LEONARDO
MARMO MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com
São João
Del Rei, MG (Brasil)
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A opinião de Herculano
Pires sobre Emmanuel,
André
Luiz e Chico
Xavier
Herculano Pires foi um
dos maiores espíritas do
Brasil e do mundo, tendo
fornecido contribuição
inestimável ao movimento
espírita. Mais de 36
anos após sua
desencarnação, a
presença de seu legado e
sua importância para o
desenvolvimento do
trabalho espírita são
cada vez mais fortes em
nossos estudos
doutrinários.
As mais de 80 obras de
Herculano Pires desvelam
um pensador espírita
profundamente engajado
na defesa das bases
kardequianas e na
melhoria do nível
doutrinário de nosso
movimento espiritista.
De fato, os livros e os
registros de Herculano
como expositor, além dos
testemunhos de amigos e
familiares, constituem
um precioso manancial de
estudos doutrinários de
grande profundidade,
fazendo de Herculano uma
referência importante em
nossas reflexões e
debates sobre os rumos
do movimento e as
estratégias para que o
futuro das tarefas
espíritas ocorra com
maior qualidade.
Atualmente, um fenômeno
interessante tem
ocorrido em torno do
trabalho e das opiniões
de Herculano Pires.
Interpretações muito
diferentes umas das
outras têm aparecido a
respeito do trabalho do
“Apóstolo de Kardec”, as
quais são provenientes
de vários confrades,
sejam eles admiradores
ou não do filósofo
espírita de Avaré-SP.
Herculano, de certa
forma até
surpreendentemente, tem
sido, inclusive,
associado a
interpretações
doutrinárias que o
colocam como severo e
implacável crítico de
Chico Xavier e das obras
obtidas pela mediunidade
xavierina, com especial
destaque para os livros
dos autores espirituais
Emmanuel e André Luiz.
Tal visão é no mínimo
altamente polêmica, pois
há diversas evidências
de que a opinião de
Herculano Pires a
respeito de Chico,
Emmanuel e André Luiz
era altamente positiva.
Herculano Pires,
inclusive, escreveu
cinco livros em parceria
(coautoria) com Chico
Xavier/Espíritos
Diversos.
Heloísa Pires, grande
expositora e estudiosa
do Espiritismo, filha de
Herculano Pires, tem
oportunidade de afirmar
na primeira conferência
da série de palestras
proferidas em homenagem
aos 100 anos do
nascimento de Herculano,
que Herculano e Chico
Xavier tinham muito
respeito e admiração um
pelo outro. Segundo
Heloísa, Herculano podia
ter algumas
discordâncias sobre
tópicos específicos da
obra de André Luiz, mas
isso seria uma exceção e
não uma regra, pois eram
bastante afins
doutrinariamente na
grande maioria dos
assuntos.
Essa questão é muito
importante, pois
discordar de alguns
pontos de vista
específicos de um
determinado pensador,
escritor ou palestrante
espírita não significa
rejeitar a contribuição
majoritária do
respectivo confrade. A
fé raciocinada e o
livre-arbítrio
fornecem-nos a liberdade
de pensar com a própria
cabeça e de trabalhar
junto daqueles que têm
ideais e conteúdos
doutrinários afins aos
nossos, sem a
necessidade de
identidade ideológica
absoluta.
Aliás, essa suposta
identidade total, além
de impraticável, seria
uma meta perigosa (quase
tão perigosa quanto a
ausência de um
compromisso doutrinário
mínimo por parte
daqueles que se
proclamam espíritas
militantes), pois
consistiria em uma
espécie de uniformização
do pensamento, o que
acabaria, de uma forma
ou de outra, diminuindo
o caráter de estudo e de
fé raciocinada.
Consequentemente,
estaríamos fragilizando
o aprendizado
doutrinário e gerando um
comportamento fanático e
fanatizante. “A virtude
está no meio termo” é
uma frase que se aplica
perfeitamente como
diretriz perante a
questão em tela. Nem a
busca pela
“uniformização
doutrinária” de uma
forma rígida e
inevitavelmente
artificial e nem uma
irresponsabilidade
perante os princípios
básicos, o que
descaracterizaria o
estudo e,
consequentemente, a
tarefa de elevar a
qualidade dos trabalhos
espíritas.
Temos constatado
diversos estudos e
discussões defendendo a
tese de que Herculano
Pires rejeitava Emmanuel
e a linha de pensamento
emmanuelino assim como o
pensamento de André Luiz
e do próprio Chico
Xavier. Tal proposta é
baseada na ideia de que
o trabalho obtido a
partir da mediunidade de
Chico Xavier teria
divergências muito
pronunciadas em relação
ao pensamento
kardequiano, inclusive,
no que se refere ao
tríplice aspecto da
Doutrina Espírita, pois
aumentaria a relevância,
segundo tais
companheiros de forma
indébita, do aspecto
religioso do
Espiritismo.
Herculano Pires no dia 2
de dezembro de 1972 no
programa radiofônico
intitulado “No Limiar do
Amanhã” (elaborado pelo
Grupo Espírita
“Emmanuel”), o qual foi
ao ar de 1971 a 1974,
fez ampla análise sobre
o pensamento emmanuelino
e sobre o próprio
Emmanuel, conforme está
em registrado no Youtube
em post (de 4 minutos e
29 segundos) intitulado
“Herculano Pires reforça
admiração por Emmanuel e
Chico Xavier”. (vide
http://www.fundacaoherculanopires.org.br/acervo/nolimiardoamanha.)
Vejamos, primeiramente,
a pergunta que foi
enviada para Herculano
Pires:
PERGUNTA DE UM OUVINTE:
(...) Continua nosso
missivista: ”Assim como
o senhor não concorda
com tudo o que Emmanuel
escreve, eu também tenho
o direito de não aceitar
essa religião que quer
dar ao Espiritismo.
Kardec respondeu que o
Espiritismo era
religioso no sentido
filosófico. Eu pergunto
ao senhor, que é
professor de filosofia:
Filosofia é religião?
Para nós que não somos
nada, filosofia é a
ciência da especulação,
nunca religião. Pergunto
também, professor: Para
saber o que é
Espiritismo, devemos
consultar Conan Doyle ou
Allan Kardec?”
Herculano responde tal
questão, fazendo
afirmativas categóricas
em suas análises, as
quais estão transcritas
a seguir:
RESPOSTA DE HERCULANO
PIRES: “Primeiramente,
deixe-me fazer aqui uma
consideração. O senhor
diz assim que “eu
(Herculano) não aceito
tudo o que vem de
Emmanuel ou tudo o que
Emmanuel escreve...
Quando é que o senhor me
ouviu dizer isso? Eu sou
um fã de Emmanuel! sou
um entusiasta de
Emmanuel! Eu apenas
discordei de uma opinião
do Chico Xavier, no
Pinga-Fogo, sobre a
questão dos bebês de
laboratório. A opinião,
ao que parece, era de
Emmanuel. Eu discordei
daquela opinião. Isto é
evidente que nós podemos
discordar uma vez ou
outra, de uma opinião ou
outra, seja de um
Espírito, seja de uma
pessoa que muito
respeitamos aqui na
Terra. Mas não quer
dizer, e eu não quero
que fique parecendo que
eu vivo discordando de
Emmanuel e que tenho
objeções a Emmanuel.
Pelo contrário. Tenho
mesmo ainda agora um
livro publicado
conjuntamente com Chico
Xavier, que é o livro
“Chico Xavier Pede
Licença”, em que eu
comento numerosas
mensagens de Emmanuel,
explicando-as e
aprovando-as
inteiramente. Não nego
ao senhor o direito de
discordar de alguma
coisa. Nós todos temos
esse direito. Mas é
preciso compreender que
esse direito tem uma
condição. Nós podemos
discordar quando
dispomos de elementos
suficientes para isso.
Discordar apenas por
discordar, apenas por
opinião pessoal, não tem
sentido, quando se trata
de uma Doutrina
respeitável e profunda
que tem por finalidade
esclarecer aos homens a
respeito dos problemas
fundamentais da vida e
da morte. Para o senhor
discordar, por exemplo,
de que o Espiritismo
seja religião, o senhor
precisa demonstrar com
argumentos sólidos e
evidentemente bem
legítimos... o senhor
precisa demonstrar por
que o Espiritismo não é
religião. Ora, Kardec
demonstrou com
argumentos poderosos que
o Espiritismo é
religião! O próprio
Kardec fez isso. Dessa
maneira, não há motivo
para o senhor querer
discordar pura e
simplesmente desse
assunto.
O senhor pergunta se
filosofia é religião?
Não. Por isso mesmo o
Espiritismo se divide em
três aspectos. Ele é
ciência quando investiga
os fenômenos; ele é
filosofia quando
interpreta os fenômenos;
e ele é religião quando
aplica o resultado da
interpretação filosófica
à conduta do homem na
Terra e na vida
espiritual, conduzindo-o
a Deus.
Nas comunicações
espíritas por todo o
mundo, as manifestações
do Espírito Santo estão
sempre presentes.”
“Ainda agora a pouco
falamos de Emmanuel...
Emmanuel é um Espírito
santo porque é um
Espírito purificado,
elevado, e que se coloca
a serviço de Jesus na
Terra, a serviço de Deus
para o esclarecimento
das criaturas humanas,
para a orientação dos
homens. Ele traz a luz
para os homens; a luz
que é difundida nas suas
mensagens, nos seus
livros, nos seus ensinos
e também nas suas
inspirações que ele
transmite mentalmente,
pessoalmente,
diretamente a todas as
mentes que se abrem para
ele, para a percepção do
seu esclarecimento
espiritual. Emmanuel,
como todos os demais
grandes Espíritos
evoluídos, elevados,
purificados, que se
manifestam no meio
espírita, representam
para nós o Espírito
Santo. Da mesma maneira
que nas seitas
religiosas, as mais
diversas, onde houverem
corações puros voltados
para Deus, o Espírito
Santo também se
manifestará...”
Diante das afirmativas
transcritas acima, que
foram enunciadas de
forma tão categórica
pelo professor Herculano
Pires (as quais podem
ser ouvidas na voz
bastante enfática do
próprio Herculano no
Youtube), fica difícil
colocar o professor J.
Herculano Pires como
opositor ao pensamento
doutrinário de Emmanuel.
Muitos confrades alegam
que Herculano era
alinhado com Emmanuel no
início da sua trajetória
no trabalho espírita,
mas que com o passar dos
anos e o aprofundamento
dos estudos acabou
tornando-se crítico de
Emmanuel. Também é
bastante improvável essa
hipótese. A resposta de
Herculano, transcrita no
presente texto, foi
enunciada no final de
1972 (2 de dezembro de
1972), em um programa
que durou de 1971 a 1974
e Herculano desencarnou
no início de 1979 (9 de
março de 1979).
Portanto, ele teria que
apresentar uma drástica
mudança de pensamento
doutrinário no fim de
sua vida física para
justificar tão abrupta e
radical alteração de
opinião. Vale registrar
que a obra “Chico Xavier
Pede Licença” de autoria
de Chico Xavier,
Herculano Pires e
Espíritos diversos foi o
primeiro livro da
parceria entre Chico
Xavier e Herculano e que
foi publicado em 1972.
Herculano afirma sobre
esse livro: (...) Tenho
mesmo ainda agora um
livro publicado
conjuntamente com Chico
Xavier, que é o livro
‘Chico Xavier Pede
Licença’, em que eu
comento numerosas
mensagens de Emmanuel,
explicando-as e
aprovando-as
inteiramente (grifos
meus). No ano seguinte,
em 1973, Chico e
Herculano publicam um
segundo livro dessa
parceira que é
intitulado “Na Era do
Espírito”. Em 1974,
Chico e Herculano
publicam o terceiro e o
quarto livro da
colaboração entre ambos:
“Astronautas do Além” e
“Diálogo dos Vivos”. Os
quatro livros citados
seguem o mesmo estilo de
estruturação dos
capítulos e nada faz
supor que até 1974
Herculano tenha mudado
qualquer opinião sobre
Emmanuel. Portanto, esse
“(...) explicando-as e
aprovando-as
inteiramente...” muito
provavelmente podem
também ser estendido ao
conteúdo dos livros “Na
Era do Espírito” de 1973
e “Astronautas do Além”
e “Diálogo dos Vivos” de
1974.
Em 1975, Herculano e
Chico Xavier publicam o
último livro da parceria
entre ambos e que
recebeu o nome de “Na
hora do Testemunho”.
Nesse livro, o triste
episódio da adulteração
da tradução da obra de
Allan Kardec é
discutido, sendo que os
posicionamentos de
Herculano e Chico, em
corroboração mútua, são
expostos publicamente.
Assim sendo, seria algo
de altamente excepcional
acreditar que nos
últimos quatro anos de
sua vida, Herculano
tenha mudado tão
drasticamente de opinião
sobre Chico Xavier e
Emmanuel, bem como sobre
a obra que a admirável
dupla proporcionou a
nós, encarnados. Se
fôssemos admitir tal
hipótese, teríamos que
dispor de amplo conjunto
de evidências da mudança
do pensamento de
Herculano Pires, que
inevitavelmente teriam
que contemplar obras
escritas e/ou palestras
proferidas pelo próprio
Herculano. Tais
evidências, a priori,
não existem, porque, de
fato, tal mudança não
ocorreu. Não negamos que
Herculano pudesse ter
discordâncias pontuais
sobre a obra de Chico
Xavier e Emmanuel, mas
daí a caracterizar o
pensamento majoritário
de Herculano Pires como
antagonista ao
pensamento majoritário
de Chico Xavier e
Emmanuel vai uma grande
diferença. E essa
opinião é o
posicionamento do
próprio Herculano Pires,
pelo menos no finalzinho
de 1972, como pode ser
notado na passagem a
seguir:
“(...) Eu sou um fã de
Emmanuel! sou um
entusiasta de Emmanuel!
Eu apenas discordei de
uma opinião do Chico
Xavier, no Pinga-Fogo,
sobre a questão dos
bebês de laboratório. A
opinião, ao que parece,
era de Emmanuel. Eu
discordei daquela
opinião. Isto é evidente
que nós podemos
discordar uma vez ou
outra, de uma opinião ou
outra, seja de um
Espírito, seja de uma
pessoa que muito
respeitamos aqui na
Terra. Mas não quer
dizer, e eu não quero
que fique parecendo que
eu vivo discordando de
Emmanuel e que tenho
objeções a Emmanuel.
Pelo contrário...”.
Será que Herculano
mudaria tal radicalmente
de opinião em seus
últimos anos de vida?
Tudo leva a crer que
não.
Em um outro vídeo do
Youtube denominado “O
que pensava Herculano
Pires sobre André
Luiz?”, também obtido a
partir de gravações do
mesmo programa de rádio
(http://www.herculanopires.org.br/nolimiardoamanhã/194-programa87),
Herculano Pires
demonstra aprovar o
conteúdo das obras de
André Luiz e sua
coerência com as obras
de Allan Kardec. E ainda
frisa que comparar André
Luiz com Ramatis, como
fizera o ouvinte que
enviara a respectiva
pergunta, era algo
inadmissível. Nesse
contexto, vale frisar
que, em outro vídeo
intitulado “Herculano
falando sobre cidades
espirituais” ((http://www.herculanopires.org.br/nolimiardoamanhã/201-programa92),
Herculano esclarece que,
em verdade, André Luiz
comenta realidades que
já haviam sido
desveladas nas bases
kardequianas da
Codificação Espírita.
Herculano, realmente,
teria algumas
discordâncias em
relações a determinadas
informações de André
Luiz, o que não quer
dizer que rejeitasse a
majoritária parte de sua
obra, como fica evidente
na voz do próprio
Herculano Pires, no
respectivo vídeo do
Youtube.
Vale lembrar que a obra
de André Luiz é toda ela
prefaciada por Emmanuel.
Tais prefácios
constituem textos de
extraordinário valor
doutrinário e enfatizam
o respeito e até mesmo a
admiração que Emmanuel
tinha pelo trabalho de
André Luiz. Ora, se
Herculano registra com
tamanha ênfase seu apoio
ao pensamento
emmanuelino,
indiretamente seria de
esperar que realmente
respeitasse a
contribuição de André
Luiz, o que, de fato,
ocorria.
Por outro lado,
Herculano Pires fez
críticas ao que ele
próprio chamou de “Andreluizismo”,
o que é completamente
diferente de criticar a
obra de André Luiz. De
fato, fazer críticas ao
Cristianismo não
significa, de forma
nenhuma, criticar Jesus
de Nazaré. Cristianismo
é o movimento que foi
elaborado
pressupostamente baseado
nas ideias básicas de
Jesus, com seus acertos
e erros, coerências e
incoerências em relação
à essência do pensamento
de Jesus. O mesmo
acontece com André Luiz,
que não pode ser
responsabilizado pelas
interpretações
equivocadas e/ou
exageradas que alguns
confrades podem formar a
respeito de suas obras e
da relação de suas obras
com a obra de Allan
Kardec. Atualmente, é
possível encontrar,
inclusive, o chamado “Herculanismo”,
que consiste em uma
leitura radical, e a
nosso ver equivocada,
dos textos de Herculano
Pires, o que obviamente
não corresponde
necessariamente ao
pensamento original de
Herculano.
Dentro desse contexto,
poderíamos citar um
comentário de Divaldo P.
Franco efetuado no
“Encontro com
Dirigentes/Casa
Espírita: Problemas e
Soluções” no Grupo
Espírita Meimei de São
Bernardo do Campo em
fevereiro de 1990.
Divaldo estava
analisando determinadas
interpretações de certos
confrades que
questionavam a prática
dos passes na casa
espírita, pois, segundo
esses confrades, tal
atividade não estaria
respaldada na
Codificação, pelo menos
não nos moldes nos quais
vinham sendo empregados
os passes (na opinião
desses irmãos, voltamos
a afirmar). Divaldo
disse, entre outras
coisas, que tal
procedimento vinha do
Evangelho, pois Jesus
utilizava desse recurso.
E entre outros
comentários a respeito
da questão do
magnetismo/passes e de
sua adequação às
diretrizes espíritas e
ao bom funcionamento do
centro espírita, Divaldo
comentou que alguns
confrades “são mais
kardecistas do que Allan
Kardec, o que consiste
em um grande erro”. De
fato, o Codificador não
“fechou” questão em
diversos tópicos,
deixando para que o
futuro fosse encarregado
de elucidar com mais
clareza alguns
desdobramentos
doutrinários.
Ora, se tal cuidado,
totalmente coerente com
o caráter evolutivo da
Doutrina Espírita, valia
para o Codificador, e o
próprio Allan Kardec
estimulava, podemos
afirmar que vale ainda
mais para todos os
demais grandes
estudiosos e
trabalhadores da
Doutrina Espírita, tais
como Herculano Pires e o
próprio Chico Xavier.
Vale asseverar que as
opiniões de Chico Xavier
e de Emmanuel sobre
Herculano Pires também
sempre foram muito
elevadas. De fato, Chico
afirmava que Emmanuel
tinha que dar a
autorização para todos
os trabalhos de parceria
(coautoria) visando à
elaboração de livros a
partir das mensagens
obtidas pela mediunidade
de Chico Xavier.
Inclusive, em uma
mensagem do livro “Na
hora do Testemunho”,
fica claro que Chico
gostaria que mais livros
dessa coautoria Chico
Xavier/Herculano Pires
fossem elaborados.
Subentende-se que
Emmanuel não permitiria
parcerias que não fossem
realmente enriquecedoras
para os livros da
mediunidade de Chico
Xavier, principalmente
nos moldes nos quais
eram feitos os livros da
coautoria Chico
Xavier/Herculano Pires,
com Herculano comentando
e explicando as
mensagens psicografadas
por Chico.
A obra xavierina e a
própria trajetória de
Chico Xavier, exemplo
extraordinário da
correlação entre
excelência moral pessoal
e grandeza da obra
produzida, não estiveram
isentas de
interpretações muito
divergentes a respeito
da qualidade de seus
legados. Tal realidade
de discrepância acentuou
após a desencarnação de
Chico Xavier, o que
também aconteceu com
Herculano Pires em
relação à sua respectiva
obra pessoal.
A liberdade de
pensamento e a fé
raciocinada são pontos
de honra da Doutrina
Espírita. Mas tais
conquistas não são
facilmente
administradas. Temos um
alto preço a pagar por
essa conquista, a partir
de uma Doutrina que
depende de elevada
maturidade
intelecto-moral-espiritual,
que nem sempre
demonstramos possuir. É
uma tendência bastante
comum e justificável
utilizar de nomes
respeitáveis como
referência para a
construção de nossos
raciocínios e
argumentações. No
entanto, principalmente
em relação àqueles que
não estão mais
encarnados, devemos ter
um cuidado maior na
interpretação de seus
escritos e exposições
orais. Tal medida é
fundamental para que não
corramos o sério risco
de extrapolar
demasiadamente as
interpretações dos
textos dos respectivos
autores, podendo chegar,
até mesmo, a distorcer o
pensamento daqueles a
quem mais respeitamos e
admiramos em termos da
divulgação da Verdade
Libertadora.