Tormentos da
Obsessão
Manoel Philomeno
de Miranda
(Parte 31)
Damos
prosseguimento
ao
estudo metódico
e sequencial do
livro Tormentos
da Obsessão, obra de
autoria de
Manoel Philomeno
de Miranda,
psicografada por
Divaldo P.
Franco
e publicada em 2001.
Questões
preliminares
A. Honório, um
dos internos do
Sanatório,
debatia-se com
desesperação,
como se quisesse
livrar-se de
agressores
invisíveis. Quem
eram esses
agressores?
Honório lutava
contra formas
hediondas que o
ameaçavam e
logravam
atacá-lo, mas,
em verdade,
tratava-se de
formas-pensamento,
que foram
elaboradas por
ele mesmo
durante quase
toda a
existência de
adulto, e de que
não se conseguiu
desembaraçar na
Terra,
continuando no
seu campo mental
após a morte
física. Tão
vívida era a sua
constituição que
adquiriram
existência e
eram nutridas
agora pelo medo
e pelo mecanismo
da consciência
culpada.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
B. Honório era
dominado também
por um Espírito
mentalmente
poderoso. Como
ele se
identificou na
sessão mediúnica
presidida por
Eurípedes
Barsanulfo?
Ele se
apresentou
declarando o
seguinte: “Eu
sou o Senhor dos
vândalos e
perversos. Sou a
chibata que
estimula e que
pune. Sou
Mefistófeles, de
que se utilizou
Goethe, para o
seu Fausto.
Atendo aos
chamados,
inspiro e passo
a comandar
aqueles que se
me afeiçoam e
passam a
dever-me a alma.
Logo se me faz
oportuno,
arrebato-a para
os meus
domínios. Qual é
o problema que
aqui se
delineia,
exigindo minha
presença? Venho
espontaneamente,
bem se vê, a fim
de inteirar-me
do que se
deseja”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
C. Diante de um
Espírito que se
julgava acima de
tudo e de todos,
que é que
Eurípedes lhe
disse?
Eurípedes lhe
lembrou que na
vida o único
doador real é
Deus, a quem
tudo pertence. O
que parece
pertencer-nos é
de Sua
propriedade,
especialmente no
que diz respeito
ao poder, que no
mundo é sempre
transitório e
vão.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
Texto para
leitura
161.
Honório, uma
vítima de si
mesmo –
Finda a visita a
Gustavo Ribeiro,
Manoel Philomeno
de Miranda
visitou uma
Enfermaria onde
se encontravam
diversos
pacientes: uns
hebetados,
outros agitados,
todos em
lamentável
estado de
desequilíbrio
psíquico. Havia
uma gritaria
infrene,
gargalhadas
ensurdecedoras,
blasfêmias e
vitupérios que
se misturavam ao
choro convulsivo
e aos apelos
comovedores. O
local diferia
pouco das
enfermarias
terrestres,
caracterizada,
porém, pela
limpeza e pelos
cuidados
especiais que
eram dispensados
aos pacientes.
Apesar do
tumulto
reinante, havia
uma psicosfera
de tranquilidade
e de dedicação
ao próximo, que
surpreendia.
Observando os
doentes, ele
notou que cada
um permanecia no
seu mundo,
totalmente
alienado da
realidade
ambiental, das
necessidades do
seu companheiro
de infortúnio,
dos
acontecimentos à
sua volta. Num
dos leitos,
separado dos
demais por um
biombo coberto
de tecido
alvinitente,
encontrava-se um
paciente
desfigurado,
estereótipo do
alucinado. Ele
gritava e
debatia-se com
desesperação,
como se
desejasse
libertar-se de
agressores
invisíveis que o
agoniavam. Ele
lutava contra
formas hediondas
que o ameaçavam
e logravam
atacá-lo. O
diretor
explicou:
“Trata-se de
formas-pensamento,
que foram
elaboradas por
ele mesmo
durante quase
toda a
existência de
adulto, e de que
não se conseguiu
desembaraçar na
Terra,
continuando no
seu campo mental
após a morte
física. Tão
vívida era a sua
constituição que
adquiriram
existência, e
são nutridas
agora pelo medo
e pelo mecanismo
da consciência
culpada”.
Tratava-se do
irmão Honório,
uma vítima
também de si
mesmo, porém com
alguma diferença
em relação a
Gustavo, como
mais tarde
Miranda poderia
constatar.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
162. O
algoz de Honório
se manifesta
– Anestesiado,
Honório foi
levado em
seguida a um
recinto
suavemente
iluminado onde
já se
encontravam
Eurípedes, dona
Maria Modesto e
duas médiuns já
conhecidas de
Miranda. Pairava
no ar dúlcida
vibração de paz,
em razão de o
recinto estar
invadido por
ondas sucessivas
de bem-estar com
quase
imperceptível
melodia
ambiental, que
convidava à
reflexão e à
prece. Após
instalar o
enfermo na cama
que o aguardava,
depois de breves
considerações, o
venerável
Eurípedes orou.
Ao silenciar,
graças à unção
com que
pronunciara cada
palavra da
prece, a
vibração
superior
mantinha-se na
sala, gerando
emoção de paz e
de confiança
ilimitada. Logo
a seguir, Maria
Modesto entrou
em transe
profundo. À
medida que se
lhe alteravam as
formas do rosto,
suave ectoplasma
era
exteriorizado
pelas duas damas
envolvendo a
médium,
auxiliando-lhe a
transfiguração.
O semblante
empalideceu
expressivamente
e a respiração
fez-se-lhe
opressiva,
quando então uma
figura estranha
começou a
blasonar: “Eu
sou o Senhor dos
vândalos e
perversos. Sou a
chibata que
estimula e que
pune. Sou
Mefistófeles, de
que se utilizou
Goethe, para o
seu Fausto.
Atendo aos
chamados,
inspiro e passo
a comandar
aqueles que se
me afeiçoam e
passam a
dever-me a alma.
Logo se me faz
oportuno,
arrebato-a para
os meus
domínios. Qual é
o problema que
aqui se
delineia,
exigindo minha
presença? Venho
espontaneamente,
bem se vê, a fim
de inteirar-me
do que se
deseja”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
163. O
difícil diálogo
com o obsessor
– Eurípedes
respondeu-lhe
com brandura:
“Reconhecemos
todas as
prerrogativas do
amigo que nos
visita, o que
nos constitui um
grande prazer e
uma honra
especial,
recebendo-o com
carinho e muita
fraternidade”. O
diálogo que se
seguiu foi muito
difícil.
Eurípedes
explicou-lhe o
motivo do
encontro, cujo
objeto era
exatamente o
atendimento ao
irmão Honório. A
Entidade,
contudo,
gargalhando
estranhamente,
vociferou:
“Honório é meu,
e o terei pelo
tempo que me
aprouver,
porquanto assim
ele quis, já que
firmou um pacto
comigo para todo
o sempre, a
partir do
momento em que
lhe facultei
desfrutar do
prazer e do
gozo. Como me
desincumbi da
minha parte, ele
terá que
corresponder ao
comprometido”.
Eurípedes
respondeu: “Não
ignoramos que o
enfermo manteve
largos colóquios
mentais com o
amigo. No
entanto, o seu
critério de
razão estava
perturbado pela
insânia de que
já se encontrava
acometido,
embora a
aparente conduta
equilibrada. Ele
preferiu viver o
seu mundo mental
às experiências
dignificadoras
do mundo moral.
Nessa fuga da
realidade,
conectou com o
amigo que se
aproveitou da
sua fraqueza
para
infundir-lhe
ideias falsas e
brindar-lhe
estímulos
perversos, qual
ocorreu com você
próprio em
ocasião
oportuna, quando
se fez vítima de
outrem mais
perverso que o
vem
explorando...” O
Espírito não
gostou do que
ouviu e, em
ruidosa
gargalhada de
mofa, afirmou:
“Eu sou senhor
dos meus atos e
movimento-me na
área que me
agrada, onde sou
respeitado e
temido”. Na
sequência,
disse,
revoltado:
“Dou-me conta
que você não me
conhece. Lamento
que não tenha
informações a
meu respeito,
não obstante
tenho-as muitas
em referência à
sua pessoa. E
porque sei quem
é, não temi
enfrentá-lo,
desejando, neste
momento, medir
forças com o
adversário...”
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.)
164. O
único doador
real é Deus
– Eurípedes
explicou à
Entidade que não
era do seu
interesse medir
forças: “O pouco
de que disponho
não é meu, antes
é-me concedido
por misericórdia
de acréscimo.
Além do mais,
apoiamo-nos no
amor, e com ele
esperamos
encontrar o
recinto de paz e
entendimento
para seguir
juntos na
direção da
Grande Luz”.
Ante tais
palavras, o
Espírito
acentuou com
desdém: “A mim
não me interessa
grande ou
pequena luz. Já
tenho a minha
claridade
essencial,
aquela que me
norteia os
passos. A
questão,
todavia, é
outra. Trata-se
de Honório e
nada mais me
interessa”.
Eurípedes foi
então direto ao
ponto: “Penso
diferente. Creio
que se trata de
você, que se
encontra em
sofrimento que
escamoteia com a
máscara da
indiferença. O
nosso irmão
Honório, que tem
sido sua vítima,
naturalmente
necessita de
libertação, para
que,
posteriormente
você se libere
dos próprios
conflitos”. E,
enquanto o
obsessor
espumava de ira,
acrescentou: “O
único doador
real é Deus, a
quem tudo
pertence. O que
parece
pertencer-nos é
de Sua
propriedade,
especialmente no
que diz respeito
ao poder, que no
mundo é sempre
transitório e
vão. Por um
processo de
afinidade, o
caro
Mefistófeles
estimulou
mentalmente o
descuidado, já
que ambos
navegavam na
faixa da ilusão,
facultando-lhe
experiências
perturbadoras e
doentias que se
lhe fixaram na
mente, gerando
formas psíquicas
que se
condensavam
quando lhes
recorria às
imagens para
deleitar-se na
alucinação que o
assaltava”.
(Tormentos da
Obsessão, cap.
17 – Alucinações
espirituais.) (Continua no
próximo número.)