pretendia
visitar em outra
cidade abnegado
médium que
enriquecia as
vidas que o
buscavam com
mensagens de
alta qualidade,
porque fiéis aos
seus Autores, e
cuja vida era um
Evangelho de
feitos. Sem
qualquer
dificuldade
programamos uma
excursão,
objetivando
visitá-lo, e, na
data
estabelecida,
bem como no
horário
regulamentar,
tivemos a imensa
alegria de
conhecer alguém
que passaria, a
partir de então,
a constituir-nos
exemplo de fé,
de coragem, de
abnegação na
mediunidade e na
conduta, cujo
convívio
iluminava as
vidas que se lhe
acercavam.
Naquela noite
incomparável,
tivemos a
impressão que os
Céus desceram à
Terra, no
modesto recinto
onde se orava e
se discutiam as
promessas do
Evangelho, ao
tempo em que o
medianeiro
psicografava sem
cessar.
Fascinada,
acompanhei todos
os lances
daquele
inesquecível
acontecimento
entre preces de
entrega a Deus
e, por que não
dizer,
deslumbramento
pelo que
acontecia à
minha volta.
Posso afirmar
que também os
outros, aqueles
que viajaram
conosco e
diversos mais
que vieram de
diferentes
lugares,
participavam do
banquete de luz
com a mesma
emotividade,
reconhecidos e
firmando
propósitos de
fidelidade ao
dever, à
consciência
espírita. A
reunião
prolongou-se por
várias horas, e,
ao terminar,
foram lidas as
mensagens de
alto conteúdo
filosófico,
ético e
espiritual. Umas
de consolação
aos familiares
aflitos que ali
estavam buscando
conforto para as
dores da saudade
e do sofrimento;
outras de poetas
e escritores que
volviam ao
proscênio
terrestre para
traduzir as
emoções da
sobrevivência ao
corpo frágil;
outras mais, de
orientação e
advertência. Foi
nesse momento,
que o abnegado
médium
chamou-nos
nominalmente, a
mim e ao meu
marido, passando
a ler uma
mensagem do
Venerável dr.
Bezerra de
Menezes
conclamando-nos
ao trabalho da
caridade
fraternal, da
entrega aos
filhos do
Calvário, da
dedicação aos
que se
encontrassem
perdidos na
noite da
ignorância
espiritual... O
casal amigo
igualmente foi
aquinhoado com
expressiva
mensagem de
conforto e de
chamamento, que
lhes assinalou
os sentimentos
em profundidade,
norteando-lhes a
existência a
partir de então
com segurança e
firmeza.”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
15 – A
consciência
responsável.)
147. Um
passo em falso e
logo a queda
– Segundo a
nobre Senhora,
concluída essa
parte, em
convívio
espontâneo e
quase íntimo, o
médium
narrou-lhes
detalhes da sua
faculdade,
especialmente
aqueles que
ocorriam durante
o transe
mediúnico,
informando-os
sobre
acontecimentos
que tiveram
lugar na reunião
e que se
tornaram para
todos lições de
incomum beleza,
que jamais
seriam
esquecidos ou
descurados. Ela,
então, continuou
a narrativa:
“Retornamos aos
nossos lares
tomados por
incoercível
felicidade,
prometendo-nos
servir e amar
sem restrição,
custasse-nos o
preço que fosse.
Posso afirmar
que aquela
experiência
iluminativa foi
o marco
definidor do
nosso futuro
espiritual, e
que,
lamentavelmente,
não soube
preservar por
fraqueza moral
face ao cerco
das más
inclinações que
predominam em a
minha natureza.
Outras vezes
voltaria àquele
santuário, onde
a morte era
destruída pela
presença da vida
abundante, e
outras páginas
de invulgar
beleza nos foram
dirigidas,
convidando-nos
ao
prosseguimento
do serviço e da
caridade,
caminhos seguros
para a
libertação do
egoísmo, do
orgulho e da
presunção.
Simultaneamente,
as faculdades
mediúnicas
ampliaram-me as
possibilidades
de captação
espiritual e,
sem dar-me
conta, comecei a
intoxicar-me de
vaidade,
considerando-me
quase
privilegiada...
Como se pode
perceber, um
passo em falso,
na difícil
ascensão, e tudo
pode
transformar-se
em sofrimento,
em desalinho, em
queda... Foi o
que me sucedeu,
porquanto,
convidada a
edificar uma
Obra de amor
para atender
criaturas
infelizes, que a
orfandade
recolhera e o
abandono social
crestara,
considerando a
minha posição
socioeconômica
passei a
imaginar uma
construção
fabulosa, longe
da simplicidade
do bem,
empenhando-me
com todas as
forças e
aplicando muitos
dos recursos que
possuía, a fim
de executá-la. A
imaginação em
febre libertou
antigos
infelizes
hábitos
adormecidos no
inconsciente, e
a Dama, que
deveria ser da
Caridade, passou
a viver a
imponência da
ilusão, pensando
em detalhes sem
importância, a
que atribuía
alto
significado,
deixando o tempo
correr, precioso
patrimônio que
escapava,
enquanto os
candidatos
espirituais ao
amparo se
perdiam nos
cipoais dos
vícios e da
delinquência”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
15 – A
consciência
responsável.)
148. O bem
dispensa atavios
– Nesse ponto da
narrativa, a
Senhora
demonstrava
visível
emotividade. Mas
ela prosseguiu:
“Peço desculpas
pela emoção.
Trata-se de
recordações
muito caras, que
não posso
esquecer, hoje
patrimônio da
consciência
responsável.
Olvidei que o
bem dispensa
atavios, tem
praticidade e
urgência. Nos
engodos a que me
entreguei no
mundo,
facilmente as
imposições da
frivolidade se
transformam em
valores
significativos
somente porque
lhes atribuímos
significado. É
claro que o
nobre dr.
Bezerra me
advertiu
sutilmente
várias vezes,
não apenas
através do seu
dócil
instrumento
mediúnico, como
também por meu
próprio
intermédio. Mas
a ilusão, que se
me instalara no
Espírito,
bloqueou-me a
razão, e somente
eu não conseguia
ver o lamentável
engano a que me
entregava. A
morte amiga,
nesse momento
difícil,
arrebatou-me o
companheiro, que
me deixou um
grande vazio
existencial, mas
não me despertou
a humildade
necessária para
o serviço de
Jesus entre os
Seus na Terra.
Sem a lucidez
indispensável,
afastei-me dos
amigos que me
tentavam
dissuadir da
empresa
grandiosa,
convidando-me ao
singelo trabalho
da fraternidade,
e reuni um grupo
de equivocados
como eu,
fascinados com
as mensagens de
que me fazia
objeto, sem
aplicar a razão,
o discernimento,
na análise das
páginas que
então
psicografava.
Como
consequência,
não fruí a
alegria de
albergar aqueles
que a Vida me
confiava aos
cuidados,
havendo
desencarnado
antes de
concluir o
trabalho...”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
15 – A
consciência
responsável.)
149.
Reencarnação:
uma dádiva de
Deus – A
decepção que a
assaltou quando
despertou na
erraticidade foi
muito grande,
como ela mesma
fez questão de
relatar: “À
medida que a
claridade mental
me assomava,
mais angústia me
assaltava o
coração e a
razão. O
compassivo dr.
Bezerra, veio
então, mais uma
vez, em meu
socorro,
oferecendo-me
conforto moral e
esperança em
relação ao
futuro, de forma
que o desespero
não me fizesse
afundar na
depressão ou
noutro estado
qualquer de
perturbação.
Esclareceu-me
que sempre é
tempo de
recomeçar, e
demonstrou-me
que ele próprio
prosseguia
auxiliando os
companheiros que
ficaram na
retaguarda, o
que também eu
poderia fazer em
companhia do
esposo,
despertando os
amigos aos quais
anestesiara, e
amparando os
necessitados que
ficaram na
expectativa da
assistência que
lhes não pude
oferecer. É
certo que a luz
do Espiritismo
orientava-me na
ação da
fraternidade, e
procurei atender
os aflitos do
caminho,
assistindo-os
com carinho e
misericórdia
quanto me era
possível”. Dito
isso, um
silêncio
espontâneo
fez-se no
recinto, mas,
transcorridos
alguns segundos,
a nobre Dama
adiu: “A
reencarnação é
dádiva de Deus,
sem a qual
ninguém lograria
o triunfo sobre
as próprias
paixões. Etapa a
etapa, o
Espírito se
liberta dos
limites, como o
diamante que sai
da parte bruta a
golpes da
lapidação, a fim
de brilhar como
estrela divina.
O trabalho
prossegue,
felizmente, e os
amigos devotados
têm encontrado
no Benfeitor
vigilante a
inspiração, que
procuramos
vivenciar com
eles,
restaurando os
objetivos
desviados e
trabalhando
afanosamente
para que a dor
seja menos
aflitiva e o
amor mais
operoso em todas
as dimensões”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
15 – A
consciência
responsável.)
150.
Mediunidade e
presunção não
combinam
– Na sequência,
a Senhora
informou que
fora no início
das atividades
de construção da
Obra que
conhecera o
médium Ambrósio,
numa de suas
conferências
proferidas em
sua cidade.
Disse ela:
“Vinculamo-nos
fraternalmente,
e o recebemos em
nosso lar, meu
marido e eu,
diversas vezes,
quando ele
exercia a
mediunidade com
elevação.
Acompanhei, de
alguma forma, o
seu declínio,
quando mudou de
amizades,
preferindo os
espetáculos
estapafúrdios e
exibicionistas
decorrentes da
lamentável
obsessão que o
acometeu.
Visitando-o, não
me posso furtar
à reflexão, de
que também eu
tombara em sutil
intercâmbio
nefasto, cuja
sintonia
facultara
através da
vaidade
exacerbada no
cumprimento do
dever. A sua é a
história de
muitos de nós,
médiuns
desprevenidos e
vitimados em nós
mesmos pela
luxúria, pela
prepotência,
pela sede de
glórias terrenas
e de
encantamentos
para a
egolatria”. E
dando um toque
final, com um
sorriso
matreiro,
encerrou o nosso
encontro,
esclarecendo:
“Mediunidade e
presunção não
podem andar
juntas sem
desastre à
vista”. Em
seguida, pediu
licença e
afastou-se
airosa, deixando
aos amigos que a
ouviram
mensagens de
alta gravidade
para reflexão e
aprendizado.
Manoel P. de
Miranda então
registrou as
seguintes
reflexões a
respeito da
nobre mulher:
“Como eu poderia
entender que,
não obstante o
quase insucesso
da sua
experiência, se
apresentasse
portadora de
valores
espirituais
relevantes? Logo
porém
compreendi, por
rápida
conclusão, que o
Bem que se faz
sempre é melhor
para o seu
realizador, não
importando como
é feito ou
vivenciado. A
Dama, que ora se
analisava com
bastante
severidade,
realizara uma
Obra de amor e
vivenciara o
Evangelho quanto
lhe permitiram
as
possibilidades.
Os equívocos, a
que se referia,
eram
consequência de
malogradas
experiências
anteriores, que
não conseguiu
superar, mas
lutou tenazmente
para produzir
melhor e com
mais eficácia. O
essencial é não
parar, não se
acumpliciar com
o mal, não
perverter os
objetivos
nobres,
permanecendo
fiel ao
compromisso
abraçado para
fazer o melhor,
mesmo que o não
consiga. E ela,
de alguma forma,
fora uma
triunfadora”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
15 – A
consciência
responsável.) (Continua no
próximo número.)