Em carta publicada nesta
mesma edição, Elaine Faria
escreveu-nos o seguinte:
Gostaria muito de tirar uma
dúvida... Quando estou
repousando, quase dormindo,
acontecem umas coisas comigo
que não sei explicar... vejo
todos que estão à minha
volta, meu marido, filhos
que já estão dormindo, mas
não consigo me mexer ou
falar. Uma vez quando isso
aconteceu, vi meu avô que
havia desencarnado fazia
pouco tempo se aproximando
de mim e fiquei muito
agoniada, porque não
conseguia me mexer e nem
falar nada. Hoje sou
estudiosa e começando a ser
praticante do Espiritismo e
gostaria de saber: esse
fenômeno tem alguma relação
com mediunidade?
Relação com mediunidade,
não. Trata-se de um caso de
emancipação da alma,
fenômeno que é também
conhecido pelo nome de
desdobramento, segundo o
qual a alma, desprendendo-se
de seus laços materiais,
recupera algumas das suas
faculdades de Espírito e
entra mais facilmente em
comunicação com os seres
incorpóreos. Esse estado se
manifesta principalmente nos
casos de sono, sonambulismo
ou êxtase.
No livro Nos Domínios da
Mediunidade, cap. 11,
André Luiz, ao tratar de um
caso de desdobramento, diz
que a pessoa, ao se
emancipar ou desdobrar-se,
ficou com os membros
inteiriçados e imóveis, tal
como se deu com a leitora.
Com efeito, conforme seu
relato, ela não conseguia
mexer-se nem falar. Quando
diz ter visto os filhos que
já dormiam e o avô
desencarnado, é evidente que
não os viu com os olhos do
corpo, mas sim com os olhos
da alma, ou seja, valendo-se
de suas percepções anímicas
que, devido à emancipação ou
desdobramento da alma, podem
ser exercitadas com maior
liberdade e amplitude.
Na questão 407 de O Livro
dos Espíritos, Kardec
pergunta se é necessário que
aconteça o sono completo
para que ocorra a
emancipação da alma. Os
Espíritos respondem:
“Não; basta que os sentidos
entrem em torpor para que o
Espírito recobre a sua
liberdade. Para se emancipar
ele se aproveita de todos os
instantes de trégua que o
corpo lhe concede. Desde que
haja prostração das forças
vitais, o Espírito se
desprende, tornando-se tanto
mais livre, quanto mais
fraco for o corpo”.
O desdobramento pode
ocorrer, portanto, como
fenômeno anímico puro, isto
é, sem interferência ou
componente mediúnico
visível, mas pode se dar
também como parte de uma
atividade mediúnica, por
intervenção de Espíritos
desencarnados. Mas aí
estamos diante de um outro
fenômeno, e não apenas de
emancipação da alma.
Sobre o tema sugerimos à
leitora e demais
interessados que leiam o
artigo intitulado
Sonambulismo não é
desdobramento, de
autoria do confrade Gebaldo
José de Sousa, que tece
observações interessantes
sobre o fenômeno. Publicado
na edição 277 desta revista,
eis o link que remete ao
texto:
http://www.oconsolador.com.br/ano6/277/gebaldo_sousa.html
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